A pandemia se foi… E agora???

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Atualizado há 4 anos

Inicio afirmando que o mundo não será mais o mesmo, pois nesses poucos meses após ser decretada pandemia mundial pela COVID-19, muita coisa já mudou, avançamos pelo menos uns dez anos no tempo.

A economia brasileira sentiu de imediato esse impacto, obrigando os empresários a terem uma nova visão estratégica, pois o desemprego aumentou consideravelmente. Novas oportunidades surgiram quando os empresários analisaram o sistema e tomaram decisões rápidas e pontuais. Esse novo momento econômico que fechou muitas vagas de empregos, em contrapartida proporcionou novas oportunidades, como o Ecommerce, o comércio eletrônico, que se refere às vendas pela internet.

As empresas devem repensar o negócio antes de partir em definitivo para o online, até mesmo se reinventar de forma colaborativa, criativa, para definir o que vender no pós-pandemia.

As empresas deverão ter a capacidade de atrair os clientes, e os líderes dessas deverão traduzir essa visão em realidade.

Houve um crescimento de 100 mil lojas virtuais entre março e abril de 2020, e criados muitos aplicativos de entrega (delivery). Há nesse ponto um grande desafio: como voltar a trabalhar nas lojas físicas, nos eventos presenciais (cursos e palestras), programas de auditório, etc?

Muitos segmentos começaram a renegociar seus contratos, assumiram suas responsabilidades sociais, em proporcionar tanto aos seus clientes como seus fornecedores, entre outros, uma forma de conceder um fôlego para poderem colocar suas casas e empresas em ordem face o isolamento social decretado pelo Governo.

Sabe-se que essa nova economia será lenta, seletiva e gradual, vai exigir mais de todos. Essas novas regras afetarão o mercado de compra e venda, novos contratos surgirão, terão que recomeçar do zero, de forma muito profissional, por isso os gestores estão buscando cursos de aperfeiçoamento, pois essa nova realidade é dinâmica.

Vemos hoje com o home office, muitos escritórios que estavam em contrato de aluguel, devolveram as salas e começaram a trabalhar em suas residências para minimizar custos.

Devido essas novas estratégias, muitos cursos surgiram para treinar os colaboradores, pois as empresas terão que investir para qualifica-los. Onde antes era considerado custo, atualmente chama-se investimento, pois o mercado estará mais seletivo, e somente os melhores, os mais instruídos e treinados terão real vantagem na retomada dos empregos, principalmente os que gerarão melhores salários.

Mas compreendemos que para muitas empresas a imprevisibilidade da economia é um fator determinante para essa tomada de decisão, pois a retomada será lenta, não linear, com diminuição de renda e havendo a possibilidade da segunda onda da COVID-19.

Diariamente os noticiários demonstram que em muitos locais há um achatamento na curva dos números de casos, mas ainda é lenta, e o enfrentamento é desorganizado, onde houve falhas no combate da primeira onda, como afirmam os especialistas.

O cenário ainda é pessimista, há poucos sinais da retomada da economia e não está sendo refletido em valores, e para muitos, os cenários serão por uns bons tempos ainda pessimistas, por isso toda a Sociedade deverá se adaptar enquanto não tiver uma vacina.

Segundo Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda do Brasil, somente no fim de 2021 haverá um retorno do crescimento econômico no Brasil.

Baseado nisso, no momento da retomada, todos os profissionais devem estar atrelados no mesmo foco, na missão da empresa, imbuídos no mesmo propósito, no reposicionamento no mercado, e o sucesso para muitas dessas será a habilidade de negociar e compreender todo o processo.

Negociar com os clientes, fornecedores, nos salários e comissões, nos turnos de trabalho, pois todos terão que entender que estão na mesma tempestade, mas somente quem tiver os melhores barcos sobreviverá.

As empresas e pessoas devem ser resilientes, terem a capacidade de se adaptar e evoluir após uma adversidade, transformando experiências negativas em aprendizado.

Muitas empresas desapareceram do mercado, outras surgiram, outras se transformaram ou se reinventaram, como exemplo: os restaurantes que passaram a ser também delivery, começaram a entregar comida nas residências, aumentando com isso a demanda dos que prestam esses serviços.

