Amigos desenvolvem protótipo de respirador para proteger contra o coronavírus

São seis profissionais envolvidos na elaboração do protótipo; o aparelho apresenta baixo custo se comprado ao modelo convencional. A iniciativa foi tomada em antecipação à possível falta de respiradores no pico da pandemia

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Atualizado há 4 anos

As primeiras notícias sobre o novo coronavírus já em 2019 deixou um grupo de amigos no Vale do Iguaçu em alerta. A preocupação ficou toda voltada para com o próximo e sobre como poderiam cooperar com o sistema de saúde local. Com o anúncio dos primeiros casos confirmados no Brasil, os amigos não cruzaram os braços e conversaram muito – não pessoalmente, mas pelas redes sociais, pois eles seguem a rigor as medidas de proteção para evitar o contágio da doença, como é o caso do Distanciamento Social.

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Amigos que desenvolvem o protótipo em União da Vitória. Da esquerda para direita: Francisco, Irineu, Rafael, Juliana, Eduardo e Carme.

Os moradores estão empenhados, desde o dia 18 de março, no desenvolvimento de um protótipo que substitui as mãos de enfermeiros no uso de respirador manual, também conhecido como ambu, utilizado no tratamento para casos graves da Covid-19.

“Caso a pandemia do novo coronavírus avance e sobrecarregue o sistema de saúde, o aparelho poderá ser uma alternativa. É uma esperança”, comenta Francisco Caznok, porta voz do grupo.

Francisco é da área de Ciência da Computação, estudou programação e robótica e atualmente é fotógrafo e professor de produção audiovisual. É ele quem recebe as ideias e escritos individuais elaborados pelos colegas e posteriormente transfere tudo para uma montagem física do equipamento.

“Eu transformei o meu estúdio em uma oficina e laboratório”, diz.

Francisco faz questão de enaltecer a todo o momento que não está só. O feito acontece por meio de uma equipe e cita Eduardo Ruby, que trabalha com engenharia em metal, Irineu Caznok, que trabalha com engenharia em madeira, Rafael Diego, com programação, Juliana Ruby, com a parte de ideias e conselhos e a Carme Ogrodnik, como enfermeira conselheira.

 Até o momento já foram testados três protótipos de respirador.

“A intenção é ter certeza daquele protótipo que melhor se encaixe para ajudar a população diante do novo coronavírus”.

Francisco explica que no momento trabalham com uma plataforma computadorizada para inserir os valores do respirador, parâmetros como velocidade da respiração por minuto e qual o volume do ar.

“O ambu possui válvulas e pressão necessária para fazer a ventilação pulmonar. Parece simples, mas é bem complicado. Não queremos mostrar nada a ninguém antes de ter uma versão que realmente possa ajudar as pessoas. Estamos testando na prática. Será um acalento a todos nesse momento”.

Filantropia

O projeto dos amigos do Vale do Iguaçu é disponibilizar gratuitamente o respirador para quem necessitar. De acordo com ele, o aparelho apresenta baixo custo se comprado ao modelo convencional. Até o momento foram gastos R$ 3.500 reais.

“Estamos testando tudo, por isso o valor. Porém a ideia é que custo fique em torno de 400 reais”.

“Necessitamos de peças”

A demanda por peças surge conforme o projeto é testado pelos amigos.

A comunidade pode ajudar da doação de componentes eletrônicos, como transistores, potenciômetros, motor de passo e limpador de parabrisa automotivo, motor de vidro automotivo, arduino (que é uma é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa única), módulos de controle de motor arduino, fonte de alimentação e até o próprio ambu. (ver abaixo)

“Começamos com sucata, com o que tínhamos disponível e assim vamos levando”, afirma.


Ambu?

O produto também é conhecido como Reanimador Manual. O equipamento tem finalidade promover a ventilação artificial enviando ar comprimido ou enriquecido de oxigênio para o pulmão. Tais situações requerem da utilização do equipamento: parada respiratória, asfixia, afogamento, infarto e tudo que pode levar o paciente a ter uma parada cardiorrespiratória. Sua utilização é após as compressões torácicas auxiliando na ventilação. O produto é muito utilizado em situações de resgate e primeiros socorros, por ser um item indispensável, ele também é muito utilizado em UTI e salas de emergência.


Pelo mundo …

Muitas pessoas já estão fazendo o mesmo.

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McLaren desenvolve protótipo de respirador para proteger os funcionários que estão na linha de frente contra o coronavírus (Foto: Divulgação)

Os engenheiros da equipe McLaren de Fórmula 1 em parceria com a equipe médica da Universidade de Southampton desenvolveram um protótipo de respirador para proteger os profissionais que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (sistema de saúde com financiamento público) na linha de frente contra o novo coronavírus. O equipamento é formado por um capuz capaz de proteger o usuário de respingos e por um filtro que remove 99,95% das partículas no ar (e ainda oferece ar limpo).