MÊS DAS NOIVAS: Maio já não é mais o queridinho

Final de ano tem sido escolhido com mais frequência por quem vai casar

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Atualizado há 5 anos

Por ano, País registra cerca de um milhão de casamentos (Foto: Arquivo/JOC).
Por ano, País registra cerca de um milhão de casamentos (Foto: Arquivo/JOC).

Clima e economia aparecem como fatores definitivos na mudança de calendário. Por isso, há cerca de uma década, maio não é mais o “mês das noivas”. Ele vem perdendo espaço, cada ano mais, para a praticidade: os meses quentes, como dezembro e janeiro, é justamente quando se tem mais dinheiro – 13º e férias incrementam os salários – tempo e conforto. Os dias quentes, que facilitam na escolha do local da cerimônia e da festa, também contribuem com a compra ou aluguel de trajes mais simples – e baratos.

A fotógrafa Valdirene Budal confirma a migração de datas. “Faz muito tempo que maio não é mais o ‘mês das noivas’. Os casais estão preferindo o Verão para se casar”, confirma. Mas há exceções. Leandro Novacki e Carolina Barbosa Araújo, que moram em Mallet (PR), optaram pelo mês de maio. Juntos há cinco anos e sete meses, eles tiveram vários motivos para isso. “Desde o ano passado tínhamos a ideia de casar. Queríamos em fevereiro, mas como somos descendentes de ucranianos, não é possível casar no período da Quaresma. Esse foi um dos motivos. O segundo, é que maio é o mês das mães e das noivas. Minha irmã casou em maio. Minha mãe também. A nossa festa foi legal demais. O casamento começou na quinta e terminou na segunda, bem de interior. Quem foi, se divertiu muito. O frio não fez diferença”, conta Leandro, que vai ter para sempre, o dia 11 de maio no coração.

Leandro Novacki e Carolina Barbosa Araújo se casaram em maio: mês é especial para eles (Foto: Valdirene Budal).
Leandro Novacki e Carolina Barbosa Araújo se casaram em maio: mês é especial para eles
(Foto: Valdirene Budal).

Karine Livian, outra profissional da fotografia e também com atuação em uma empresa de decoração e aluguel de roupas para casamentos, explica que com o calor, existe uma maior vontade de organizar os eventos, além da facilidade no encontro de flores, por exemplos, mais comuns e baratas nas estações quentes. E tem mais vantagens. “Além do clima ser mais agradável para a festa, essa época também favorece os noivos que tem parentes que moram em outras cidades. Nesse período, boa parte das pessoas estão de férias e conseguem vir para participar desse momento tão importante”, conta.

Perdendo espaço

Conforme os cartórios de registro civil no Vale do Iguaçu, há cerca de 15 anos, maio não é mais considerado o preferido para os casamentos (leia sobre a origem do conceito no quadro). Em Porto União, por exemplo, apenas em novembro e dezembro de 2018, foram realizados 37 casamentos contra cinco em maio deste ano. Os dados se parecem com União da Vitória: o cartório, na rua Castro Alves, foi palco para o “sim” de 15 casais em dezembro passado. Até agora, em maio, apenas nove casamentos foram feitos.

Pelo País todo, o costume de realizar os casórios em maio também vem perdendo força. Um estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em São Paulo, mostrou que os paulistas preferem casar em dezembro, mês que concentrou 14,5% dos matrimônios de 2002. Na Europa, o mês de maio não é um consenso na hora de unir maridos e mulheres. Em países como a Inglaterra, junho é considerado o mês ideal – trata-se de uma tradição da Antiguidade, quando os romanos homenageavam Juno, deusa das mulheres e dos casamentos. Na América do Norte, os americanos preferem dizer “sim” em fevereiro, considerado o mês nacional dos casamentos.

Dados do IBGE mostram que no País, são registrados cerca de um milhão de casamentos todos os anos – e a maioria, não é em maio. Em 2017, por exemplo, 128 mil uniões foram oficializadas no último mês do ano e um pouco menos de 86 mil em maio, que ficou na sexta posição.


Maio ainda é especial

Embora deixado para trás pelos casais, o mês é especial para os devotos de Maria. É durante maio que acontece a coração de Nossa Senhora, por exemplo, na igreja católica. Além disso, é quando o Dia das Mães é celebrado. Por conta dessa data, maio serve como termômetro para os lojistas, que veem a movimentação pró mamães, um desenho do Natal – evento mais importante para a categoria ao longo do ano.


Conceito

Conforme a revista Super Interessante, o conceito de maio como ‘mês das noivas’ tem uma origem bastante antiga, “por causa de uma tradição importada dos países do hemisfério norte, onde maio é um mês muito importante para os costumes populares”, diz a publicação.

“Naquela parte do mundo, a chegada de maio é celebrada com muitas flores, em homenagem à natureza que refloresce e à primavera que por lá atinge a plenitude. Ao longo dos séculos, esses elementos foram sendo associados à celebração do amor no casamento. Essa mesma ligação com as flores e a feminilidade fez com que maio, além de mês das noivas, também fosse considerado o mês das mães e de Maria”, comentou para a publicação, o padre e teólogo Pedro Iwashita, do Instituto Teológico de São Paulo.