Com auxílio do Governo do Estado, 12 catarinenses retornam da Nova Zelândia

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Atualizado há 4 anos

Caroline (de vermelho) e o filho reencontram a família. Fotos: Julio Cavalheiro / Secom
Caroline (de vermelho) e o filho reencontram a família. Fotos: Julio Cavalheiro / Secom

Depois de três anos morando na Nova Zelândia, o casal Cristian Oliveira e Caroline Rocha e o filho Heitor, de quatro anos, conseguiram voltar para a casa que deixaram em Itajaí. O caminho de volta é encarado como um recomeço perto da família.

“A gente estava inseguro e preocupado, quando surgiu a oportunidade de voltar, não pensamos duas vezes”, contou o carpinteiro que atuava na construção civil. A família queria continuar morando na Nova Zelândia, mas a pandemia mudou os planos, Cristian perdeu o emprego e a situação financeira começou a ficar difícil.

“Agora estamos em casa, vamos avaliar tudo com calma e fazer um novo recomeço. Por enquanto, quero aproveitar a família por perto e saber como eles estão”, disse Caroline. A irmã dela, moradora de Itajaí, foi quem os recebeu. As lágrimas substituíram os beijos e abraços que, em outros tempos, marcariam o reencontro.

A família de Itajaí faz parte do grupo de 12 catarinenses que estavam com dificuldades de sair da Nova Zelândia para voltar a Santa Catarina. Com a ajuda do Governo do Estado, neste sábado, 27, eles conseguiram retornar.

“É uma alegria receber e acolher essas pessoas que estavam passando por dificuldades, numa situação de insegurança e longe do apoio da família. Essa volta para a casa representa esperança e reforça nosso compromisso de cuidar dos catarinenses, especialmente neste momento”, disse o governador Carlos Moisés.

35 horas de viagem

O Governo do Estado enviou um micro-ônibus do Corpo de Bombeiros Militar e outros dois veículos de apoio para buscar os catarinenses em São Paulo. A ação foi intermediada pela Secretaria Executiva de Assuntos Internacionais (SAI) e contou com o apoio de servidores do setor de transportes do Governo, coordenado pela Casa Militar, para fazer a recepção do grupo e translado até Santa Catarina.

No grupo estavam catarinenses de Itajaí, Jaraguá do Sul, Florianópolis, Imbituba, Tubarão, São Joaquim e de Caçador. Todos foram conduzidos até suas casas.

Da Nova Zelândia até Santa Catarina foram pelo menos 35 horas de viagem. Eles vieram em um voo de repatriação que saiu da cidade de Auckland, na Nova Zelândia, até Santiago, no Chile. Para chegar ao Brasil, o grupo pegou outro voo até Guarulhos, em São Paulo.

Por volta das 6h30 deste sábado, 27, os veículos trazendo os catarinenses cruzaram a última divisa para Santa Catarina, pelo município de Garuva, no Norte.

Na divisa entre Paraná e Santa Catarina, mesmo com a chuva fraca, o momento foi de comemoração. Todos desceram do micro-ônibus e agradeceram por estar novamente em solo catarinense.

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Casal foi visitar a filha e estava sem previsão de retorno

O casal Marli Kelbert Silva e Cesar Moacir Silva também viajou com o grupo. Eles ficaram cinco meses na Nova Zelândia, foram para conhecer a neta e ajudar a filha com o bebê recém-nascido.

“Fomos com data marcada para voltar, aí veio o coronavírus e mudou tudo. Não tínhamos nenhuma previsão de retorno e isso nos deixava angustiados. Tínhamos onde ficar lá, mas preocupados com as coisas aqui. Queríamos estar em casa”, declarou o comerciante aposentado de Jaraguá do Sul.

Cesar e Marli voltaram para Jaraguá do Sul
Cesar e Marli voltaram para Jaraguá do Sul

O casal destacou a mobilização do Governo catarinense no auxílio para volta para casa. “Começou lá na Nova Zelândia e terminou aqui, de maneira muito cuidadosa. Isso demonstra a sensibilidade do Governo e do governador Carlos Moisés pelo que estávamos passando. Se sentir acolhido é muito importante nesse momento de retorno ao lar”, agradeceu Cesar.

Ele ainda fez questão de ressaltar que no mesmo voo de repatriação estavam brasileiros de outros estados e que somente Santa Catarina ofereceu apoio e estrutura para o transporte dos repatriados até suas casas.

“Tem gente aqui numa situação financeira muito complicada, esta ação faz toda a diferença, traz segurança e conforto”, acrescentou.

Como o Governo do Estado atuou na repatriação

Assim que foi confirmada a vinda dos catarinenses, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Executiva de Assuntos Internacionais (SAI), estudou cada um dos casos e quais necessidades precisariam ser atendidas para o retorno com segurança até o destino final.

Um dos desafios eram as restrições do transporte coletivo interestadual e, para isso, a SAI contou com o apoio da Casa Militar do Governo de Santa Catarina. A gestora de Relações Internacionais da pasta, Júlia Baranova, lembra que desde meados do mês de março foi criado um plantão de atendimento para catarinenses que estão em outros países e, que por conta da pandemia, encontram dificuldades em voltar para casa.

180 catarinenses repatriados

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Com trabalho e diálogo junto às embaixadas do Brasil em diversos países, já foram repatriados 180 catarinenses. Além do grupo da Nova Zelândia, houve auxílio para catarinenses em Portugal, França, Itália, Estados Unidos, Indonésia, Índia, Argentina, Chile e Bolívia.

A SAI também atua na assistência de catarinenses que estão precisando de cestas básicas, abrigos, medicamentos e alimentos em outros países. “A pandemia agrava ainda mais a situação dessas pessoas que já estão com dificuldades financeiras e abaladas psicologicamente. Nosso papel é ajudá-las. Hoje conseguimos cumprir a missão de garantir que todos chegassem bem em suas casas”, comemorou Júlia.

Governo garantiu transporte

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O ônibus e os dois veículos saíram do Centro Administrativo do Governo do Estado, na manhã de sexta-feira, 26, para buscar os catarinenses em São Paulo. “Nos programamos para estar com antecedência no aeroporto de Guarulhos e preparar uma recepção tranquila para eles”, disse o tenente-coronel BM George de Vargas Ferreira, que coordenou a operação para o transporte dos catarinenses repatriados.

Eles saíram de São Paulo por volta das 23h e a viagem até Santa Catarina durou pouco mais de sete horas. “Preparamos uma logística que garantisse o máximo de zelo e cuidado no transporte”, explicou Ferreira.