NO ENSINO SUPERIOR: Telefone na sala de aula é permitido, mas pode atrapalhar

Acesso à internet e à comunicação virtual estão liberadas em três das quatro faculdades locais. Educadores questionam benefícios

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Atualizado há 9 anos

O ensino superior é um campo mais flexível. Quem está na faculdade é adulto. Logo, tem consciência do que pode ou não fazer dentro da sala de aula. Mas, a falta de maturidade, às vezes, fica nítida quando o acesso à comunicação está liberado. Uma mensagem de texto aqui, um “whats” aqui e lá se vai boa parte da explicação do professor. Para os mestres, a conexão atrapalha: afinal, eles disputam com os aplicativos a atenção dos pupilos.

Nas Cidades Irmãs, o acesso à internet e ao uso do telefone em sala de aula é liberado em três instituições de ensino superior. São elas: a Uniguaçu, a Universidade do Contestado (UnC) e o Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv). A exceção está no único estabelecimento público. No campus da Unespar, em União, falar ao telefone ou navegar na internet é proibido na sala de aula.

No entendimento do diretor, Valderlei Sanches, a atenção deve estar focada para o professor. “No primeiro dia de aula reunimos os alunos no auditório e explicamos que não pode. Tem professor que apenas permite que o aluno atenda o telefone lá fora”, explica. A Unespar não dispõe de sinal wi-fi. As regras são questionadas pelos alunos, mas, a maioria, garante o diretor, as aceita.

celular-saladeaula2Já nas três instituições privadas, o acesso é livre. Todas oferecem sinal para conexão. Mas, embora permita a conexão durante a aula, os estabelecimentos enfrentam a polêmica. Há professores que entendem a gestão da reitoria; outros, que questionam até onde a permissão pode ser benéfica.

Por isso, na Uniguaçu, UnC e Uniuv, a decisão de liberar o acesso cabe ao professor da disciplina. “Tem até disciplina que é preciso usar a internet, mas tem outras que não, como Direito e Administração. Cada professor tem o papel de permitir ou não o uso do telefone. Nós oferecemos o sinal e o professor tem autonomia para decidir”, conta o coordenador administrativo da Uniguaçu, Hilton Tomal.

O vice-reitor da Uniuv também entende a necessidade da ferramenta para uso acadêmico. Até docente: na instituição, as chamadas são feitas de maneira digital. “Entendemos que não há como fugir disso, mas a gente entende e orienta que durante a sala de aula, os alunos evitem o uso. Cada professor conduz do seu jeito. Alguns até sugerem que usem o aparelho em sala de aula”, pontua Lúcio Kürten dos Passos. “Não dá para negar que é uma praticidade”, completa.

Autonomia é o que prega a reitoria da UnC. Não existe vedação para o uso das mídias. Neste aspecto, inclusive, a Instituição espera sair na frente a partir da oferta do curso de metodologia ativa do ensino superior para os professores. “É para se discutir isso tudo e até usar as mídias como ferramenta na sala de aula”, esclarece o coordenador do campus em Porto União, Marcelo Boldori. Mesmo moderno, o conceito tem divergências. “Tem professor que aprecia o uso e outros que não, mas na sala de aula ele é autoridade e por isso decide se o aluno pode ou não usar o aparelho”, afirma.

É saudável?

Que a conexão com o mundo digital é importante, ninguém tem dúvida. Ter informação e diversão na palma da mão é sinônimo de evolução. Mas, até que ponto ficar conectado é saudável? Para a pedagoga Luciane Maria Figueiredo de Souza, na sala de aula o uso só é interessante para o aluno quanto tem fins educativos. “Claro, os alunos do superior têm muito o que aprender, mas já tem o censo crítico. É uma conscientização. Quem perde usando o celular o tempo todo é o aluno”, avalia.

Como as reitorias, ela também concorda que o professor deve ter autonomia e orientar o uso, quando necessário. “O professor tem que orientar, dizer o momento de utilizar o dispositivo a favor do ensino e aprendizagem”, afirma.