LUTO: “Meu porto seguro, o amor da minha vida foi brilhar do outro lado”

João Luis de Paula, o Jairão faleceu no dia 19 de março por complicações da Covid-19. No coração dos familiares e amigos deixa o legado de amor e companheirismo

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Atualizado há 3 anos

Era um atleta extraordinário, amigo de todos de uma simplicidade sem igual. Mas para nós, sua família, era o melhor avô, o melhor pai e o amor da minha vida. Não tinha vergonha de demonstrar seus sentimentos. Era sensível com todos. Nós chorava de alegria. Ele era nosso Papai Noel no Natal,   com presente e com uma palavra para cada um nos nossos amigo secreto


Vivendo a dor da perda de seu amor, Odila narra a trajetória de seu marido, João Luis de Paula, mais conhecido como Jairão. Ele foi mais uma vida que virou estatística da Covid-19. Jairão perdeu a batalha para a doença no dia 19 de março,  aos 63 anos. Permaneceu 15 dias internado. Sua precoce e repentina partida interrompeu uma vida marcada por companheirismo em familia e dedicação ao esporte.

Filho do militar João Luiz de Paula e da dona de casa Nair, a qual era sua maior fã, Jairão  era natural de Curitiba, mas aos 15 anos veio morar no Vale do Iguaçu e consolidou sua história. Formou sua família, agregou amigos e contribui para desenvolvimento do esporte local.

Atuou como jogador de futebol profissional no Iguaçu, Pinheiros, Novo Hamburgo, Paissandu de Brusque e Canoinhas.

Arquivo Pessoal
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Mas, nos últimos anos se transformou no batalhador do Aeroporto, tradicional equipe do futebol amador de União da Vitória, com presença frequente nas edições do Campeonato Varzeano, em São Cristóvão.

Durante 10 anos manteve uma escolinha no bairro São Cristóvão aonde mudou a vida de diversos jovens, muitos que o chamam de segundo pai ou até mesmo a imagem paterna.

Sua luta pelo esporte era reconhecida por todos do meio. Jairão chegava ir de casa em casa dos atletas para entregar o uniforme e mobilizá-los para as competições.

Arquivo Pessoal
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Marido de Odila, pai de Talita, Robson e João. Avô dos gêmeos Heric e Hericson, de Eduarda, Gustavo e Isabela.

“Era um atleta  extraordinário  amigo de todos de uma simplicidade  sem igual”, lembra Odila.

Jairão era pagodeiro. Sempre que tinha um “pagodinho” e ouvia uma música que o agradava, anotava em um papel o nome para não esquecer. Colecionou diversas amizades, com carisma e sua personalidade forte.


38 anos de amor

Arquivo Pessoal
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Poucos dias depois da sua morte, Jairo e Odila completariam 38 anos de casados. A história do casal começou na época que a Sede em São Cristóvão era o ponto de encontro dos jovens.

“Todos os jovens costumavam ir para a sede aos domingos para dançar. E sempre depois do jogo do Iguaçu ele estava lá e dançávamos. Ele me levava para casa. Mas nada de compromisso. Eu estudava a noite no Colégio São Cristóvão e no fim da aula lá estava ele na lanchonete que ficava em frente ao Colégio. Me levava para casa e foi virando um namoro. Ele era muito gentil e cavalheiro. Me fazia eu me sentir a melhor pessoa do mundo. Ai a minha mãe viu que estava ficando sério e falou que não queria o namoro. A noite ele foi me buscar no Colégio e eu falei para ele  o que minha mãe havia dito. E ele falou que iria me roubar. Não tínhamos planos de casamento, então ele pegou na minha mão e falou: vamos para a minha casa. E eu fui. Casamos,  fomos  construindo um lar e depois uma família e nos tornamos cúmplices. Ele falava que ele era a cabeça  do casal mas eu era o pescoço o que da sustentação para todos. Foram 38 anos de amor, parceria e agora esse vazio, essa falta de chão”.  

 


Homenagem

 Jairão recebeu homenagem  grupo do Aeroporto, tradicional time amador de futebol e do Máster Iguaçu. Denizart Dulz, um dos líderes do Aeroporto apresentou a Sidnei Cieslak do Master Iguaçu, a ideia de uma homenagem ao Jairão. Após algumas conversas, foi desenvolvida uma camisa em lembrança do amigo. Na parte da frente da camisa uma foto de Jairo e os escudos dos times que tinha grande identificação. Na parte das costas, a oração ‘A morte não é nada’ de Santo Agostinho.

“Conhecia o Jairo desde o fim da década de 70, tínhamos uma grande amizade, senti muito seu falecimento”, disse Cieslak.

A ideia não é utilizar a camisa para jogos, mas, para amigos e admiradores de Jairão manterem sua  memoria.

Arquivo Pessoal
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Nos ajude a contar a história daqueles que amamos, e que acabaram perdendo a batalha contra a Covid-19.
São pessoas nossas, da nossa terra.
Queremos eternizar a memória daqueles que um dia foram tão importantes.

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