União da Vitória pode ser tornar referência na tecnologia do basalto

Termo de cooperação entre Ekosolos e empresa russa foi firmado há duas semanas, mas projeto ainda caminha nas possibilidades

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Atualizado há 9 anos

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Valter Cano já tem experiência com basalto. A empresa Ekosolos é umas das líderes no mercado quando se trata do pó de basalto para agricultura. (Foto: Assessoria Ekosolos).

No início do mês em Moscou, na Rússia, um empresário brasileiro e um russo, firmaram um acordo um tanto ambicioso, que pode mudar nos próximos dois anos a matriz econômica de União da Vitória, que tem tradição da madeira e, recentemente, no plástico. Nesse termo de cooperação a intenção é colocar o mercado do basalto do País numa posição nunca antes explorada.

O investimento milionário está dividido em duas fases, mas ambas ainda são de possibilidades. A primeira pode-se falar em seu funcionamento e até arriscar uma lucratividade, já a segunda, ainda depende de um “se” o mercado nacional será convencido do uso do produto.

A Basalto Brasil Compositores (BBC) – uma fusão entre a empresa Ekosolos e a russa CJSC – ainda não saiu do papel, mas aposta na substituição de alguns produtos em ferro a partir da fibra de basalto. O mercado é restrito e a BBC vai começar com uma concorrente velha de guerra na siderurgia mundial, a Gerdal.

A intenção é utilizar de compositores na base da fibra do basalto para produzir vergalhões e grades. Esses são apenas dois segmentos de produção com a fibra do basalto, que serão colocadas no mercado de construção civil nacional e internacional. Isso se a cláusula de exclusividade firmada há duas semanas no leste da Europa com o diretor geral da CJSC, Maxim Chernykh, seja mantida. “Vamos ser os primeiros com essa tecnologia no Brasil e teremos exclusividade nas Américas do Sul, Norte, Central e Caribe”, conta o empresário brasileiro Valter Cano.

O empresário, com incentivo financeiro do BNDS, irá entrar com 80% nos investimentos contra 20% dos russos. Num primeiro momento os dólares aplicados chegam a U$ 10 milhões. Isso será para a construção da BBC em União da Vitória. A instalação será responsável pela produção de duas mil toneladas de vergalhões e grades a partir da fibra do basalto, que será importada. A geração de emprego para serviço de produção não é expressiva, cerca de 50. O giro, segundo Cano, também é tímido. Conforme o empresário a fabricação dos produtos em um ano pode atingir R$ 60 milhões. No entanto o ganho não é calculado apenas na economia. “O importante é o que vem atrás desse projeto. É a pesquisa, a tecnologia os estudos”, lembrou Cano. Um outro projeto, também na condicional, é de que um centro da Universidade Federal do Paraná venha se instalar por aqui, para que pesquisas com o basalto sejam realizadas.

Já numa segunda fase, talvez a mais ambiciosa, é a aplicação de U$ 50 milhões na construção de uma usina que produza a fibra do basalto na região, deixando assim a importação de lado. No entanto, União da Vitória pode não entrar para essa parte do projeto devido à falta de logística e de gasoduto.

Exploração

A pesquisa para trazer a tecnologia para União da Vitória começou em 2011, quando Valter conheceu o diretor geral da CJSC, Chernykh, na China durante uma conferência. Na época telefones foram trocados, e-mails enviados, mas ainda nada muito assertivo. Somente em 2012 que os empresários fizeram pesquisas de mercado, tanto aqui quanto lá. Nesse meio tempo a Administração Municipal sinalizou interesse em facilitar o espaço e o Governo Estadual em ajudar com financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS) e, até mesmo, com isenção de impostos sobre importação e exportação.

Uma consultora foi contratada pelos empresários para mapear as áreas de possível exploração do basalto. O estado do Paraná é privilegiado com a tal rocha, mas para a produção do pó de basalto, que resulta na fibra, apenas quatro pedreiras no estado são compatíveis, e uma delas é em União da Vitória. As outras três são em lugares que não oferecem logística ou infraestrutura suficiente para que seja instalada a tecnologia.

No que será implantado

Os vergalhões de fibra de pó de basalto poderão substituir os de ferro em uma construção de até quatro andares. O material é duas vezes e meia mais resistente que o ferro e um quarto mais leve, além de não ser corrosivo ou condutor de energia, o que se torna um atrativo para construções de plataformas petrolíferas ou em áreas litorâneas. “Também é um material ecologicamente mais correto”, afirma Valter.

Já as grades podem ser usadas para a aderência do asfalto ou do cimento na construção de uma calçada. Isso se traduz em durabilidade.