Otimismo na indústria para 2020 atinge 80% dos empresários, diz Fiep

Aumento de investimentos e das vendas estão nos planos dos empresários que participaram da 24ª edição da Sondagem Industrial

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Atualizado há 4 anos

O ano de 2020 deve ser promissor para a indústria. É o que esperam 80% dos industriais do estado, segundo a pesquisa anual da Fiep sobre práticas e expectativas dos industriais paranaenses para o próximo ano. A 24ª edição da Sondagem Industrial, realizada entre 28 de outubro e 27 de novembro, revelou ainda que 15% dos entrevistados ficaram neutros e 5% estão pessimistas com relação ao futuro da economia.

O resultado ficou praticamente estável em relação ao ano passado, quando 81% dos consultados tinham uma percepção positiva com relação a 2019. No histórico recente da Sondagem, 2016 foi o pior ano, com apenas 33% de empresários otimistas. No geral, a mostra coletada representa 50,8 mil estabelecimentos industriais de todos os portes (micro, pequena, média e grande) e de 37 segmentos, que geram 765 mil empregos no estado.

Para o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, o alto nível de otimismo se deve às mudanças de rumo na condução da política econômica do país, que abrem espaço para uma retomada do crescimento. “O Brasil tem um grande mercado e nós, da indústria, estamos sempre dispostos a explorar cada vez melhor e de forma mais efetiva esse mercado”, afirma. “A indústria do Paraná é forte, diversificada, com indústrias em todo o Estado, e a nossa esperança é bastante boa com as ações do novo governo. Isso tem se refletido em otimismo para investimentos, renovação de equipamentos e processos produtivos mais eficazes”, completa.

Realizada diretamente com gestores de indústrias, a pesquisa dá um panorama geral das perspectivas para 2020. Entre os otimistas, 70% preveem aumento das vendas de seus produtos, 57% esperam melhorias na conjuntura econômica e 49% apostam em abertura de novos mercados.

Refletindo a expectativa positiva para 2020, mais de 82% dos empresários pretendem realizar investimentos. “O percentual neste quesito é 20% maior do que o registrado entre as empresas que efetivamente investiram este ano. Isso é um fator positivo porque para se manter competitiva a indústria precisa retomar sua capacidade de investimentos. E as prioridades em aumento de capacidade produtiva, máquinas e equipamentos e desenvolvimento de produtos confirma essa disposição do empresário”, explica o economista da Fiep, Evânio Felippe.

Por outro lado, 75% dos entrevistados informaram que utilizarão recursos próprios para seus investimentos. Só 38% pretendem recorrer ao mercado financeiro para buscar capital. “O empresário pensa no momento e tem pressa para colocar em prática seu planejamento. Como o acesso ao crédito exige uma série de processos burocráticos, garantias e tem custo mais elevado, o industrial recorre a outras fontes para garantir que o investimento seja feito no momento mais oportuno”, avalia.

Ambiente de negócios e prioridades
“A crescente alta da produção industrial paranaense, que este ano liderou o ranking nacional até o momento atual, a aprovação da Reforma da Previdência, a queda nos juros e a perspectiva de uma recuperação no mercado de trabalho e na economia como um todo em 2019 mantiveram o otimismo do industrial e tudo isso converge para uma melhoria no ambiente de negócios também para o ano que vem”, comenta Marcelo Alves, um dos responsáveis pela pesquisa.

Ao serem questionados sobre as estratégias mais relevantes para suas empresas, 52% dos respondentes apontaram que o desenvolvimento de novos negócios será a prioridade em 2020. Outros 42% pretendem aumentar o foco no cliente, e, 39% têm planos de incorporar novos produtos ao seu portfólio. O que chama a atenção é que as principais estratégias sinalizadas pelos empresários estão voltadas para a atuação no mercado. Também há uma preocupação com questões ligadas ao ambiente interno da empresa.

Podendo sinalizar mais de uma alternativa, 93% dos gestores informaram que para melhorar o ambiente econômico é fundamental a aprovação da Reforma Tributária. Logo em seguida, com 88% ficou o combate à corrupção. A desburocratização e a reforma fiscal também são citadas pelos empresários como prioridades para melhorar o ambiente de negócios.

Os entrevistados demonstraram alto grau de insatisfação com relação aos pedágios do Paraná, à estrutura tributária e aos incentivos fiscais, fatores que impedem o desenvolvimento e a competitividade das indústrias do estado dentro e fora do país. A segurança pública foi outro ponto de atenção. É um problema sério apontado por 63% dos respondentes. Em contrapartida, 63% declararam estarem satisfeitos com seus fornecedores locais, e, 49% avaliaram de forma positiva a oferta de mão-de-obra especializada no Paraná.

Infraestrutura

Cinquenta e cinco por centro dos industriais afirmaram que as rodovias do Paraná são o principal problema de infraestrutura no estado. E 43% sinalizaram que a energia também prejudica o desenvolvimento do setor industrial.

De forma geral, o empresário acredita que o próximo ano será mais promissor, indicando uma retomada mais consistente da atividade industrial paranaense e nacional. “Para 2020, as projeções econômicas realizadas pelo mercado financeiro reforçam o movimento captado pelas estatísticas oficiais. Relatórios de bancos privados indicam crescimento do PIB entre 0,9% e 1% até o final deste ano. Para o próximo ano, os mesmos bancos projetam crescimento da economia brasileira em torno de 2,2%”, informa o economista.

Para Alves, são esperados efeitos positivos decorrentes da política de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e, em grau inferior, do ciclo de redução dos juros. “Por outro lado, os efeitos negativos do cenário externo, mais desafiador, reforçam as evidências de uma recuperação ainda em ritmo lento, com previsão de crescimento mundial de 2,1% para 2020”, acredita.

Sobre 2019

Quando o empresário avalia 2019, a conclusão é de que, apesar de positivo para a indústria do Paraná, que acumula a maior alta do país na produção industrial, as elevadas expectativas do ano anterior não se concretizaram em termos de melhoria de ambiente de negócios. Em 2018, 81% declararam estar com expectativa favorável para este ano. Já na pesquisa atual, apenas 45% dos empresários informaram que o desempenho de sua empresa foi bom ou muito bom.

Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis neste link.