FICOU UM VAZIO: “Anjo de olhos azuis que Deus emprestou para esse mundo”

Guilherme Pachesen morre aos 25 anos, vítima de Covid; Familiares de Porto União ainda não conseguem acreditar no ocorrido

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Atualizado há 3 anos

15 dias sem ouvir a sua voz, sem receber uma mensagem ou um pedido seu. São 15 dias sem a sua presença nos almoços de domingo, dos nossos sábados de aventuras e ficar até tarde ouvindo música e assistindo clips antigos. Não ouço mais a sua risada, nem você chamando o meu nome … ‘De’, o ‘De’… aí ‘Denise’. Quanta saudade meu irmão”.

Denise Pachesen Bollmann, nem em seus piores pesadelos, imaginou viver tamanha tristeza, como a ocorrida em março deste ano. A perda do seu querido irmão, Guilherme Pachesen, para Covid-19, deixou uma lacuna irreparável. Natural de Porto União, o jovem de 25 anos não tinha comorbidades. Nas redes sociais, familiares e amigos lastimaram a sua morte e aproveitaram para alertar a população sobre os riscos da doença respiratória; com ele foi mais uma vida interrompida, mais uma família que grita e inúmeros corações que sangram.

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Denise contou a reportagem, que seu irmão manifestou os primeiros sintomas da doença no dia 22 de fevereiro. Ele se queixou de dor de garganta e febre. Guilherme foi orientado a fazer o teste para a Covid-19. O resultado positivo chegou no dia 25.

“Porém, no domingo, dia 28, meu irmão foi diagnosticado com pneumonia em razão da Covid, e começou a decair. Já no dia 4 de março, a *saturação dele caiu, necessitando de internação”.

Guilherme foi *intubado no dia 6 de março, permanecendo com quadro estável.

“O pulmão dele estava prejudicado. Na terça-feira, dia 16, a médica dele me ligou para passar o status do seu quadro clínico, e disse que fariam uma *traqueostomia nele para começar a acordá-lo. Mas, às 6h30, do dia 17 de março, o quadro dele reverteu e se desestabilizou. Os médicos ficaram lutando com ele a manhã toda, até que às 11h30, o pulmão dele entrou em choque e ele nos deixou”, desabafou a irmã.


Mais uma família que chora

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Familiares de Guilherme também realizaram o exame e não foram diagnosticados com a Covid.

“Ele levava uma vida pacata, por isso não conseguimos entender como ele se foi assim”, disse Denise.

Guilherme foi cremado no dia 18 de março e, no dia 2 de abril, a família depositou as cinzas em um local tranquilo em uma cerimônia restrita.

“Meus pais optaram por não fazer velório e nem cerimônia. Não quiseram ter a última lembrança do filho em um caixão lacrado”.


Anjo de olhos azuis

“Ele foi um anjo que Deus emprestou para esse mundo e a nossa família no dia 2 de junho de 1995”, afirma Denise.

Filho de Ana Rita e Gregório, irmão caçula de Denise e Fernanda, e tio da Marissa, sobrinha da qual cuidou com muito amor. Foi aluno do Colégio Santos Anjos e do Colégio Técnico de União da Vitória (Coltec), cursou Informática de Gestão no Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv). Guilherme sempre gostou de computadores e tecnologia.

Trabalhou na Polícia Militar de Porto União, como agente temporário no setor administrativo e informática, no período de 2014-2018.

“Sendo que, em 2018, pela primeira vez, foi para longe de casa, na busca de ampliar seus conhecimentos e passou por um período de 45 dias em São Paulo, estudando através de bolsa de estudos, o qual tirou a sua primeira Certificação em Segurança Digital pela Trend Micro. Em março daquele ano, retornou para Curitiba, onde passou a morar com a minha família, meu esposo e minha filha”.

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Em Curitiba, Guilherme iniciou a sua carreira profissional na empresa Softwall. Era um menino de sorriso tímido, porém de convivência fácil, com vários amigos por onde passava, sendo que um deles, o indicou para trabalhar na Cipher, empresa terceirizada que faz segurança do Grupo Boticário.

“Então em julho de 2019, iniciou o seu vínculo com a empresa onde permaneceu”.

Era amante de boa música e instrumentos.

“Arranhava um violão, sabia tocar violino, se arriscava no teclado e também gostava de percussão. Era mágico vê-lo ouvir música, reconhecia as batidas instrumentais e seu coração parecia bater no compasso do que estava tocando. Era absorvido pela melodia”, relata a irmã.

Também gostava de cozinhar e trabalhar com massas, se aventurar em montar algumas pizzas e uma boa lasanha.

“Em Curitiba, ele gostava de passear nos shoppings e aproveitar boa comida, porém tinha alguns lugares especiais em seu coração, onde gostava de passar momentos com a Isa, moça de sorriso meigo, que conquistou o seu coração, como a Praça das Nações no Alto da XV, para ver o pôr do sol e a Praça do Japão, onde gostavam de se encontrar para observar, jogar conversa fora, e como eles diziam: ficar lá, fazendo nada, e que agora também fica com a saudade da ‘pessoinha’ especial que ele foi em sua vida”.  

“Ele tinha muitos desejos e planos, os quais no dia 17 de março, nos seus 25 anos, foram mudados por Deus, que resolveu chamar para perto dele novamente; o nosso anjo, deixando um vazio enorme e uma saudade que será eterna. Te amaremos para sempre! ”, acrescentou Denise, em nome da família


Nos ajude a contar a história daqueles que amamos, e que acabaram perdendo a batalha contra a Covid-19.

São pessoas nossas, da nossa terra.

Queremos eternizar a memória daqueles que um dia foram tão importantes.