O que mudou nos restaurantes, bares e deliverys no Vale do Iguaçu

Responsáveis pelos estabelecimentos contaram como andam os seus negócios

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Atualizado há 3 anos

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Dos mais de um milhão de bares e restaurantes que existem no Brasil, aproximadamente 250 mil fecharam as portas de vez por causa da pandemia do coronavírus, de acordo com uma pesquisa feita em 2020 pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

No entanto, também em 2021, não tem sido fácil para o setor alimentício. A crise da Covid-19 atingiu diretamente restaurantes e bares e restringiu a população de frequentar tais ambientes.

Pensando nisso, o Comércio abordou proprietários e gerentes de alguns bares, restaurantes e cafés do Vale do Iguaçu que disseram que nada será igual depois da pandemia da Covid; acreditam que tudo vai mudar na sociedade, na economia e na vida cotidiana no mundo inteiro. Para a maioria, alguns hábitos antigos serão retomados, mas outros sofrerão alterações profundas. O objetivo a partir de agora é buscar alternativas para atrair o consumidor e garantir segurança a ele.

 


DO INÍCIO DA PANDEMIA ATÉ AGORA

COMO ESTÃO OS BARES, RESTAURANTES E CAFÉS DO VALE DO IGUAÇU?

 

 

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 “Tudo vai melhorar se Deus quiser”

 Luís Fernando Guidini, proprietário do X Burger Restaurante, conta que o estabelecimento fechou as portas por 20 dias em março do ano passado. Desde então, a presença de público no local teve redução de 50%. Conta ele que foram adotadas todas as medidas sanitárias para evitar a propagação do vírus, como a utilização de luvas para o buffet, higienização das mãos com álcool gel e a utilização de máscaras (enquanto a pessoa estiver se alimentando ou ingerindo líquidos, não será exigida sua obrigatoriedade). “Estudamos os protocolos de segurança e estamos preparados. Tudo vai melhorar se Deus quiser”.

O estabelecimento conta com dez funcionários, sem a necessidade de demissão, até o momento. O atendimento teve alterações de horários, sendo das 10h às 14h e das 18h às 23h, conforme o toque de recolher.

Segundo Luís, a fiscalização não esteve no local, porém a Polícia Militar faz rondas diariamente.


“Ainda não recuperamos o movimento”

 Mariane Gaspari Golh, proprietária da Choperia 310, afirma que em meio a tantas preocupações em razão da pandemia, também esteve correu o risco de perder os produtos perecíveis. O estabelecimento fechou as portas por uma semana em março. Segundo ela, o movimento segue lento e acredita que as pessoas ainda têm muito medo de sair. “Nós ainda não recuperamos o movimento e tenho medo que as coisas piorem”. Mariane disse que o estabelecimento, mesmo antes da pandemia, já havia adotado medidas sanitárias. Dos 15 colaboradores, três deles foram dispensados no período.

O estabelecimento sofreu fiscalização em julho e agosto do ano passado e em fevereiro deste ano, por ultrapassar o horário estabelecido pelo toque de recolher (das 23h às 5h). “O movimento é maior depois das 22 horas e o espaço é grande. Desde então, encerramos os pedidos da cozinha uma hora antes do fechamento e às 23 horas fechamos o portão para que ninguém ultrapasse o horário estabelecido”.


“Sem expectativa; não sabemos quando a pandemia vai acabar”

Conforme Dayana Freyesleben, proprietária do Filomena Gastronomia e da Pizzaria Mamma Mia, o movimento caiu já no início da pandemia. Segundo ela, o local segue com rigidez ao protocolo sanitário de combate a Covid-19. O estabelecimento fechou em março do ano passado por uma semana e deu continuidade ao serviço de serviço de delivery (entrega da refeição comprada pelo cliente através de aplicativos diretamente em suas casas). “Temos notado que a presença das pessoas de mais idades ainda é baixa”. Somando os dois estabelecimentos atualmente são 35 colaboradores; destes 15 pediram afastamento por decisão própria, sendo substituídos.

Segundo ela, a fiscalização nos locais aconteceu em março para verificação do protocolo sanitário.


“Faturamento caiu 90%”

De acordo com Gionei Fhynbeen, proprietário do Contestado Bar, de imediato o faturamento caiu 90%. O foco do estabelecimento é o público noturno, e que em razão da pandemia foi alterado para o diurno. “Passamos a produzir marmitas e almoços”, diz.

O bar começava a funcionar às 7h com café da manhã e fechava meia noite, eram quatro equipes de três pessoas trabalhando em turnos, porém com o primeiro fechamento por conta da pandemia todos foram dispensados. “Hoje contamos com dois colaboradores e o bar abre de quarta-feira à sábado, somente a noite”, explica. O estabelecimento reduziu a capacidade de atendimento pela metade, sendo que na ‘pré-pandemia’ trabalhavam com a capacidade de 80 pessoas. Atualmente são 40. “As expectativas não são as melhores, não cremos que em menos de um ano teremos melhoras. Infelizmente a economia nacional, que já não vinha ‘bem das pernas’, sofreu mais um forte impacto, por mais que 100% da população esteja vacinada em um ano, a economia não se recuperará em 365 dias”.

