ALUGUEL: Valor está inflacionado na região

Profissional ouvida pela reportagem explica como a definição de valores funciona. Assunto é polêmico

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Atualizado há 4 anos

Comunidade reclama dos preços praticados no Vale do Iguaçu. (Foto: Mariana Honesko).
Comunidade reclama dos preços praticados no Vale do Iguaçu. (Foto: Mariana Honesko).

Bastou uma breve sondada com a comunidade para entender que o assunto é incomodo. Quando se trata do preço do aluguel onde se vive, o tema deixa desconfortável quem precisa pagar muito por poucos metros quadrados. Mas, quem não tem outra opção, paga, ainda que com ressalvas.

Na rede social, circulou há alguns dias um post que citava os preços dos alugueis cobrados no Vale do Iguaçu em uma comparação com o praticado em cidades maiores, inclusive litorâneas. Conforme os comentários, ou os valores se igualavam, ou apareciam ainda mais altos. A reportagem foi tentar entender o porquê e para isso, ouviu a corretora e analista de imóveis, Vivian Beatriz Bona Vargas.

Conforme ela, os valores dos alugueis passam por uma avaliação de valor locativo, onde se analisa e calcula a localização, a demanda para aquele tipo de imóvel (comercial ou residencial), a qualidade, a funcionalidade, o tamanho (e por aí vai).

“A título de exemplo, um aluguel residencial ou comercial no centro tem valor locativo superior ao de bairro, pois é baseado em primeiro lugar no “ir e vir” para o centro da cidade”, explica.

E sim, existe diferença entre casa e apartamento, inclusive no preço final do aluguel e do condomínio. “Mas a procura ainda é maior aqui em nossas cidades por casas. É uma questão cultural”.

alugueis-regiao-economia (2)Quem aluga um “apê”, por menor que seja, precisa levar em conta justamente o preço do “morar com mais pessoas”.

“Os valores das despesas de condomínio são calculados pelos serviços que o condomínio oferece ao condômino, como elevadores, manutenção dos serviços, funcionários, taxas, contador, compra de produtos de limpeza, consertos, água e luz do condomínio, conservação dos serviços oferecidos ao condômino, como, salão de festas, piscinas, playground, portarias, câmeras, alarmes”, pontua Vivian.

E ainda conta com o famoso fundo de reserva, cobrança de vital importância ao condomínio”.  Somados e calculados, todas as despesas são “rateadas” entre o número de apartamentos. Essa divisão é calculada pelo tamanho de cada unidade: quanto maior o imóvel do condômino, maior será a fatia para pagar.

Para ambos os casos, casas ou apartamentos, imóveis colocados para alugar ou vender em imobiliárias, tem um acrescimento extra. É que a prestação de serviços de uma corretora  fica em  torno dos 10%, que vão para administrar o aluguel pactuado (enquanto houver o contrato) e no caso da venda, a empresa também recebe honorários, que é de 6% regimentado pelo Conselho Regional e Federal dos Corretores de Imóveis.

Somando tudo isso, vem o valor final que, na opinião de Vivian, é caro realmente, especialmente quando comparados com outros endereços.

“Em nossas cidades os valores estão inflacionados há muitos anos. E nós corretores e avaliadores de Imóveis, estamos fazendo um trabalho árduo há muito tempo, tentando colocar os valores de nossos imóveis com o seu real preço.  Na maioria dos casos, trabalhamos com preços autorizados pelos proprietários que ‘vislumbram’ um valor maior em seu patrimônio, devido ao que já foi gasto nele, para a boa conservação e mais ainda quanto ao valor sentimental que eles proprietários tem. Para isso, estamos trabalhando com mais flexibilidade nas negociações, para chegar em um  valor bom para ambos, comprador e vendedor”, pontua a corretora.

Quanto custa

Matéria sobre o assunto publicada na revista Exame em 2016, baseada em pesquisa do IBGE, mostrou que de cada quatro moradias alugadas nos centros urbanos do Brasil, uma consome mais de 30% do orçamento dos inquilinos. Quando os moradores têm renda per capita inferior a meio salário mínimo, a proporção é ainda mais perversa: metade destina ao menos 30% da sua renda para o aluguel.

aluguel-valores-economiaEssa relação, segundo o estudo do IBGE, pode indicar uma situação de vulnerabilidade social já que “os gastos com moradia estarão comprimindo a renda disponível para satisfazer outras necessidades da unidade domiciliar, especialmente no caso de famílias de baixa renda”, afirma. O problema é mais comum entre pessoas que moram sozinhas: entre os inquilinos com este perfil, 9% destinam uma parte considerável do salário para pagar o aluguel.

Ao todo, o Brasil abrigava mais de 55 milhões de domicílios em 2013. Vinte por cento deste total era alugado.

 

VOCÊ ACHA CARO O PREÇO DOS ALUGUEIS?

Leia o que disseram alguns internautas sobre o assunto:

Caríssimo chega a 80% do salário” – Fábio Fernandes

“Muito caro. Absurdo. Nem parece que estamos no interior! ” – Camila Ramos

“Absurdo. Principalmente nos bairros, os donos pedem alugueis muito além do que vale a moradia. Tem casa que são uns cubículos e os valores passam de R$ 600” – Jheni Maisa Dias Stoeberl

“Carrisimo! Nem São Paulo é tão caro. Valor de uma quitinete gente, pasmem! O custo dos aluguéis das casas e assustador aqui” – Vanessa Camargo Rossa

“Não dá pra simplificar, pois comparando com outras regiões pode até ser barato, considerando as ótimas condições de alguns imóveis, mas para a realidade da região, é um peso muito grande no orçamento” – Jussara Leite

 

Inflação dos aluguéis acumula taxa de 7,91% em 12 meses

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado no reajuste dos contratos de aluguel, registrou inflação de 0,57% na segunda prévia de janeiro deste ano. A taxa é inferior aos 2,06% observados em dezembro de 2019, segundo dados divulgados no dia 21 de janeiro, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Com o resultado da segunda prévia de janeiro, o IGP-M acumula taxa inflação de 7,91% em 12 meses.

Segundo a Fundação, a queda da taxa de dezembro para janeiro foi puxada pelos preços no atacado e no varejo. A inflação do Índice de Preços ao Produtor Amplo, que mede o atacado, recuou de 2,85% na segunda prévia de dezembro para 0,67% na segunda prévia de janeiro.

A inflação do Índice de Preços ao Consumidor, que mede o varejo, caiu de 0,74% em dezembro para 0,45% em janeiro.

Por outro lado, o Índice Nacional de Custo da Construção teve taxa de inflação de 0,17% na segunda prévia de janeiro, taxa superior à registrada no mesmo período em dezembro, quando não houve variação de preços.