Viver da música é possível, mas não é fácil

No Brasil muitas pessoas trabalham de forma direta ou indireta com a música, mas fica a pergunta: é possível colher frutos desse trabalho?

·
Atualizado há 12 anos

Muitos acreditam que para ser músico é necessário nascer ‘estrela’, ter sorte ou que a ajuda de algumas aulas de escola de bairro lhe trará o talento esperado, mas não é assim que funciona. A graduação é crucial na formação de um músico.  Para quem quer se aprofundar no mundo da música cursar o ensino superior é importante.

Para Marco Aurélio Ribas Saldanha, mais conhecido como ‘Marcão’, 41 anos, cursar ensino superior em música foi decisivo na sua profissão. Marcão Saldanha está cursando Licenciatura em Música pela Universidade do Contestado – Canoinhas (SC)/Núcleo Porto União e confessa ser ‘Caxias’ em sala de aula. “Às vezes me pergunto se não estou incomodando outras pessoas da sala, pois sou muito interessado nas aulas”, disse Marcão.

“Sou o primeiro a chegar e o último a sair da faculdade”, contou animado.
Marco Saldanha tem 25 anos de estrada e o seu gosto pela música começou aos 8 anos de idade. Marco foi em um show da banda Blindagem em União da Vitória, na Praça Coronel Amazonas. Após o show ficou animado e começou pensar em seguir a linha musical como profissão.
Aos 15 anos Marco começou tocar com alguns amigos, e desabafou que não tinha dinheiro para comprar uma bateria. “No início eu tocava em uma penteadeira. Abria as gavetas e tocava, após algum tempo eu comprei uma bateria de vigésima mão”, riu.

Hoje Marco toca em Curitiba com um grupo chamado Viola Quebrada, e também leciona algumas aulas. Recentemente o grupo gravou um DVD que cantavam com Cascatinha e Inhana ao vivo no Teatro Paiol, Curitiba (PR).

Marco toca Bateria e Percussão e segundo ele canta um pouco quando está em casa.

Financeiro

De acordo com Marcão os frutos do seu trabalho geralmente são provenientes de projetos. Os dois últimos foram o Projeto Cultural Pixinguinha em 2005 e o Projeto Acorde Brasileiro – Encontro Nacional de músicas Regionais na cidade de Porto Alegre (RS) em 2007.

De família de músicos, Marco Saldanha fala que para viver de música não é difícil e que as pessoas devem seguir o que gostam, pois a vida é curta e devemos aproveitar e fazer o que gostamos.

Mas não descarta que já passou poucas e boas na música. “Já levei calote de casas em que toquei e já fiquei uma semana sem dinheiro para fazer cursos de percussão”, confessou.

“Teve uma vez que cheguei a uma loja de CDs importados e tinha 80 reais no bolso e comprei um CD de 75 reais. Passei a semana controlando os meus gastos”, falou Marcão.

Já para Hugo, da banda Tulipa, a profissão é feita de escolhas que muitas vezes são difíceis de ser tomadas. “Eu não tenho natal, ano novo, final de semana, páscoa. Eu ainda tenho casa, família e faculdade para conciliar. E muitos pensam que músico fica dormindo até meio e não tem responsabilidades”, desabafou.

“A sociedade generaliza”, disse Hugo.

Hugo trabalha com projetos voltados para a música no Colégio Santos Anjos e canta. Trabalhando direta ou indiretamente com a música, Hugo sempre esteve inserido na música. “Desde criança eu gostei de música, é uma coisa que envolve você, que te conquista”, declarou.

“Eu vivo de música, meu único emprego registrado foi aos 14 anos como cobrador da Rádio União”, disse sorridente.

Hugo ainda acrescentou que viver da música não é difícil, e que em União da Vitória, para ele, não falta trabalho.

Preferência

O cantor da banda Tulipa declarou que seu estilo musical preferido é MPB, mas que a banda deve tocar todos os ritmos. “Hoje as músicas que mais pedem são Ai se eu te pego, Tecnobrega e Tchu Tcha”.

“Eu não posso definir o repertório com o meu estilo musical, eu tenho que fazer uma leitura do meu público, aí sim eu canto. Devemos respeitar todos os gostos”, finalizou.