O bar passou por uma vistoria dos órgãos fiscalizadores em abril, e outra agora no dia 29 de janeiro. “Os decretos por conta da Covid foram e ainda são muito vagos; estão à mercê da interpretação dos fiscais, agentes públicos e policiais militares, mas notamos também que em algumas situações faltou bom senso”, diz.


“Delivery nos salvou”

Luciano Dal’bo, proprietário do Dal Bó Pizzaria e Restaurante, afirma que a pandemia afetou bastante o estabelecimento, em especial durante fechamento por 15 dias, logo no começo dos casos da Covid no cenário nacional. Conforme as instruções em como agir e proceder com os devidos cuidados, o estabelecimento reabriu.  “Mas os clientes não vieram; movimento foi baixo”. Diz que o que salvou o trabalho realizado há 30 anos foi o Delivery, que resgatou em 30% o movimento normal. “Tive que tomar muitas decisões. As contas chegando e tudo parecia que iria piorar. Porém, devido a experiência de várias crises que já passamos botei a cabeça para pensar; renegociamos o pagamento de contas”.

Disse que o mais importante no período foi manter a equipe de colaboradores e com a ajuda do Governo Federal reduziram em 50% os salários e renegociaram as contas atrasadas com fornecedores; apenas uma pessoa foi dispensada; assim foram mantidos os 26 colaboradores. “Tão logo os freelances que trabalham a noite também retornarão; aí sim serão 34 colaboradores”.

Luciano disse que as medidas sanitárias viraram rotina e o local contou com fiscalização no mês de abril para adequação do horário de funcionamento, atendendo o toque de recolher.


Pandemia foi um baque”

Airton Bernardo Roveda Filho, proprietário no Restaurante Le Copain Gastro & Co, disse que a pandemia foi um baque para ele e seus funcionários. Ele recém havia inaugurado o espaço e perto de completar um ano e dois meses de seu funcionamento, disse que muitos ainda nem chegaram a conhecer o local. A aposta do empresário também ficou por conta do delivery.

O estabelecimento iniciou com 12 colaboradores e que durante a pandemia foi reduzido para seis. “Adotamos todas as medidas de segurança; o espaço é amplo e mantemos o distanciamento entre as mesas; além da utilização de dois terços de sua capacidade. Queremos que o mundo volte ao normal”.

Conta ele que os fiscais estiveram no local no início da pandemia, com intuito de orientação.


“Adoção do Delivery”

Jefiffer da Silva, responsável pela Soy Gelados Sorveteria,  afirma que no começo da pandemia o movimento diminuiu bastante. A empresa fechou as portas por dois meses. Optaram então pela adoção do Delivery e sem consumo no local. Até agora não houveram demissões, porém ocorreu o afastamento de oito pessoas que fazem parte do grupo de risco.

Segundo ela, não teve fiscalização no local até o momento.


“Empreendimento inaugurou após data prevista”

Diego Lunelli, proprietário do Calzoon,  lembra que a franquia em União da Vitória iniciou em fevereiro desde ano. A abertura prevista para outubro do ano passado foi adiada por conta da pandemia. “Expectativa ainda aquém; mas ao mesmo tempo acreditamos que será uma novidade à população”.

A empresa tem a opção delivery e consumo no local. Até agora não houveram demissões. São três colaboradores. “Expectativa é positiva”.

O proprietário confirma que até o momento o local não recebeu a fiscalização.


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“Principais fiscais de combate a Covid somos nós”

A proprietária do Mirante Grill, Bárbara Bertoletti, acredita que o retorno do movimento será gradativo. Conta que em março ficaram cinco semanas de portas fechadas. No entanto, admite que muitas das medidas sanitárias já vinham sendo adotadas pela empresa, muito antes da pandemia, como luvas para o buffet e utilização do álcool 70% nas mesas. O estabelecimento não possui estrutura para delivery.

Conta ela, que de segunda a sexta-feira o movimento no local teve aumento e é focado para reuniões de negócios; já nos fins de semana para famílias e amigos.

Dos 16 colaboradores, três deles foram dispensados. “Seguramos a equipe ao máximo com férias coletivas e auxílio emergencial”.

O espaço sempre foi direcionado para eventos, que foram – ou cancelados ou transferidos, no ano passado. “Não tem como pensar em voltar como era antes, tudo será uma questão de adaptação. Não devemos criar expectativa, mas aprender a viver dessa maneira. O que mais preocupa é impacto econômico dos alimentos”.

Como proprietária e nutricionista acredita que as preocupações com as medidas sanitárias devem sempre acontecer, sem a necessidade de uma fiscalização. “Principais fiscais de combate a Covid somos nós”.

De acordo com ela, o local contou com a presença de um policial no ano passado que repassou as orientações sobre a reabertura dos estabelecimentos.


