Artigo de Tadeu Ribeiro: Espetáculo Coppélia

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Atualizado há 11 anos

Alunas que irão dançar no espetáculo. (Foto: Gohl Graf)

Aproxima-se o dia em que mais um sonho se torna realidade. É a marca da qualidade da fé inteligente que é movida pela ideologia, pela atitude gerando ação.

Com esta proposta o Centro de Danças trabalha dentro de uma metodologia rígida, mas não marcial, por que a rigidez é movida pela disciplina que comanda a perfeição. Uma perfeição onde o importante é a coletividade, sem dar espaço para o individualismo, o egocentrismo. Nesta ação, a primeira pessoa do singular dos pronomes pessoais dá espaço a primeira pessoa do plural por que neste pronome “encontramos” espírito de equipe.

Neste ano, o Centro de Danças adapta e remonta Coppélia, ballet de repertório em três atos com música de Léo Delibes, conta a história de um fabricante de bonecas e que se passa na Cracóvia- Polônia.

Com mais de 100 artistas e bailarinos em cena, a remontagem esta sendo preparada oficialmente desde o início do mês de setembro. Cada detalhe cenográfico, costume, cena e coreografia são programados, e pedagogicamente passados aos alunos, uma vez que a dança clássica de repertório não aceita improvisação.

Todos os elementos que compõem a grade no ensino do ballet clássico são informados para que o aluno do Centro de Danças possa usar dentro da metodologia do Construtivismo, para a sua edificação do conhecimento. Sendo assim, a competição de Ego não toma parte na alma dançante.

A vida é feita de fases e todos nós devemos com sabedoria, entender que quando finaliza uma fase devemos abrir espaço para que outra fase em nossa vida se inicie.
As candidatas ao título de bailarinas clássica neste ano de 2012, Barbara Stachera, Gabriela M. Roveda Helvinkel, Iris Elizabete Silva, Karla Giovana Farias e Romana Hoffmann Frost entendem que está terminando o nono ano de ensino da dança clássica, onde o aprendizado passou por todos os estágios. Em todos eles, a razão artística e a função coreográfica são bem compreensíveis. Do mesmo modo que os exercícios musculares fortalecem as pernas para criar solidez e equilíbrio do corpo (Aplomb), e a máxima elevação dançante (ballon), paralelamente, os exercícios suaves da parte superior do corpo suavizam e harmonizam os movimentos do busto, dos braços, da cabeça, aprimorando a graça harmoniosa ao corpo e a eurritmia plástica dos alunos bailarinos. ( “Plastique rythimique”).

Esta poesia coreográfica chamada dança clássica é escrita por gestos e movimentos dançantes que harmonizam a forma plástica com a sensibilidade artística do dançarino. A dança clássica poética e simbólica pode revelar as ideias de difícil enunciado, expressando as de maneira mais clara, visível e compreensível a todos, em imagens vivas, em símbolos poéticos dançantes expressando a poesia pela dança e a prosa pelo gesto.

A disciplina clássica é assim: construída com tempo para que cada aluno possa conceber suas razões e entender que a disciplina não é para satisfazer ao professor, mas para ser usada em toda a trajetória pessoal, social, profissional e intelectual para construir sua organização mental.

Nos dias 23 e 24 de novembro de 2012 o Centro de Danças fará sua apresentação anual no Cine Teatro Luz de União da Vitória. A sociedade poderá brindar mais um grande espetáculo, onde antes de tudo, quem brilhará serão pessoas de nossa sociedade, em sua maioria infante, e juvenil, pois o mundo pertence a eles. Nesta oportunidade, a sociedade poderá fazer uma leitura através dos passos da dança clássica que são verdadeiramente usados como forma da educação pelo movimento.

Para os alunos do Centro de Danças, é fruto de mais um ano de trabalho. Para as cinco alunas que concorrem com o espetáculo para receberem os títulos de bailarinas clássicas pelo Centro de Danças, é um momento esperado para que quando abrir as cortinas e a luz da ribalta singrar o linóleo do palco, seus corações pulsarão mais forte porque será um corpo colocado a serviço da dança e sua dança, colocada a serviço de um personagem.

Todo conjunto nesse espetáculo será movido pela alma que enleva para o abstrato mundo da dança clássica, onde o limite fica entre a razão da técnica e a emoção causada por mais uma realização. No palco, os artistas bailarinos serão admirados por milhares de olhos que parecem anjos a vigiar cada movimento. Quando suas vestes se movimentarem, hão de parecerem velas infladas pelos ventos dos mares levando veleiros a outros mundos, onde o oceano é o palco.

Os aplausos de uma plateia que sempre tem acompanhado meu trabalho de repertórios clássicos com formas paradidáticas, com certeza encherão de orgulho nossos pequenos, transformados em realezas, pois serão para eles que nos curvamos pela bravura que esses pequenos executam cada passo, cada gesto e mímica que da vida a personagens de um belo ballét.
Muita luz para todos.
*Tadeu Ribeiro é diretor de ballets de repertório e escritor.