Gerente bancário avalia “conto do bilhete” e como os golpes ainda fazem vítimas

Denis William Ramos, gerente da Caixa Econômica Federal de Porto União, afirma que é possível se proteger de fraudes

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Atualizado há 5 anos

(Foto: Reprodução).
(Foto: Reprodução).

Enriquecer do dia para a noite. Se tornar milionário. Encontrar a conta bancária no azul. Quem nunca sonhou com uma vida leve e polpuda, que atire a primeira pedra. Vítimas dos golpes financeiros sempre existiram – e ainda vão existir – seja por ingenuidade ou por ganância.

O tema foi assunto de uma recente entrevista, concedida ao jornal O Comércio e a CBN Vale do Iguaçu, pelo gerente da Caixa Econômica Federal de Porto União, Denis William Ramos.

Conforme ele, embora o golpe venha disfarçado de boas intenções, é possível detectá-lo e, mais do que isso, se proteger conta eles. “Quando se trata de dinheiro, existem diversas formas de fraude. Na região, o golpe do bilhete é bastante comum. Já tivemos diversos casos e a forma de agir é o mesmo. Ainda assim, as pessoas caem. Os golpes são comuns em todas as cidades”, conta. Ramos, que já atuou em outras seis cidades antes de estar em Porto União, acredita que na região do Vale do Iguaçu, o percentual de vítimas de golpes é maior, acima do normal. “Vale ressaltar que aqui, senti uma média maior. Parece que é uma praça muito visada pelos golpistas”.

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Entrevista

Jornal O Comércio (JOC) – Por conta da vergonha que muitas vítimas têm, tem muitos casos que nem são registrados, não é mesmo?
Denis Ramos – O ideal é que a vergonha sendo passada, que o caso seja registado. Acontecendo, é importante que seja feito um Boletim de Ocorrência, que isso seja registrado. Porque assim, existe uma busca para que isso não se repita.

JOC – Como funciona no golpe do bilhete?
Denis Ramos – Consiste em uma troca. É uma pessoa de pouco conhecimento com o bilhete em mãos e que diz que é de fora, que não documento para sacar. A vítima fica retraída e aí chega um segundo golpista interessado. A pessoa liga para um suposto gerente de Caixa Econômica, obviamente um golpista também, que valida o bilhete. A pessoa acaba concordando e fazendo um pagamento para poder receber o valor do suposto bilhete. Já vimos pagamento de R$ 700 a R$ 100 mil. Existem variações, mas a história é essa. Ocorre a troca e o dinheiro nunca mais é localizado.

JOC – Como uma agência bancária se mantém nessas situações?
Denis Ramos – Como os golpistas são bem articulados e conhecem o sistema, eles explicam para a pessoa fazer um depósito sem informar para qual motivo. Nem sempre é em espécie. Temos transferências também. O cliente precisa falar sobre a movimentação. É a segurança dele. A partir daí, já aconteceu até em Porto União, o golpe do falso sequestro, que também é comum. É importante o diálogo. É preciso trocar uma ideia, para que as pessoas não percam o dinheiro, tão suado.

JOC – Como evitar cair em golpes?
Denis Ramos – Cuidar com a senha, por exemplo. Quem perde o cartão, perde a senha junto. A clonagem de watts, onde o golpista pede transferência, também acontece. Então, em se tratando de valores, sempre é importante negociar pessoalmente, se for o caso. É importante também não entrar na loucura de tentar fazer algo na hora. A maioria dos golpes se concretizam em minutos. E em minutos, a gente consegue evitar muita coisa.