Nesse momento, somente o agronegócio se manteve em condições de competitividade no Brasil, e outra área que virá com força é o da saúde, pois foi visto o quão deficitário se encontra atualmente.

Outra área que estará permeando o processo é a tecnológica, em toda a sua cadeia produtiva, e o mercado que aumentou consideravelmente foi o de instalação de internet, considerado para muitos, como item de sobrevivência. Nesse mesmo prisma, o serviço de streaming que são plataformas digitais frequentemente utilizadas para distribuir conteúdo multimídia através da Internet, como a Netflix.

Falando em internet, não podemos esquecer-nos de falar no uso das redes sociais (linkedin, instagram, facebook, twitter entre outros), que de diversão passaram a ser essenciais nos negócios, pois segundo estudos, uma pessoa em média permanece 9h29min conectados a internet, ou seja, 145 dias inteiros.

Com isso teremos que ter positividade, acreditar no futuro, reinventar se preciso for, mudança no mindset empresarial, onde as ações do Governo serão preponderantes, tais como: empréstimos para aquecer o mercado, maior prazo de carência e financiamento, entre outras ações.

Uma dessas ações que o caos do desemprego gerou, fez com que o Governo concedesse um auxílio emergencial para suprir essa demanda financeira dos mais necessitados e afetados pela crise.

Infelizmente, esse auxílio governamental, que para milhões ajudou de forma pontual e necessária, também é causa de fraudes lamentáveis, milhares de pessoas aproveitaram da situação para sacar indevidamente.

A corrupção começa nessas pequenas atitudes e ações, e o seu pico se dá nas grandes fraudes de empresas e instituições governamentais, como vimos pelos noticiários diários nas compras superfaturas de equipamentos médicos.

Revolta ver grandes quantias de dinheiro ‘sumir’ e tanta gente passando necessidades, por não ser cumprido o mínimo do que preceitua a nossa Constituição Federal.

E não estou falando só dos Governos, mas também dos empresários inescrupulosos que só visam o lucro a qualquer preço, mesmo que esse preço sejam vidas.

Não vou entrar nessa celeuma, porque falar de corrupção, de quem está certo ou errado, quem se aproveitou da situação para enriquecer daria muita visibilidade para quem não merece.

Voltamos a falar do recomeço, ou até mesmo da continuação, como eu disse no início, das novas formas de trabalhar e estudar, como é o caso do home office, do homeschooling, palavras de origem inglesa para designar trabalho e ensino em casa.

O ensino tradicional esta tendo que se adaptar a esse novo modelo de ensino a distância, usando plataformas digitais como meet ou zoom para interagirem com seus alunos, em aulas virtuais. Mas o grande desafio é a busca de metodologias mais ágeis de ensino, entregando diferentes formas de conteúdo, e principalmente atrair a atenção do aluno e também a sua forma de aprender, pois sabemos que uma criança é diferente da outra.

E o ensino a distância total ou de forma hibrida? Diária ou esporádica? E a infraestrutura tecnológica da escola em proporcionar ao professor os elementos necessários para que esse possa desempenhar um bom trabalho, e principalmente a casa do estudante, será que tem o aparato tecnológico necessário? E os professores foram instruídos o suficiente para essa nova metodologia de ensino? Por isso temos certeza que essa pandemia atingiu em cheio a educação no Brasil.

O ensino a distância conhecido como EAD, de cursos superiores a cursos profissionalizantes, pagos ou gratuitos proliferaram. Até mesmo os shows de cantores se adaptaram as lives, onde há captação de recursos através de doação online, leilões virtuais, e vimos que muitos casos de simples violão e cantor para grandes produções com direito a fogos de artifícios e convidados são a nova maneira de atrair o público que hoje se encontra no conforto de suas casas.

Por isso que as ferramentas digitais são tão importantes e necessárias, agregando em muito ao capital intelectual das empresas e organizações.

Ops, lembrei que até as festas juninas tiveram que se adaptar, uma igreja fez drive thru (entrega nos veículos) com vendas antecipadas de ingressos para aquisição de comida típica. Ah, e a volta dos cinemas drive in, sim, não leu errado, vários espaços destinados a esse fim, inclusive missas ocorreram nesse formato, demonstrando claramente que as pessoas estão em busca de novas soluções para não estagnarem no tempo, evitando assim a fechar as suas portas.

