EMPORIO DO EMPRESÁRIO: Crônica de uma crise anunciada

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Atualizado há 9 anos

Alguns até podem julgar como um clichê (e talvez se Gabriel García Marquez visse que estamos e como estamos fazendo uma paródia com o título de sua obra, sentir-se-ia desonrado), mas na verdade gostaria a convidar a todos para uma analise dos números e do histórico a seguir.

Primeiro que quando falamos em crise, obviamente estamos nos referindo à essa que estamos passando no País e, que segundo alguns especialistas, será a maior de todos os tempos. A maior talvez não por tempo, mas por número de pessoas a serem atingidas. Entenda-se como pessoas a serem atingidas aquela camada da sociedade que se convencionou chamar de classe C emergente, que depende de emprego e que vive um momento de falsa sensação de ascensão social. Falsa porque é uma ascensão baseada em crédito (que permite acesso a estudo e lazer de qualidade duvidosa e à compra de alguns poucos bens de consumo e mais poucos ainda, duráveis) e não num crescimento sustentável que gera receita e estabilidade. Porém essa falsa sensação acaba quando se perde a condição de sustentar o crédito, ou seja, quando se perde o emprego. A classe A pode até sentir a crise, mas pouco lhe afeta, as D e E, nem sentem e pouco sabem o que pode ser uma crise, pois seus caminhos já são precários, e a classe B em sua maioria é formada de profissionais liberais e funcionários de alto escalão, alguns poucos sentem a crise, a maioria, não.

Segundo que se previa que essa crise viesse a ocorrer pois, por falta de uma agenda, um planejamento gerencial, algumas medidas de ajuste e correção estrutural deveriam haver sido realizadas. Tarefas como reforma tributária, reforma fiscal, investimento em educação, investimento em infraestrutura deixaram de ser realizados. Houve uma bonança momentânea e passageira que caso se houvesse aproveitado e as medidas corretivas necessárias houvessem sido tomadas hoje haveríamos resolvido o que temos que amargar neste momento. Como foi o caso da China, da Coréia do Sul, do Chile, do Japão, que sabiam onde queriam chegar e que “ajustes” eram necessários…

Terceiro que a economia já vinha demonstrando desaceleração nos últimos 4 anos, conforme se demonstra no gráfico ???.

Mas em qualquer ramo de negócio, se os números demonstram que há uma queda de faturamento ou de produção, ou de produtividade, ou de receita, do que quer que seja, há que se tomar medidas corretivas. E quais as medidas corretivas concretas foram verificadas?

O grave problema desta crise é que as medidas corretivas, como o governo convencionou chamar de ajuste fiscal, são medidas recessivas, ou seja, não nos direcionarão novamente ao crescimento, pelo contrário, continuam nos direcionando a uma crise. Por exemplo, se o consumo está baixo devemos incentivá-lo e uma das formas de incentiva-lo é facilitar o acesso ao crédito através de redução de alíquotas de juros. E o que é que o governo fez?

Na verdade, o que podemos concluir é que nem o sucesso e nem o fracasso vêm por acaso, eles são apenas consequências.

Alvaro Concha é consultor de empresas

(alvaroconcha@gmail.com)