Portas abertas para uma viagem no tempo

Obra vai abrigar museu e biblioteca. Construção faz homenagem à Aniz Domingos e à divisa dos municípios

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

MUSEU - CAPA
Salas são amplas, claras e com acessibilidade (Fotos/Mariana Honesko)

Iniciada em outubro de 2010, a construção deve ser concluída ainda neste ano. Alzira Domingos, que responde pelo investimento financeiro da estrutura, prefere não falar em datas. Tampouco sobre a real função do empreendimento. Originalmente, a obra abrigaria uma biblioteca mas, com o tempo, os rumos mudaram. Alzira acabou reunindo um grande acervo de peças e material histórico. “Agora ficou uma biblioteca e museu”, sorri a professora aposentada. É bem provável que as estruturas fiquem juntas, no mesmo lugar.

Espaço para isso tudo e muito mais, não faltam. A construção, desenhada pelo engenheiro Adailton Lehrer, tem cerca de 300 metros quadrados. Mesmo sem pintura, revela traços finos e um interessante chafariz em sua fachada. A obra é acessível e temporariamente segue fechada. À reportagem de O Comércio, Alzira abriu às portas do complexo.

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Boa parte do acervo já está sendo catalogada

Por lá, um universo de cultura mistura-se à vontade da professora em homenagear um de seus 11 irmãos, o também professor, já falecido, Aniz Domingos. “Na época, ele tinha a maior biblioteca particular da região”, conta, com orgulho. Aniz morreu em 1994. A obra, visitada por Alzira todos os dias, é custeada justamente com recursos deixados pelo irmão. Aliás, Aniz empresa seu nome ao espaço. A professora, única sobrevivente da família de imigrantes libaneses, administra as finanças. “Já passei da conta”, brinca, ao falar sobre os valores já aplicados na ação.

O museu é amplo, iluminado e bem arejado. Há banheiros para homens e mulheres, bem como salas já reservadas para acervos pontuais. É o caso, por exemplo, do ambiente que vai receber peças históricas da extinta Rede Ferroviária, objetos das prefeituras de União da Vitória e, como não poderia deixar de ser, da sala que reúne pertences do próprio Aniz. Nas prateleiras previamente organizadas, já é possível reconhecer o gosto do professor pela fotografia, cultura libanesa e literatura. Já está no museu, também, um piano, que, segundo Alzira, esteve por certo tempo na Escola Municipal Professor Serapião. “É um sonho. Vai ser o cartão-postal da cidade”, sorri Alzira.

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Até o piano, então na escola Professor Serapião, ficará no museu

Após a conclusão, o museu será entregue à prefeitura. A intenção de Alzira é que o espaço seja aberto à comunidade, gratuitamente, e por lá ocorram capacitações e exposições itinerantes.

Apoio para organização

Alzira não cuida da catalogação ou limpeza das peças. Antes, administra a recepção das peças, cedidas por amigos e familiares. Nos bastidores, a prefeitura já atuou com a doação do terreno e a Secretaria da Cultura de União da Vitória, com a cessão de funcionários, bem como com a curadoria do acervo. No final de semana, um grupo de profissionais, entre eles museólogos, de Curitiba, visitou o espaço. “Essa obra terá um marco. Lá vai ser onde as pessoas terão uma referência. Em uma biblioteca você vê a data, o assunto. Ali é a chance de saber mais”, avalia o coordenador de projetos da secretaria, Daniel Correia.

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Amor fraterno: obra gerenciada por Alzira é uma homenagem ao irmão, Aniz Domingos

Ele aposta, especialmente, no significado da colocação de aspectos históricos, com cronologia, em cada ambiente. Com o recurso, será possível uma localização completa de tempo e espaço. “Teremos fotos, imagens. Vai dar para acompanhar passo a passo o que ocorreu”, sorri.

Conforme a secretaria, este é o único museu de União da Vitória. Antes, parte do acervo estava no Museu Salustiano Costa Junior, em Porto União.