Espaço Cultural por Therezinha Wolff: Família Mattos

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Atualizado há 11 anos

*Por Therezinha Wolff*

Da esquerda para a direita, em pé: Onadir, Maria Júlia, Astrogilda, Francisca e Adalberto. Sentados: Zeferino (genro), Zoraide, Anacleto, Florisa e Ovídio. Crianças da esquerda para a direita: Marcos Roberto, Maria da Graça e Antônio Carlos.

Atingir a longevidade em um município de porte médio, onde se nasce, cresce e trabalha é privilégio de poucos. Alguns que tem a oportunidade de acompanhar o desenrolar dos fatos em diferentes aspectos e épocas.

Vivemos inicialmente descobrindo a vizinhança, agregando amigos em cada fase da vida, reunindo esperanças para formar conceitos e nosso universo. Do tanto que já palmilhei esta terra, muitas famílias conheci e aprendi a respeitar, memorizando detalhes, partes que são da história considerando a união existente entre seus membros, bem assim os compromissos de trabalho assumido como profissionais, de um envolvimento demonstrado em sociedade.

Daquelas ainda entre nós, a família Mattos de tradição cultural invejável, foi sempre conhecida por sua vivência dentro de tais princípios e por isso admirada. Com os pais e os irmãos Zoraide, Ovídio, Astrogilda, Adalberto, Francisca, Maria Júlia e Onadir deixaram marcas indeléveis na memória de quantos.

Nas programações sociais, esportivas, cívicas, educacionais, religiosas, nas inaugurações, nas composições das diretorias das instituições havia sempre um representante da família Mattos.

Lembro-me que nos bailes dos clubes sociais, quantas vezes em qualquer ritmo, na época: boleros, tangos, sambas, mambos e valsas, lá estavam os irmãos Mattos dando verdadeiras “aulas” de dança para os que paravam de dançar, admirando-os. Carnavalescos, sempre com animação e responsabilidade lideravam blocos de moças e rapazes.

Francisca (Chiquita, como é carinhosamente chamada) uma guerreira, superando percalços que a vida coloca em seu caminho é a remanescente dos irmãos.
Sempre com um sorriso de otimismo, uma palavra de consolo para aqueles que a procuram.

Uma memória prodigiosa a rememorar coisas da nossa história e “receitar” um remédio (infusões caseiras para algum mal que nos perturbe no dia a dia).
Maria Júlia a amiga e colega no magistério, a secretária da Associação de Proteção a Maternidade e Infância, a desenhista de letras góticas que tantos diplomas de honrarias confeccionou.

Onadir, o amigo que mesmo quando morando em Curitiba procurava “matar” a saudade de Porto União e União da Vitória participando da diretoria dos “Ex-Moradores das Gêmeas”.

Reuniam-se a cada aniversário do Município
Adalberto, cuja voz semelhante a de Francisco Alves, por tantas vezes abrilhantou festas escolares e as chamadas “festas americanas” do grupo de amigos. Astrogilda, além de todos os atributos como educadora, tantas vezes homenageada como tal, era eximia desenhista e pintora.

Das festas e programações as mais diversas foi a coordenadora: do cinqüentenário de Porto União e cinqüentenário do Grupo Escolar Prof. Balduino Cardoso. A inesquecível educadora nos deixou no último dia oito de novembro para juntar-se aos seus familiares que já se encontram no outro lado da vida.

Pela sua eterna juventude de acendrado espírito portunionense, foi ela quem idealizou a Bandeira do Município, fundou a Biblioteca Cid Gonzaga anexa ao Clube Concórdia, clube que formou também o Grêmio da Primavera, com estatutos próprios publicados no Diário Oficial de Santa Catarina, o qual presidiu por longo tempo.

Estes alguns lances de memória que guardo da família Mattos. Para não fugir aos fatos muito ainda teria para acrescentar. Hoje, entretanto, rendo-me a encerrar este espaço para prestar a família Mattos a minha homenagem e em especial a professora Astrogilda, que embora os títulos e galardões recebidos nunca esqueceu a humildade e a amizade.
Educadora na qual tentei me espelhar para realizar-me como ser humano e dedicar-me com devoção as causas culturais.

Seu nome já está nos anais da história de Santa Catarina e Porto União, assim como assim está o da família Mattos desde o senhor Anacleto, com seu trabalho de alfaiate, ao labor de sua esposa, mãe e dona de casa Florisa.