Institutos Federais demonstram desempenho superior à média nacional

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Atualizado há 7 anos

Os estudantes dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia apresentam desempenho nas áreas de ciências, leitura e matemática acima da média nacional e dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, divulgado hoje, 6.

A comparação entre a rede federal e a rede particular também mostra que a diferença é significativa, e que os estudantes dos Institutos Federais (IF) estão acima da média entre os estudantes brasileiros.

Nas ciências – área destaque na avaliação de 2015 -, além de ter obtido desempenho melhor que a rede particular, que a média nacional e que os países da OCDE, os IF, com 517 pontos, tiveram desempenho melhor do que países como Nova Zelândia, que alcançou 513 pontos e Austrália, com 510.

Na leitura, a rede pública federal, com 528 pontos, superou países como o Canadá, com 527 pontos, Finlândia, com 526 e Coreia do Sul, com 517.

Em matemática não foi diferente, e a rede pública federal ficou acima da média no País, abaixo, mas muito próxima da média da OCDE.

Institutos Federais

Os IF foram criados por Lei Federal, em 2008, e representam um novo modelo de instituição de educação profissional e tecnológica, estruturados a partir dos Centros Federais de Educação Tecnológicos (Cefet), escolas técnicas e agrotécnicas federais e escolas vinculadas às universidades federais. Os IF são especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, de acordo com os termos da Lei 11.892/2008.

Atualmente, estão em funcionamento no País 38 IF, contemplando todos os estados, sendo que alguns estados possuem mais de uma unidade. O Instituto Federal do Paraná (IFPR) é único no estado, e é composto por 25 campi, distribuído por todas as regiões.

De acordo com a diretora-geral do Campus União da Vitória, Patrícia Cambrussi Bortolini, o modelo adotado no projeto dos IF deve ser incentivado e ampliado. É uma escola de inclusão social, que tem como missão colaborar com a transformação da realidade dos municípios onde estão instalados. “Diferente do que possa parecer ao senso comum, a qualidade representada pelos números apresentados no Pisa não está relacionada exclusivamente ao mérito dos candidatos aprovados na prova do processo seletivo, pois 80% das vagas dos IF são destinadas às cotas de inclusão”, explica.

O coordenador de pesquisa e extensão do Campus União da Vitória do IFPR, Vitor Marcos Gregório, atribui o bom desempenho dos estudantes dos IF ao trabalho dos servidores e ao projeto dos IF. “O comprometimento com a educação pública e inclusiva de ótima qualidade reflete no empenho dos estudantes, que se dedicam realmente a aprender, trazendo resultados como este. Além do resultado do Pisa, o resultado de todo trabalho realizado, conhecimento gerado, vem sendo disseminado sempre que os estudantes participam de seminários regionais e locais, como o Seminário de Extensão, Ensino, Pesquisa e Inovação do IFPR (Se2pin), e a Mostra de Inovação Pesquisa, Ensino, Extensão e Cultura do Campus União da Vitória (Mipeec), e internacionais, como a Feira de Inovação das Ciências e Engenharias (Ficiencias)”, afirma.

Investimentos

De acordo com o relatório do Pisa, o PIB per capita do Brasil é de pouco mais de 15 dólares, enquanto a média do PIB per capita nos países da OCDE é perto de 40 dólares. O investimento por aluno entre seis e 15 anos no Brasil é de 38 dólares, que equivale a 42% da média do gasto por aluno em países da OCDE, que passa dos 90. Comparando com a avaliação anterior, realizada em 2012, o aumento no investimento foi de 10 pontos percentuais, contudo a OCDE sinaliza que esse aumento no investimento precisam ser convertidos em melhores resultados na aprendizagem dos alunos.

Em 2012, com quatro anos de existência, os IF não representavam grande diferença na avaliação. Três anos depois, representam exemplos de investimento na educação pública que já apresentam resultados visíveis. Para a professora de inglês do IFPR Campus União da Vitória, Alessandra Bernardes Bender, se fosse para o País adotar um modelo novo de Ensino Médio, deveria tomar os IF como exemplo.

No Campus União da Vitória do IFPR a recuperação dos conteúdos é levada a sério e tem surtido resultados positivos. O professor Ederson Marcelino da Silva desenvolve projetos de ensino e pesquisa, com intuito de resgatar estudantes com dificuldade de aprendizado em matemática. Este ano, os estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, Kauana Gabriele Pereira e Allan Gabriel Cordeiro Matulle, que participaram desse projeto, foram premiados entre os melhores trabalhos da área de ciências exatas na V Ficiencias, realizada anualmente no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu. De acordo com o professor, isso representa o início de um resgate de estudantes com dificuldades de aprendizado na matéria.

A professora Alessandra e a professora de espanhol Mara Regina Gregório Kusma, realizam projeto semelhante, na área de língua portuguesa. Após perceber que os estudantes do primeiro ano ingressavam no Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio com dificuldades de compreensão e interpretação de texto, propuseram um projeto inovador. Com tratamento individualizado, as professoras realizam, no início do ano, um forte trabalho voltado a leitura a fim de sanar as dificuldades observadas. Segundo relatam, estudantes que realizaram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), este ano, relataram que tiveram mais facilidade na interpretação e compreensão das questões devido a trabalho realizado.

Pisa

O Pisa é desenvolvido e coordenado pela OCDE, no Brasil é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A avaliação é realizada a cada três anos e testa os conhecimentos e habilidades de ciências, leitura e matemática de estudantes de 15 anos de países-membros da OCDE e parceiros. Em 2015, a aplicação foi feita por meio do computador, com foco em ciências. A avaliação envolveu, aproximadamente, 33 mil estudantes matriculados a partir do sétimo ano do Ensino Fundamental.

A OCDE é formada por países como Alemanha, Chile, Coreia do Sul, Grécia, Holanda México e Polônia. Os países-parceiros são Argentina, Brasil, China, Peru, Qatar e Sérvia.