Espaço Cultural: Primeiro Natal

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Atualizado há 3 anos

Chegamos aos últimos dias de um ano que entrou pé ante pé para mudar nossa vida quanto aos hábitos e costumes.

Deixamos o bater pernas pelas ruas, encontrar amigos, para entrar no mundo, ainda pouco meu conhecido da tecnologia, na popularização das redes sociais para nos unirmos através das telas e entender que ficar perto é estar nas lembranças e juntos pelo coração.

Ano que passou voando, frequentemente levando a viagens pela leitura, coisa rara porque sempre faltava tempo. Fato compensador neste ano de 2020, quando uma pandemia já dura o tempo de uma gestação.

Também compensador por aprendermos a enchergar com novos e muitos pares de olhos aquilo que nos rodeia dia após dia nessa maravilhosa, pródiga e diversificada natureza. Os raios de sol, quais cabelos dourados, a debruçarem-se na linha do horizonte, dando lugar ao brilho da Vesper bordada no manto escuro que aos poucos envolve a terra; os pássaros na madrugada dando asas ao amanhecer com seus gorjeios para logo iniciarem-se construtores de ninhos nas eras e árvores próximas a janela; o vento balançando as folhas da palmeirinha qual leque a refrescar betúnias que crescem em novas cores. A maior conexão com a natureza fica por conta das caminhadas longe do asfalto, nas descobertas possíveis principalmente nos finais de semana.

Nas conversas, o “não tenho tempo” deixou de constar para dar lugar as novenas de súplicas e orações.

Mas as festas natalinas nunca pareceram tão distantes. É um final de ano atípico, mesmo para quem viveu nos anos quarenta o Natal onde os nossos pracinhas defendiam a liberdade na Itália.

No rol de tantas mudanças que ocorrem e a ocorrer preocupa-nos a infância por tanto tempo sem aulas presenciais, as brincadeiras com os amigos. Como reagirão quando tudo passar quanto aos valores que permeiam a sociedade?

É em casa, nossa casa que devemos fazer valer aquilo que aprendemos. Mesmo sem passeios e compras de presentes, sejam preservados os valores do amor, do respeito, do perdão, da paciência e da solidariedade.

Nas festas natalinas, hábitos e costumes possam estar nas casas, mesmo nas mais simples. Uma guirlanda na porta para as boas vindas, a Coroa do Advento com uma nova vela a cada domingo e as preces ao Menino que renasce. Uma toalha na mesa para reunir a família na alegria da confraternização, mesmo que lugares fiquem vazios pela necessidade do afastamento.

Enquanto a data maior da Cristandade não chega, que em cada um esteja o desejo de Boas Festas ao próximo e a inspiração poética e singela para homenagear a criança que vive o seu

PRIMEIRO NATAL

Quero a noite iluminada,
Luz de vela e luz da lua,
Teu sorriso de criança,
Encanto que faz fluir
Alviçareira esperança,
Razão do nosso existir.

Quero casa decorada
Neste seu Natal primeiro.
Você foi muito esperada,
De janeiro ao ano inteiro.
Assim, é o melhor presente
Do nosso Deus Verdadeiro.

Quero você resguardada
De toda e qualquer maldade.
Não perca esse seu encanto,
Doçura da tenra idade,
A chegar, dia após dia
Trazendo serenidade.

Quero ver suas mãozinhas
Junto aos que lhe deram vida,
Pedir ao Jesus Menino.
Embora o mundo a mudar,
Não seja a fé esquecida
Aqui , e em qualquer lugar.