ORÇAMENTO APERTADO: Sete em cada dez brasileiros tiveram de fazer cortes

Pesquisa da CNDL e SPC, afirma que desempenho da economia foi responsável pelo efeito

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Atualizado há 5 anos

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A redução nas despesas teve impacto direto no lazer do brasileiro (Foto: Reprodução/Pixabay).

Embora quase metade dos brasileiros (44%) tenha começado o ano com expectativas positivas em relação à economia do País para o primeiro semestre, o desenrolar dos fatos só manteve o otimismo de 13%, que avaliaram o período como acima do esperado. Enquanto isso, 49% consideraram o desempenho pior quanto à perspectiva inicial.

A sensação de decepção pode ter origem no impacto gerado pela situação macroeconômica nas finanças pessoais do brasileiro. Segundo levantamento realizado nas 27 capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), três em cada dez consumidores (30%) sentiram uma piora em sua situação financeira no primeiro semestre do ano – em grande parte motivados pela alta dos preços (54%) e pela diminuição da renda familiar (38%). Os dados estão disponíveis na página dos órgãos.

Isso pode explicar por que sete em cada dez consumidores (69%) tiveram de realizar cortes no orçamento no primeiro semestre de 2019, enquanto 53% acabaram recorrendo a bicos e trabalhos adicionais para complementar a renda. Outras situações comuns vivenciadas foram o desemprego (do próprio ou de alguém da família), com 46% de citações, passar vários meses no vermelho (45%) e ter o CPF negativado por não pagar alguma conta (34%). Há ainda 33% que recorreram a um empréstimo para organizar o orçamento e 27% que chegaram ao ponto de ter que vender bens para conseguir dinheiro.

Menos dinheiro, menos diversão

A redução nas despesas teve impacto direto no lazer do brasileiro: seis em cada dez (56%) dos entrevistados que tiveram que frear o consumo no primeiro semestre afirmaram ter cortado as refeições fora de casa, enquanto 54% diminuíram as idas a bares e casas noturnas, 51% deixaram de comprar roupas, calçados e acessórios, 50% restringiram as viagens e 50% reduziram as idas ao cinema e ao teatro.

Com o orçamento restrito, seis (59%) em cada dez brasileiros acreditam que será mais difícil concretizar projetos planejados para este ano, sendo a formação de uma reserva financeira (41%), realização de uma grande viagem (34%), reforma a casa (34%) e compra deum carro (30%) os mais afetados.

Contudo, nem só de experiências negativas se fez o primeiro semestre de 2019: apesar das adversidades, seis em cada dez (60%) entrevistados conseguiram manter o pagamento das contas em dia, 35% conseguiram guardar dinheiro e 30% ainda disseram ter chegado a realizar um sonho de consumo nesse período.

O maior controle sobre o orçamento doméstico reflete-se na percepção dos otimistas quanto ao cenário do primeiro semestre do ano: três em cada dez entrevistados (28%) acreditam que sua situação financeira melhorou durante esse período, com aumento de nove pontos percentuais em relação ao ano anterior. Para a maioria (39%), no entanto, tudo continua na mesma.

A pesquisa mostra ainda que três em cada dez brasileiros (29%) consideram que a economia ainda não retomou o crescimento esperado e que vai demorar para fazê-lo, enquanto outros 29% acreditam que o crescimento será retomado em breve e 27% creem que o crescimento já foi retomado, mas de forma lenta.

Além disso, seis em cada dez entrevistados (58%) disseram não sentir os efeitos diretos da melhora da economia na sua vida desde o fim da recessão em 2017, enquanto 42% afirmaram sentir diferença em aspectos como preço de produtos, juros, taxa de desemprego e renda – com aumento de 19 pontos percentuais frente a sondagem do último ano.

No entanto, 46% acreditam que haverá uma retomada no crescimento para o segundo semestre do ano, número próximo aos 43% que creem em melhora nas finanças pessoais, especialmente motivados pelo otimismo de que coisas boas estão por vir (68%) e por terem sido bem-sucedidos na organização de seu orçamento (41%).