NAS ALTURAS! Comer feijão e tomar leite, quase um luxo

Preço dispara por conta do efeito do tempo na agricultura. Perspectivas de melhora devem acontecer, apenas, a partir do final de julho

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Atualizado há 8 anos

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Quilo do produto varia mas, na região, fica na faixa dos R$ 5

A rotina do consumidor mudou muito. Pelo menos no supermercado. As gôndolas de feijão e leite, por exemplo, só não estão desertas porque é praticamente impossível substituir estes dois itens da mesa. Este aspecto “árido”, em boa parte do País, é fruto da alta nos preços, fruto do clima hostil que afetou a produção agrícola.

Para dar um alento ao consumidor, agora com a alíquota zero para países fora do Mercosul, o Brasil deve ampliar as opções de importação do produto para aumentar a oferta no mercado interno e reduzir os preços. No caso do feijão, para os economistas o dólar e a tributação no mercado interno é que ditarão os preços ao consumidor. Porém, a previsão é que os preços possam apresentar recuo somente em meados do último trimestre deste ano.

Na outra ponta estão os produtos e seus desafios de minimizar os custos de produção e, no final de toda a cadeira, oferecer produtos mais em conta, em uma combinação de tecnologia e políticas de fomento aos setores, como a agricultura familiar e assistência técnica.

Sem “feijão e arroz”

“Vejamos o caso do feijão, produto sempre à mesa dos consumidores, formando o famoso ‘feijão com arroz’. No Paraná, verificou-se na atual safra que na época do plantio, o excesso de chuvas castigou as lavouras. Mais tarde, em meados de abril, tivemos uma forte estiagem nas principais regiões produtoras e por fim, a ocorrência de geadas antes do início do inverno, o que também prejudicou algumas regiões que até então não sofriam com esta intempérie climática”, avalia o técnico agrícola Nei Antônio Kukla.

GrXXficoXSupermercadosNuma análise de preços, o feijão “carioquinha”, que no Brasil é o mais consumido, valia neste mesmo período do ano passado R$ 150 a saca de 60 Kg. Hoje, ele chegou a patamares de R$ 450 a mesma saca, principalmente em centros onde o cultivo da cultura não é tradicional. “Somado a estas condições de clima, temos o custo Brasil, onde a logística está longe de ajudar para que o agro continue sustentando o PIB nacional. Carente que somos de ferrovias, rodovias trafegáveis, todos esses fatores agregam elevação nos preços dos produtos”, lembra Kukla.

Para a economista Suely Martini o impacto é grande, já que, conforme ela, é a primeira vez que o Brasil trabalha com a falta da oferta de itens básicos da alimentação praticamente nacional. “O consumidor está cortando a compra de itens menos necessários e os considerados supérfluos no supermercado devido ao fraco poder de compra de seu salário em decorrência da inflação, pela falta de emprego e pela escassez de produtos”, observa.

Café sem leite

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Até acesso de laticínios às propriedades interfere no preço final

“Vínhamos de um aumento significativo de custos ao produtor, principalmente a parte de nutrição onde 60, 70%, chega a contribuir com os gastos na alimentação dos animais. O milho e a soja tiveram um aumento de preços de até 50%. Somado a isso, o período do excesso de chuvas no início do ano, depois entramos em um inverno prematuro com fortes geadas, fez com que os pastos parassem em seu ciclo normal, diminuindo a oferta de alimentos para o rebanho e o produtor ainda não estava preparado com pastagens de inverno”, pontua Kukla.

Por exemplo, o custo de implantação de pastagens de inverno está alto, com valores do quilo da semente de Azevém cotados a R$ 8. A logística no transporte do leite da propriedade até o laticínio também teve um custo maior, justamente por conta do tempo que danificou estradas e acesos.

Na prática, tempo instável, aumento de demanda e preço alto nos insumos de produção, resultaram em litros com valor de ouro no supermercado. “A vida do consumidor brasileiro, em especial o de baixa renda, não está fácil. Acuado pelo desemprego e pela recessão em decorrência dos problemas políticos e administrativos, viu o seu prato preferido e o leite ter seus preços significativa alta neste primeiro semestre do ano”, diz Suely.

Pesquisa de preço

GrXXficoXFeijXXoA reportagem de O Comércio fez um levantamento simples dos preços do feijão e do leite em alguns supermercados do Vale do Iguaçu. Há pouca variação de um estabelecimento para outro e, conforme os funcionários das empresas consultadas, mudanças nas plaquinhas de valores são quase que diárias.

LEITE

Caixinha

Em média, R$ 4,50, o litro

Pacote

Em média, R$ 2,70

FEIJÃO

Em média, R$ 5 o quilo