VACINA: Doses de esperança

Brasil celebra dia histórico com início da vacinação contra o coronavírus

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Atualizado há 3 anos

Não poderia ser diferente. O assunto mais comentado nas últimas horas é a vacinação contra a Covid-19.

Por unanimidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no domingo, 17, o uso emergencial da Coronavac e da vacina fabricada pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. Oficialmente, a vacinação começaria hoje, 19, mas o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, autorizou que os governadores iniciassem a imunização com a Coronavac ontem, 18. O Estado de São Paulo, por exemplo, imunizou no domingo, a primeira brasileira, minutos após a Anvisa liberar o uso emergencial da vacina.

primeira vacinada
(Reprodução)

Segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello – durante coletiva de imprensa – reforçou que neste primeiro momento, serão vacinados profissionais de saúde, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, como asilos e instituições psiquiátricas, e a população indígena vivendo em terras indígenas. Destacou, ainda, que os cuidados com uso de máscara e álcool em gel não podem ser deixados de lado. “A vacina não determina o fim das medidas protetivas contra a Covid”, disse.

O Brasil dispõe de seis milhões de doses da Coronavac. Outros dois milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia estão com a compra acertada pelo Ministério da Saúde, mas ainda sem data para chegar ao Brasil. Além disso, o aval da Anvisa só vale para essas oito milhões de doses, mas não para as demais a serem produzidas já no Brasil.


Coronavac X Oxford

No Brasil, a Coronavac é desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, do Governo de São Paulo, já a vacina britânica, fabricada pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Estudos publicados na revista científica The Lancet mostraram que ambas as vacinas são seguras, o que foi confirmado pela Anvisa.

Mesmo sendo indicadas para proteção contra uma mesma doença, as duas imunizações possuem diferentes métodos de formulação. A Coronavac usa uma versão inativada do vírus, método usado em grande parte dos imunizantes administrados no Brasil. A Oxford tem como base o fator viral. Ambas devem ser dadas em duas doses, com intervalos diferentes.

Até o momento, as duas vacinas não apresentaram efeitos colaterais graves.

Entre os sintomas, dores na região em que a vacina foi aplicada, febre, dor muscular, dor de cabeça (de intensidade leve ou moderada), fadiga e calafrios, reações consideradas comuns por profissionais da saúde. Ambas as vacinas já foram aplicadas fora da fase de testes. Em 4 de janeiro, um britânico de 82 anos se tornou a primeira pessoa do mundo a ser vacinada com o imunizante produzido pela parceria Oxford/AstraZeneca.


Não há um município sem Covid

De acordo com a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcomo, não há um município brasileiro que não tenha caso registrado de Covid. Segundo ela, “o fato de ser vacinado não nos isenta de andar de máscara pelos próximos dois anos, por exemplo, de termos cuidado com ambientes fechados, de solicitarmos testes negativos para embarcar em voos internacionais”.

A pandemia de Covid-19 é a maior crise sanitária do mundo em mais de 100 anos, depois da gripe espanhola (1918-1920). O vírus possui grande poder de disseminação e está presente nos sete continentes.


Paraná

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Estado receberá 265.600 doses da vacina. Dessas, 22.720 estão reservadas para a população indígena e 242.880 para profissionais de saúde que atuam diretamente na pandemia, idosos que vivem em asilos e seus cuidadores e pessoas com deficiência.

“Declaro aberta a campanha de vacinação contra o coronavírus no Estado do Paraná. A partir de hoje, escreveremos um novo futuro”, afirmou o governador Ratinho Junior.

As 265.600 doses destinadas ao Paraná serão aplicadas em duas etapas e imunizarão 126 mil pessoas, sendo a maior parte profissionais da saúde: 102.959. As doses também serão destinadas à população indígena e idosos que vivem em asilos e seus cuidadores e pessoas com deficiência. O Paraná tem 1.850 salas de vacinação.

Também no domingo, vinte das 22 regionais de saúde do Paraná já receberam os insumos que serão utilizados na vacinação contra a Covid-19. Os quatro caminhões carregados com 2,2 milhões de insumos saíram de Curitiba no sábado,16, e já finalizaram as entregas, que abastecerão as 1.850 salas de vacinas do Paraná.

No domingo, os caminhões levando os insumos estiveram nas regionais de Guarapuava, Cascavel, Cianorte, Toledo, Cornélio Procópio, Londrina, Umuarama, Irati, Foz do Iguaçu, Apucarana, Campo Mourão e União da Vitória.


Santa Catarina

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Receberá pouco mais de 126 mil doses da vacina contra Covid-19 nesta segunda-feira, 18, direcionadas a trabalhadores da Saúde, idosos acima de 75 anos e pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro. Além dessa carga, Santa Catarina vai receber mais 17,4 mil doses exclusivas para a população indígena. A vacinação no Estado iniciou na tarde de ontem.