“Pandemia afetou bem no coração dos bares e restaurantes das cidades”

Luiz Eduardo Shappo, proprietário da Suprema Pizzaria, disse que o estabelecimento ficou sem atendimento no período de 18 de março a 22 de abril.  Segundo ele, a pandemia afetou de maneira grave, bem no coração dos bares e restaurantes das cidades. Durante dois meses, o estabelecimento atendeu somente com Delivery. “Fomos um dos primeiros estabelecimentos do Vale do Iguaçu a reabrir as portas no período. O movimento ainda não voltou ao normal”.

Luiz Eduardo conta com 60 colocadores entre a Suprema Pizzaria, Café Cruzeiro, na praça Coronel Amazonas em União da Vitória e uma pizzaria em Balneário Camboriú – que fechou as portas em dezembro do ano passado por conta da pandemia. “Não demitimos ninguém; o compromisso da empresa é com os colaboradores. Montamos uma força tarefa no Delivery, onde os garçons fizeram as entregas para mantermos a equipe”. Além disso, a empresa fez a doação de pizzas no início da pandemia para a equipe da linha de frente da Covid-19.

Conta ele que a empresa se prontificou a aprender e correr atrás das medidas sanitárias aos funcionários e ao público. Participaram de um curso oferecido pelo Sebrae de Conduta Segura para bares e restaurantes na prevenção da Covid-19. “A pandemia não acabou, no entanto, o Brasil precisa recuperar o ano perdido economicamente”.

Segundo ele, a Suprema conta com fiscalização desde o início da pandemia. Uma das medidas encontradas para melhor acomodar o público e manter o distanciamento, foi a locação de uma sala anexa a pizzaria.


“Serão mais quatro meses para a recuperação econômica”

Marcelo Agustini, proprietário da Essencial Bar e Cozinha, disse que o empreendimento recém-inaugurado – em 12 de fevereiro de 2020 – necessitou fechar as portas pelo período de 30 dias. Ainda sem parâmetro de público, também apostou no Delivery para recuperar as vendas. O consumo no local foi retomado em agosto do ano passado.

Dos sete colaboradores iniciais, atualmente quatro seguem no estabelecimento. “Pensamos no melhor, mas acredito que serão mais quatro meses para a recuperação econômica”.

Até agora, o estabelecimento não contou com fiscalização.


“Queremos voltar o mais próximo do normal”

De acordo com Ronnie Marcos Lorena Junior, sócio do Sukus, o estabelecimento recebeu os fiscais por diversas vezes, e justifica que é difícil controlar o distanciamento social, mas que a empresa faz o possível. “Queremos voltar o mais próximo do normal; esperamos que com a vacina isso aconteça e a pandemia enfraqueça”.

 


Fiscalização no Vale do Iguaçu

Acontece desde o ano passado para constatar o cumprimento dos protocolos sanitários em razão da Covid-19. No Vale do Iguaçu, a ação é realizada por equipe da prefeitura com apoio da Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária Municipal, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, baseados em estratégias da ação e fiscalização. O principal alvo são os estabelecimentos que concentram grande número de consumidores e eventualmente aqueles que desrespeitam as medidas sanitárias.

Os estabelecimentos flagrados em conduta irregular das normas e que já tenham sido notificados em fiscalizações anteriores, poderão sofrer punições que vão de multa a interdição. Até então, somente em União da Vitória isso foi registrado.

Os fiscais – durante a inspeção – conferem a aplicação das medidas de prevenção ao coronavírus. Autorizados a funcionar, os estabelecimentos precisam seguir uma série de regras, como distanciamento entre as pessoas e oferta de álcool em gel.

Procurados pela reportagem, as equipes de fiscalização disseram que as medidas de combate ao coronavírus seguem essenciais para evitar o avanço mais acelerado da doença.

Os proprietários precisaram estar atentos as medidas em decreto municipal sobre o funcionamento dos estabelecimentos, o que ocorreu no segundo semestre de 2020, assim como garantir o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre clientes de mesas diferentes. É recomendável manter a opção de mesas em espaços com ventilação natural e se houver fila na área externa ao estabelecimento, orientar os clientes de forma a evitar aglomeração.

Em Porto União, a fiscalização começou em 6 de agosto de 2020, com uma equipe de 15 pessoas; atualmente são nove fiscais divididos em três turnos.

Até o dia 18, foram enviadas 161 orientações e nenhuma interdição; dois supermercados, duas autoescolas, dois bares e um colégio foram notificados.

A equipe de Porto União recebeu diversas denúncias as quais foram averiguadas e aconteceram em residências e estabelecimentos comerciais; porém segundo ele, houve diálogo e não foi preciso intervenção policial.

Do lado paranaense, em União da Vitória, as ações iniciaram em abril de 2020. Conforme dados até o dia 18, foram fiscalizados e orientados 296 estabelecimentos comerciais; 83 notificações e 12 multas para pessoas jurídicas e dez para pessoas físicas; interdição de dez estabelecimentos, sendo dois supermercados e oito bares/restaurantes.

O trabalho conta com atualmente com 15 fiscais. Em um primeiro momento, foram feitas visitas de fiscalização e orientação sobre os decretos relativos a Covid, bem como quanto ao uso de álcool em gel, máscaras e distanciamento social.

As abordagens durante a noite são acompanhadas pela Polícia Militar.

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