Obra vai muito além da continência

Livro produzido por militares revela os bastidores da criação do batalhão em Porto União. Publicação deve ser lançada ainda no centenário da instituição

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

batalhão-livro-capa2A obra é a primeira grande publicação oficial sobre o assunto. Escrita por quem vive a história de perto, o livro, 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, cem anos de história, remonta os bastidores da instalação da instituição em Porto União, bem como narra a ansiedade da comunidade diante da vinda do Exército à cidade.

O livro é completo, dividido em duas edições. A primeira, com mais de 300 páginas e pelo menos 200 imagens, todas do arquivo militar, deve ser lançada na comemoração dos 101 anos do batalhão, comemorados em 1º de maio. A segunda parte, tão extensa quanto a primeira, deve chegar às mãos dos leitores em até um ano, portanto, na celebração dos 102 anos da entidade.

Debruçam-se sobre a produção desde 2011, uma comissão de militares, liderada pelo sargento Sanches. O tenente-coronel, Franco Azevedo, integra o grupo e apóia a produção.

Narrações de uma história

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Tenente-coronel Franco Azevedo e sargento Sanches acompanham evolução das pesquisas. (Foto: Mariana Honesko).

Conforme Sanches, o primeiro volume do livro busca nas datas e acontecimentos, contar a história de criação e organização do 5º BEC. Já nas primeiras páginas será possível encontrar duas datas distintas. “O Batalhão foi criado em 1908 e organizado em 1913”, explica Franco Azevedo. A obra vai além e resgata o nascimento bem antes dele ocorrer. “O batalhão veio de Paranaguá, passou por Curitiba e Castro antes de chegar na cidade”, conta Sanches.

O sargento, debruçado sobre papeis, documentos, reportagens e boletins, descobriu, ainda, que na década de 30, uma subunidade da Infantaria, ligada à Ponta Grossa, ficou por cerca de dez anos em Porto União. O levantamento mostra que era algo temporário já que reportagens da época confirmavam a comoção que a instalação de um batalhão definitivo, causava na comunidade. Este panorama emocional é a grande sacada e a intenção de Sanches. “Eu queria realmente mostrar este panorama, essa expectativa”, sorri.

Neste aspecto, o jornal O Comercio aparece como uma das principais fontes para a pesquisa. Foi por meio das reportagens que a comissão descobriu a aceitação do público pela presença militar bem como soube dos detalhes da cerimônia de fundação. “Nossa principal fonte foram os nossos boletins internos que desde 1913 estão aqui, em bom estado, com poucas falhas mas tem detalhes que nós só descobrimos por meio do jornal. Foi uma fonte valiosa”, explica. “A cerimônia de instalação só ficou clara por conta das informações do jornal O Comércio”, completa. Sanches teve acesso ao arquivo impresso e digital, já disponível parcialmente. O jornal tem 83 anos e é uma das principais referencias para pesquisa na região.

A obra será editorada no Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv). A primeira parte está na fase de correção e quase pronto para a impressão. Conforme o tenente-coronel, saem do forno cerca de 500 cópias. “Mais tarde, se acharmos que é interessante, publicaremos mais”, sinaliza.
Para quem gosta de adrenalina

Se a primeira parte da obra é mais lenta e pontuada em datas, a segunda promete prender ainda mais a atenção dos leitores. “É só emoção”, sintetiza, com bom humor, o sargento Sanches. Os capítulos narram – e mostram com imagens – a participação dos militares nos conflitos, revoluções, missões de paz e na construção de estradas. A oba tem mais de 300 páginas e será muito bem ilustrada.

Militares ajudam na construção da UFPR

Detalhes pouco conhecidos vêm à tona. Conforme Sanches, parte da primeira obra aborda a participação militar nas ações em prol da educação. Na verdade, as atividades para este campo foram tanta que o assunto tem um capítulo só para ele. Militares de Porto União, por exemplo, participaram da fundação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O capitulo homenageia, inclusive, Guilherme Baeta, que teria desenhado a fachada do imóvel principal da instituição, bem como lecionado para os cursos de Engenharia. O capitulo mostra ainda as aulas de alfabetização, ministras em Porto União, entre os anos de 1943 e 1980. A evolução do Exército Brasileiro e da unidade local, também aparecem nestas páginas.

Homenagens

Os livros não deixam de lembrar os nomes de quem incentivou a publicação e de que dentro da carreira militar, fez sua própria história. É o caso, por exemplo, do tenente-coronel da reserva, Dório Elias Sava, assassinado durante um assalto em Curitiba em 2004. Dois anos antes, ele teria dado impulso à criação das obras. Os comandantes que sucederam seu trabalho também foram lembrados.

O primeiro volume do livro será prefaciado pelo general, José Luiz de Paiva, diretor de projetos de Engenharia da Diretoria de Engenharia de Construção (em Brasília).