Região de União da Vitória

A diretora da 6º Regional de Saúde de União da Vitória (6ª RS), Paula Krzyzanowski, afirma que a vacinação representa um dia de festa. A regional é a responsável pela distribuição de 2.800 doses para as cidades que compõem a Associação dos Municípios do Sul do Paraná (Amsulpar): Antônio Olinto, Bituruna, Cruz Machado, General Carneiro, Paula Freitas, Porto Vitória, Paulo Frontin, São Mateus do Sul e União da Vitória.

“Expectativa é para que as doses cheguem na Regional hoje”.

Receberão as doses, neste primeiro momento: vacinadores, profissionais que estão na linha de frente da Covid19, integrantes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), profissionais da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e idosos internados em instituições de acolhimento, neste caso 250 pessoas.

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Segundo Paula, a expectativa do Governo Estadual é vacinar até maio de 2021, quatro milhões de paranaenses ou seja 50% da população com mais de 18 anos.

Ainda, através do Plano Estadual de Vacinação, a Regional de União da Vitória deve receber 70 caixas da vacina do Butantan – a monodose, ou seja, uma por frasco, sendo 40 doses.

Distribuição das doses da vacina no Paraná:

Curitiba – 24.440; região Metropolitana de Curitiba – 14.840; Paranaguá – 2.240; Ponta Grossa – 5.960; Irati – 1.480; Guarapuava – 5.920; União da Vitória – 2.800; Pato Branco – 4.600; Francisco Beltrão – 2.880; Foz do Iguaçu – 5.120; Cascavel – 8.160; Campo Mourão – 3.440; Umuarama – 3.120; Cianorte – 1.240; Paranavaí – 3.040; Maringá – 9.360; Apucarana – 3.960; Londrina – 13.960; Cornélio Procópio – 3.600; Jacarezinho – 3.400; Toledo – 5.360; Telêmaco Borba – 1.880 e Ivaiporã – 2.760. Juntas, as cidades totalizam 132.300 doses.


Número de pessoas a serem vacinadas em cada região:

  • Norte: 337.332
  • Nordeste: 683.924
  • Sudeste: 1.202.090
  • Sul: 357.821
  • Centro-Oeste: 273.393

Quantidade de doses enviadas por região:

  • Norte: 708.440
  • Nordeste: 1.436.160
  • Sudeste: 2.524.360
  • Sul: 751.440
  • Centro-Oeste: 574.160

 


Primeira vacinada do Brasil

Mônica Calazan, 54 anos, é a primeira brasileira imunizada com a vacina do Butantan contra a Covid-19 no Brasil. A enfermeira, moradora de Itaquera, apresenta perfil de alto risco para complicações provocadas pelo coronavírus, e mesmo assim, não deixou de atuar nos hospitais da capital paulista para ajudar a salvar vidas. Para Mônica, a campanha de imunização é uma oportunidade de recomeço para toda a população brasileira. Mônica atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e decidiu fazer faculdade já numa fase mais madura, obtendo o diploma aos 47 anos.

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Primeira vacinadora no Brasil

Também é mulher e enfermeira. Jéssica Pires de Camargo, 30 anos, atua na Coordenadoria de Controle de Doenças e mestre em Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo. Com histórico de atuação em clínicas de vacinação e unidades de Vigilância em Saúde, Jéssica já aplicou milhares de doses em campanhas do SUS contra febre amarela, gripe, sarampo e outras doenças.

 


Nem tudo é festa

Enquanto muitos brasileiros comemoram o início da vacinação, outros tantos aguardam apenas um respirador para sobreviver. É o caso do Amazonas, sobretudo a capital, Manaus, que desde a semana passada está em colapso com o seu sistema público de saúde. Pacientes com a Covid sofrem com o desabastecimento de oxigênio medicinal. Segundo médicos amazonenses, há casos de pacientes que morreram asfixiados pela falta do equipamento. A demanda pelo produto aumentou mais de 11 vezes, além da média diária de consumo em virtude do crescimento do número de casos da Covid-19.

Até o momento, a situação só não foi pior devido a uma operação de guerra montada com o apoio de órgãos públicos, sobretudo das Forças Armadas. Nos últimos dias, aviões da Força Aérea Brasileira transportaram até o estado 36 tanques de oxigênio líquido, 1.510 cilindros de oxigênio gasoso, 40 respiradores e 12 usinas de oxigênio, entre outros equipamentos que, até este fim de semana, já totalizavam mais de 168 toneladas de carga. Em média, o estado tem recebido quatro voos diários de aeronaves militares cargueiras (KC-390 e C-130) transportando oxigênio líquido e gasoso, produto altamente inflamável.

 (Michael DANTAS / AFP)
(Michael DANTAS / AFP)

 


“A vacina não determina o fim das medidas protetivas contra a Covid”, disse ministro da Saúde.