Indicadores de educação avançam, mas desigualdades persistem

Analfabetismo nas regiões Nordeste e Norte ficou acima da média no País. No Vale do Iguaçu, Ensino de Jovens e Adultos minimiza dados

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Atualizado há 5 anos

EDUCAÇÃO: Ler é ainda um desafio para milhões de brasileiros (Foto: Arquivo/JOC).
EDUCAÇÃO: Ler é ainda um desafio para milhões de brasileiros (Foto: Arquivo/JOC).

Dados divulgados na semana passada pelo IBGE mostram que apesar dos avanços na alfabetização, na escolarização das crianças e jovens e no nível de instrução das pessoas de 25 anos ou mais, entre 2016 e 2018, persistem diferenças regionais e por cor ou raça na educação. Em 2018, havia 11,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler e escrever, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 6,8%. Em relação a 2017, houve uma redução de 121 mil analfabetos. Entre pessoas brancas, 3,9% eram analfabetas, enquanto para as de cor preta ou parda a taxa chegou a 9,1%.

O analfabetismo concentrava-se na faixa de 60 anos ou mais, atingindo 18,6% das pessoas desse grupo de idade, proporção que representa 6 milhões de idosos analfabetos. A taxa de analfabetismo reflete as desigualdades regionais, com as taxas mais elevadas no Nordeste (13,9%) e Norte (8%), enquanto no Sudeste era de 3,5%. “É grande o desafio de atingir a meta de erradicação do analfabetismo até 2024, que consta no Plano Nacional de Educação, mas ao mesmo tempo pode haver uma política pública que seja capaz de extinguir o analfabetismo”, explicou na página do órgão, a analista do IBGE, Marina Águas.

Apesar da melhora do quadro do analfabetismo, a pesquisa mostrou que 52,6% da população de 25 anos ou mais não completaram a educação escolar básica e obrigatória em 2018, ou seja, não concluíram no mínimo o ensino médio. No Nordeste, o percentual chegava a 61,1%.

A proporção da população com pelo menos o ensino médio completo nessa faixa etária cresceu de 45% para 47,4%, entre 2016 e 2018. Outro aumento em destaque é o percentual de pessoas com o ensino superior completo, que passou de 15,7% em 2017 para 16,5% em 2018.

Com relação à cor ou raça, 55,8% dos brancos haviam completado, no mínimo, o ciclo básico, já entre os pretos ou pardos esse percentual foi de 40,3%. Entre as mulheres, 49,5% tinham alcançado, ao menos, o ensino médio completo e entre os homens, 45%. “De 2016 a 2018 o Brasil vem melhorando, mais pessoas têm completado a educação básica. Por outro lado, mais da metade da população brasileira ainda não alcançou a etapa básica. Como aos 25 anos essas pessoas já fizeram suas escolhas profissionais, dificilmente vão completar os estudos”, ressalta Marina.

Crianças na sala de aula

A taxa de escolarização das crianças de zero a três anos chegou a 34,2%, o que representa 158 mil crianças a mais. Entre as crianças de 4 e 5 anos, faixa correspondente à pré-escola, a taxa foi 92,4% em 2018, frente aos 91,7% em 2017, totalizando quase 5 milhões de crianças. Já na faixa de idade de 6 a 14 anos, a universalização, desde 2016, já estava praticamente alcançada, com 99,3% das pessoas na escola em 2018. Entre os jovens de 15 a 17 anos, em 2018, foi de 88,2%, acima de 2016 e 2017, quando essa taxa se manteve estável em 87,2%.

Estudando e trabalhando

A pesquisa mostrou, também, que dentre 47,3 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, 13,5% estavam ocupadas e estudando, 23% não estavam ocupadas nem estudando, 28,6% não estavam ocupadas, porém estudavam e 34,9% estavam ocupadas e não estudando.

Entre as pessoas brancas, 16,1% trabalhavam e estudavam ou se qualificavam, percentual maior que entre as pessoas de cor preta ou parda, 11,9%. A proporção de pessoas brancas apenas trabalhando (36,1%) e apenas estudando (29,3%) também superou o de pessoas de cor preta ou parda, 34,2% e 28,1%, respectivamente. “Elevar a instrução e a qualificação dos jovens é uma forma de combater a expressiva desigualdade educacional do país. Além disso, elevar a escolaridade dos jovens e ampliar sua qualificação pode facilitar a inserção no mercado de trabalho, reduzir empregos de baixa qualidade e a alta rotatividade”, conclui a analista.

Ensino para os maiores

Como já mostrou há algumas edições o Jornal O Comércio, os sistemas de Ensino de Jovens e Adultos, disponíveis em vários estados e municípios – também no Vale do Iguaçu – aparecem como alternativas para quem deseja aprender a ler e escrever, ou, concluir as séries faltantes. A última matéria sobre o assunto, publicada no veículo, mostrou os bastidores do EJA em Porto União, na unidade do centro da cidade.

O projeto, local, é mantido pela prefeitura. Além dos professores (cada mestre é formado na disciplina que leciona), a escola oferece merenda e até uniforme. A unidade do centro, na Sete de Setembro, é a sede da modalidade. Ali, as aulas são de segunda à quinta. À noite, a demanda é maior: são seis turmas, inclusive a de alfabetização. No município, funcionam ainda uma unidade no interior, em Bom Princípio, e no bairro São Bernardo.

“O EJA é procurado por quem tem mais de 15 anos e por algum motivo, por quem não teve oportunidade de frequentar o banco escolar na idade normal. Temos muitos trabalhadores aqui e jovens que não cumpriram a jornada escolar”, contou Josilde Tusset, coordenadora do EJA. Os idosos também estão na sala de aula. “São turmas que nos encantam, porque eles querem muito aprender. Eles chegam com medo de não dar conta e depois não conseguem mais sair”.

O EJA oferece a oportunidade de o aluno cursar o Ensino Fundamental, do primeiro ao quarto ano e depois, do sexto ao nono. Para avançar, as regras da modalidade são iguais as das escolas regulares: é preciso ter 75% de frequência, tirar boas notas nas provas e nos trabalhos. Diferente do ensino normal, contudo, a duração da série é menor: em média, em seis meses cada etapa é concluída. As turmas variam de tamanho mas reúnem, cerca de 20 alunos cada um. Toda a capacitação, inclusive o reforço escolar se necessário, é gratuita.

(Fonte: Agência IBGE Notícias).
(Fonte: Agência IBGE Notícias).