OPINIÃO: Pra não dizer que somos pessimistas

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Atualizado há 9 anos

Ando evitando fazer análises da economia nacional, os motivos são óbvios e somente aqueles que não sabem ler as entrelinhas, discordam. É só analisar alguns índices macroeconômicos que os pelos de qualquer inteligência mediana se arrepiam: inflação, desemprego, confiança do consumidor, estoques, crescimento da indústria, etc…

Mas uma análise não pude deixar de trazer para os leitores, por ser de cunho exclusivamente empresarial. Uma análise de uma empresa séria e incólume como a Moody’s, uma agência de classificação de risco, que conta com um faturamento de US$ 3,3 bilhões, 9.900 funcionários ao redor do mundo e mantém a presença em 33 países, a agência sustenta que o risco de liquidez diminuiu no Brasil no último ano.

O relatório da Moody’s revela que entre as 47 empresas analisadas no estudo, 32%, ou seja, 15 delas tem um elevado risco de liquidez e, como consequência, terão graves dificuldades para quitar suas dívidas em 2015 e 2016. O mais assustador vem agora. No levantamento anterior o índice era de 19%, ou seja, houve um crescimento de pouco menos de 100%. Importante ressaltar que nesse estudo não são avaliadas nem empresas públicas (ou seja, Petrobrás não está incluída), nem os bancos.

Segundo um analista da agência, vários fatores influenciaram para que o risco de liquidez se tornasse elevado. Entre eles citou: a perda da confiança dos consumidores, queda no preço das matérias-primas e a própria dificuldade de acesso ao crédito, maior trunfo do Governo Federal em 2015. Porém deixados os índices macroeconômicos do País de lado, foram considerados alguns índices financeiros das empresas, é claro, como a capacidade de geração de caixa e as linhas de crédito a que tem acesso, além da possibilidade de receber aporte de acionistas.

Como se não bastasse um dos ícones de competência e de recuperação, após o sucateamento que toda empresa estatal está sujeita, a Vale, antiga Vale do Rio Doce, teve a sua nota de crédito rebaixada de estável para negativa. “Embora a Vale tenha diversificado seu alcance geográfico por meio de várias aquisições no Canadá, Austrália e em outras regiões, receita, lucros e fluxo de caixa predominantes continuam sendo originados de suas operações de minério de ferro no Brasil e de sua posição de liderança nos mercados transoceânicos de minério de ferro”, avaliou a agência.

Entre as empresas que tiveram as piores notas estão a ALL, a Oi, a Paranapanema e a rede de Farmácias Brasil Pharma entre outras tão conhecidas do público empresário. Essas empresas sofrem forte pressão para quitação de suas dívidas a curto prazo.

Está difícil ser feliz nos últimos meses.

Alvaro Concha é consultor de empresas

(alvaroconcha@gmail.com)