Primeira Invernada Mirim do CTG Fronteira da Amizade tem encontro marcado

Após 40 anos, integrantes voltam a se encontrar. Evento será no sábado, 2, no Avahi

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Atualizado há 4 anos

Andréia e Hilário: organização de um evento saudosista (Fotos: Mariana Honesko/Arquivo JOC).
Andréia e Hilário: organização de um evento saudosista (Fotos: Mariana Honesko/Arquivo JOC).

Eles eram crianças. Tinham sete, oito, dez anos. Eram vestidos pelos pais. Depois de 40 anos de muita história, essas crianças voltam a se encontrar. São agora adultos, profissionais, pais e até avós. No coração, carregaram ao longo dessas quatro décadas, o amor pelo tradicionalismo gaúcho e os laços de uma amizade iniciada na infância.

Para matar a saudade e relembrar esse tempo, os integrantes da primeira Invernada Mirim do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Fronteira da Amizade, de União da Vitória, voltam a se encontrar. Na verdade, o contato jamais foi perdido: pela rede social, a maioria manteve a amizade para a vida. Criaram-se laços, como uma grande família.  “Eu tinha sete aninhos na época e me lembro totalmente daquela época. Lembro da primeira apresentação, no Clube Aliança ainda”, conta Andreia Tonial, uma das fomentadoras do encontro. “A maioria a gente manteve o contato. Era algo realmente de família. A gente foi criado dentro do CTG. Éramos uma família”.

INVERNADA
É uma espécie de composição dentro dos CTG’s, classificada pelo assunto (mirim, cultural, por exemplo) e também pela idade

O encontro marcado para este sábado, 2, acontece no Avahi, em União da Vitória. Será algo informal, confirmado por cerca de 50 pessoas. Além de quem mora no Vale do Iguaçu, visitantes de outras cidades já confirmaram a presença, inclusive do Tocantins (cuja viagem começou ainda na quarta, 30), de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

Tradicionalismo

A criação do CTG Fronteira da Amizade começou de um deboche paulista. “Hilário Magnani, Leno e Edgar Tonial e Warrib Motta se encontraram no início de fevereiro de 1976 na casa de Álvaro Gaspre, um antigo amigo de Hilário da Escola de Comércio. Álvaro era o único da turma que não tinha os pés em terras gaúchas. Paulista de Presidente Prudente, Álvaro já havia, de certa forma, se cansado das histórias tradicionalistas e colocou em xeque o bairrismo dos outros quatro amigos – esses, sim, gaúchos”, descreveu em sua matéria, a jornalista Bruna Kobus, em reportagem sobre o assunto em 2016 para o jornal O Comércio. Neste ano, nessa nova matéria, Magnani confirma todos os detalhes desse histórico momento. “Nasceu o CTG por causa da amizade”, diz.

Ata e documentos dos primeiros anos da entidade registram o nascimento de um espaço importante

Além do empurrãozinho do amigo paulista o nome também foi uma sugestão de Gaspre. “Nós pensamos em colocar alguns nomes de escritores gaúchos, mas decidimos fazer uma homenagem à união das cidades de União da Vitória e Porto União e de como as pessoas são aqui, uns trabalham em União e moram em Porto União, e vice-versa”, relembra.

O estatuto foi montado grosseiramente, conta Magnani, mas necessário para o momento. “Escolhemos os amigos, nos reunimos no Clube Operário, lavramos a Ata e montamos o estatuto. Precisava apenas saber como chamar as pessoas que é, por exemplo, patrão, capataz, nomes que equivalem á presidente, ao tesoureiro. Fundamos o CTG”.

Os ensaios eram realizados em espaços emprestados. O grupo passava pelos endereços, do Balneário ao Clube Concórdia, até que outro amigo, Guerino Massignan, cedeu um terreno na Rua Professora Amazília, para a construção de um galpão. “Não tínhamos sede. Mas o seu Guereni, que era como um pai para mim, foi pronto, nos doando do terreno. Trabalhamos ali depois do expediente, puxando as extensões. Em um mês tínhamos o galpão pronto”, conta.

Passado algum tempo outra ajuda, agora da Administração Municipal por meio do então prefeito Gilberto Brittes, levou o grupo ao endereço na Bento Munhoz, onde está até hoje. A área era de preservação da Copel e estava cedida em forma de comodato para a entidade, mas já há alguns anos, a posse definitiva do espaço foi repassada aos gaúchos da terrinha pelas mãos do então governador do Paraná, Beto Richa.

São quase 44 anos de Fronteira da Amizade – e o que não faltou, foi a união. “Não poderíamos pensar em outro nome. É algo aprovado pela unanimidade. O que queremos é manter as tradições, a roupa, a linguagem do interior. Isso é uma representação importante”.