RETIRO DO EMPRESÁRIO: O Mercosul e suas dificuldades

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Atualizado há 8 anos

Que o Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) está fadado ao fracasso, todos os especialistas da área de comércio exterior e empresários já sabem. Na verdade, fadado ao fracasso enquanto tivermos governantes como estes que temos no Brasil e na Venezuela (atualmente membro do bloco) e que estavam na Argentina. Ao menos os argentinos se viram livres do terror populista pelos próximos 4 anos. Um bloco econômico é uma visão liberal e que tem por premissa de que com o crescimento do mercado a população também deverá melhorar suas condições de vida.

Todos sabemos que quando criado, em 1990, o Mercosul tinha a intenção de chegar a ser um Mercado Comum (e por isso o nome), ou seja, um bloco econômico que permite a livre circulação de mercadorias e de pessoas em seus limites fronteiriços. Assim tanto as mercadorias deveriam circular no interior do bloco com a isenção de tributos (de um estado-membro para outro) como as pessoas (não somente a título de turismo, mas também de trabalho, ou seja, um brasileiro poderia trabalhar na Argentina e recolher previdência social lá, sendo reconhecida aqui também). Além disso, o bloco teria que ter uma política comum para a importação de produtos de fora do bloco, o que tecnicamente se chama de TEC (Tarifa Externa Comum). Pois bem, dois desses passos já foram praticamente realizados:

– A livre circulação de mercadorias – as vezes um dos governos dificulta a entrada de alguma mercadoria em seu território, mas no geral o panorama é positivo;

– A TEC.

Mas, além dos governantes, e por causa deles, existem vários outros empecilhos que dificultam e atravancam o processo de integração na prática. Uma delas é a questão logística. Porém, há várias outras questões a serem melhor trabalhadas no Mercosul. Entre elas podemos citar:

  • Protecionismo – enquanto países como Peru, Chile, Colômbia (todos eles não membros do Mercosul, mas, também, sulamericanos) e Uruguai são totalmente abertos a importação, Venezuela, Brasil, Argentina e Paraguai são muito protecionistas e possuem uma burocracia relevante para produtos importados. Protegem-se assim, empresas obsoletas, que produzem produtos caros, antiquados e com geração de subempregos.
  • Falta de interesse – como a maioria dos governantes dos países do bloco tem visão populista (seu foco é a concessão de benefícios sociais e subsídios), poucos se interessam pelo crescimento comercial de seu país, o que exige uma visão mais pragmática, maior vontade política e menos politização.
  • Carência de recursos técnicos e financeiros – pouco investimento é realizado na integração e poucos profissionais realmente estão preparados para lidar com questões internacionais, em todos os estados-membros do bloco. É o caso que se pode facilmente notar, uma vez que se cruza a fronteira com a Argentina, tendo o cidadão que fazer filas, perdendo tempo desnecessariamente.

Enfim, a verdade é que podemos entender que o Mercosul é uma ideia que foi criada por uma elite intelectual que dirigia os países naquele então e que não é um devaneio (o sucesso da Comunidade Europeia comprova) para governos populistas e de pouca visão administrativa e de futuro.

Alvaro Concha é consultor de empresas

(alvaroconcha@gmail.com)