IBGE revela que o Brasil está em recessão

Produto Interno Bruno encolhe pelo segundo trimestre seguido

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Atualizado há 9 anos

O IBGE comprovou o que todo o brasileiro, que pagas seus impostos e tenta se virar com o orçamento apertado, já sabia: o Brasil está em recessão. O recuo do Produto Interno Bruto por dois trimestres consecutivos gerou o que os economistas chamam de recesso técnico, termo pomposo para dizer que o País mergulhou em uma crise econômica. Na prática, essa classificação serve como um termômetro para medir o péssimo desempenho da economia. De acordo com economistas, não são apenas dois resultados negativos seguidos que indicam a recessão, mas sim um conjunto de indicadores negativos, como aumento do desemprego, queda na produção e falência de empresas. A última recessão técnica do País foi entre o último trimestre de 2008 e o primeiro de 2009, durante a crise econômica mundial.

No ano, de janeiro a junho, a economia encolheu 2,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o IBGE, esse resultado é o pior desde o primeiro semestre de 2009, quando caiu 2,4%. Segundo o IBGE, a queda registrada na indústria, frente ao primeiro trimestre, foi impulsionada principalmente pelo desempenho negativo da construção civil, que recuou alarmantes 8,4%. Depois aparece a indústria de transformação, que também sofreu forte queda de 3,7%. No caso do setor serviços, o que mais influenciou foi o movimento do comércio, que vem mostrando seguidamente resultados desanimadores. Neste segundo trimestre, a queda foi de 3,3%, seguida pelo recuo de 2% em transportes, armazenagem e correio.

Comparando a crise

No segundo trimestre de 2015, em relação ao primeiro, os investimentos registraram o oitavo trimestre seguido de baixa, chegando a 8,1% e sugando o PIB para baixo, assim como a despesa de consumo das famílias, que recuou 2,1%, pelo segundo trimestre seguido. Já a despesa de consumo do governo cresceu 0,7% na mesma base de comparação. Quanto ao setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 3,4%, e as importações, por outro lado, recuaram 8,8%. Na comparação com o segundo trimestre de 2014, os investimentos sofreram uma queda ainda maior, de 11,9%, a maior desde o primeiro trimestre de 1996, quando o indicador recuou 12,7%. Também entram no cálculo do PIB as exportações de bens e serviços, bem como as importações feitas pelo País. Nesse caso, as vendas tiveram expansão de 7,5%, e as compras caíram 11,7%, ambas influenciadas pela desvalorização cambial de 38% registrada no período.

Segundo ano de recessão

As previsões para 2016 são catastróficas. A expectativa dos economistas dos bancos é que a queda do PIB neste ano seja seguida por uma retração em 2016, de 0,24%. Já a estimativa do mercado financeiro para o ano todo, apresentada no início da semana pelo boletim do próprio Banco Central, também indicou que a economia deverá ter uma retração de 2,06% neste ano, seguida por uma queda de 0,24% em 2016. Se confirmada a previsão, será a primeira vez que o País registrará dois anos seguidos de contração na economia, pela série do IBGE iniciada em 1948. Todas as seis vezes em que o Brasil fechou o ano com PIB negativo foram sucedidas por uma rápida recuperação nos anos seguintes.

Como sair do buraco

Uma recessão é um obstáculo forte no ciclo de negócios. O ritmo dos negócios fica mais lento para não dizer estagnado. As fábricas produzem menos. Desemprego sobe. As pessoas, e às vezes até os governos, gastam menos. As fábricas ficam com estoques cheios e sem poder produzir mais. Os lucros nos negócios entram em queda e os preços das ações também. Mais pessoas jurídicas e físicas declaram falência. Tecnicamente para sair de uma recessão, o governo tenta estimular a demanda. Se não fizer nada, no final o País se livra da recessão de qualquer jeito. Isso também faz parte do ciclo de negócios. As pessoas e as empresas saem da recessão, sem a intervenção do governo uma vez que a demanda começa a aparecer de novo. É uma questão em aberto se a ação do governo ajuda ou não. O fim de uma recessão só é constatado quando existe um movimento consistente de retomada em todos os indicadores econômicos, dados como taxa de desemprego, vendas no comércio, produção industrial e outros precisam mostrar de forma clara e conjunta que estão em recuperação, o que por enquanto está difícil de acontecer.