Famílias atingidas pela cheia do Rio Iguaçu começam a retornar para casa

Semana foi dedicada à limpeza das casas inundadas

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Atualizado há 11 anos

IMG_3165Depois da chuva, vem o sol. O ditado popular bastante conhecido por todos, sofre algumas mudanças nessa época em União da Vitória e Porto União. Depois da chuva, vem a limpeza. Assim está sendo a rotina das várias famílias que deixaram suas casas e se mudaram temporariamente para casas de parentes, amigos ou até mesmo para abrigos públicos cedidos pela prefeitura por conta das cheias do Rio Iguaçu.

Depois de mais de duas semanas morando na casa da cunhada, que mora na parte superior de sua própria casa, Andréia Goya começou, ainda na segunda-feira, 8, a limpeza de sua casa. “Quando a água estava na altura das minhas pernas eu já comecei limpando as paredes com a própria água do rio”, contou Goya.

A casa em que ela mora com o marido e os filhos na Rua Clotário Portugal, no Bairro Navegantes, ficou com aproximadamente um metro de água. “A água subiu até a janela”, conta.

IMG_3152A maioria das coisas foram retiradas com antecedência e levadas para o Salão da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, que fica logo a frente do seu endereço. “A gente é teimosa, sempre acha que vem pouca água. Desta vez meu guarda-roupa, que era bastante grande, estragou”, contou sorrindo a moradora que vive no local há mais de 28 anos. “Toda vez que tem cheia passamos por isso, já estamos acostumados e já conhecemos o rio”, enaltece.

Quando o rio chega a 5,80 metros a água já começa a entrar em sua residência. O salão, que é utilizado como abrigo dos pertences dela e de seus vizinhos, é atingido quando o nível do rio chega a 7,10 metros, o que não aconteceu este ano.

A casa da cunhada

IMG_3155Jussamara Beltrane, cunhada de Andréia, mora na parte superior da casa que tem dois pavimentos. “Esse ano, ficamos em seis, mas já teve épocas que mais de 11 pessoas se abrigaram aqui durante a enchente”, lembra Jussamara.

Normalmente na casa só moram Jussamara e sua tia, mas quando as cheias chegam o dia a dia da pequena família também muda. São colchões espalhados pela casa, roupas, gavetas, armários, até a lenha para o fogão ganha um espaço especial. Afinal, é peça fundamental na hora de secar as roupas.

Ela, que mora no local há mais de 30 anos, também contou passagens da enchente de 1983, que atingiu grande parte da cidade. “Na enchente de 83 um poste caiu sobre a casa, destruiu tudo e as águas levaram o que restou. Ficamos sem nada mais recomeçamos”, relembra.

Na parede ficaram marcas do barco que eles utilizavam para o transporte. “A correnteza era forte e o barco batia na parede e as marcas ficaram”, lembrou Andréia que utilizava a embarcação para sair de casa e levar as crianças até uma escadaria localizada no final da rua para que eles fossem para a escola. “Compramos o bote no ano passado, antes a gente sempre emprestava, agora temos o nosso”, conta ela, que também ressalta que os vizinhos se ajudam e são bastante unidos. “Aqui todo mundo é unido, todo mundo se ajuda”.

IMG_3146Andréia ainda vai levar uns dias para voltar definitivamente para casa. “Vamos terminar de limpar e depois ver se vamos ou não pintar a casa, depois que estiver tudo seco voltamos”, completou ela.

Algumas famílias ainda precisam ficar em abrigos ou casas de parentes até que o Rio Iguaçu volte ao seu nível normal, que é de 2,50 centímetros. O rio começa registrar alagamentos quando chega a 4,00. Às 19 horas desta quarta-feira, 10, o nível do Rio Iguaçu era 5,47.

“A cada ano é um recomeço” finaliza Andréia.