Por isso, da palavra crise, tire o s para virar crie.

E falando em formato, não podemos nos esquecer das máscaras de proteção, que viraram item de moda, de grife, das simples brancas a marcas famosas com preços diversos, tais como: ″troco por comida″… Infelizmente, muitas famílias estão passando fome, e obrigadas a se virarem para obter um mínimo necessário para a subsistência.

Estou falando das famílias honestas, que mesmo na dificuldade extrema, não se corromperam ao sistema de quem usa como pretexto para furtar ou roubar. Há sim muita solidariedade, pois não podemos deixar de mencionar, o brasileiro no geral tem bom coração, num sorriso muitas vezes sem dentes, mas que destina o pouco que tem para auxiliar o próximo.

Esse próximo de todas as cores, gêneros, etnias, culturas e posições sociais, pois todos são SERES HUMANOS.

Odeio ler post: racistas, misóginos e preconceituosos que expõe as pessoas ao vexatório. E uma palavra que está em destaque nesse novo cenário é a congruência, que significa a coerência entre os seus atos em relação as suas palavras.

Por quê? Porque diuturnamente vemos famosos e anônimos em suas redes sociais falando uma coisa, pintando-se como bons, mas agem completamente diferentes do que falaram ou escreveram.

Esqueci-me de falar do isolamento ou do distanciamento social, que significa ficar em casa o máximo possível e havendo a necessidade de sair, permanecer no mínimo a um metro e meio de distância. Muitos estão levando a sério, mas infelizmente, uma grande parte da população não se conscientizou, e estão contribuindo para a difusão do vírus, pois não estão praticando nenhum meio de proteção, seja o álcool gel ou hábitos de higiene, nem o uso da máscara e muito menos não ter contato físico.

Convívio social quando voltará? Não temos ideia, pois os países que estão realizando o afrouxamento das medidas em decorrência da pandemia estão colocando inúmeras restrições, para evitar a segunda onda, como já dito anteriormente.

O vírus é mutante, porém as tecnologias e os métodos de pesquisa mundiais estão avançados que acreditamos que logo tenhamos boas notícias, mas, estaremos livres e tranquilos?

E a convivência familiar como está? Nesse tema não podemos deixar de mencionar a violência doméstica, sendo a física ou psicológica, não importa, pois sempre ocorreram e agora ficou evidenciado que aumentou ainda mais devido a quarentena.

Em muitos lares há ingestão de bebidas alcoólicas, consumo de drogas e ainda mais triste, o estupro. Casas de tamanhos minúsculos que abrigam dez ou mais pessoas no seu interior, e muitas com pais violentos ou desleixados que não protegem suas proles.

Voltando ao tema que gerou esse texto: o mundo pós-pandemia para finalizar esse monólogo da madrugada, plagiando um programa matinal: Como será?

Dependência econômica dos Governos ou economia pujante? Fomento da economia com as novas funções ou a falência dos mercados de trabalho? Trabalho formal ou informal? Em casa ou no escritório? Estudando em sala de aula ou online? A internet será cada vez melhor e mais acessível? A volta das aglomerações para compras, diversão ou manifestações?

Estamos na mesma tempestade, mas em barcos diferentes, como mencionei anteriormente, isso é a única certeza, pois uns continuarão em grandes embarcações e outros agarrados a tábuas e isopor.

Há e sempre haverá uma lacuna, uma fenda dividindo a Sociedade. Enquanto não minimizar essa distância, estaremos fadados a ver uma criança no semáforo pedindo comida, ou pior, vendendo o seu corpo, enquanto pessoas olharão com indiferença a essas necessidades, para esses problemas sociais.

É apenas um desabafo de um homem que busca um mundo melhor, talvez utopia, mas não podemos deixar de acreditar que esse pós-pandemia deixará sequelas para vermos todos os dias como somos fracos e por isso temos que nos unir para termos um mundo melhor.

 

Sandro L Moecke

Subtenente PMSC da Reserva Remunerada

Bacharel em Ciências Econômicas e Direito

Especialização em Administração e Desenvolvimento de Pessoas

Palestrante com o tema: Em prol de um trânsito mais seguro

Ex-Comandante do Posto 4 PMRV de Campo Alegre