Cirurgia plástica pode ir além da vaidade

Para médica, Maria Elize Rocha Sanches, intervenções podem devolver bem-estar e, em crianças, a funcionalidade do corpo

·
Atualizado há 6 anos

Para cirurgiã plástica, procedimentos estéticos já deixaram de ser apenas intervenções em prol da beleza
Para cirurgiã plástica, procedimentos estéticos já deixaram de ser apenas intervenções em prol da beleza

Apesar de ainda estar associado ao luxo e ser considerada um excesso de vaidade, a cirurgia plástica vive dias mais ‘pés no chão’. É que a intervenção ficou mais barata e seu conceito vem mudando. Obviamente, a cirurgia plástica continua sendo procurada por quem quer dar um up no visual, melhorar o que não agrada tanto.

Contudo, a intervenção também vem sendo muito procurada para reparar, especialmente quando a estética está prejudicada por conta de uma doença, de um trauma, de um acidente, por exemplo. Só para se ter ideia, uma das cirurgias mais realizadas atualmente é a que repara a pele de crianças queimadas. A cirurgiã plástica, Maria Elise Rocha Sanches, que atende em Guarapuava e em União da Vitória, a cirurgia estética tem um campo muito grande de atuação, mas, a vaidade ainda motiva a procura pelo procedimento. “A mulher brasileira é muito vaidosa”, afirma a cirurgiã plástica.

ENTREVISTA

Jornal O Comércio (JOC) – Cirurgia estética ainda é algo muito caro?

Maria Elise (ME) – Antes era mesmo, onde apenas a elite tinha acesso. Há muito tempo isso mudou, o País mudou. O Brasil é o segundo maior em cirurgias plásticas e não é o segundo mais rico do mundo. No Brasil, a cirurgia plástica está muito democratizada. Opero muitos pacientes estrangeiros, porque aqui, a cirurgia tem custo mais reduzido. Ela é popularizada e forte em técnicas aqui no País.

JOC – Acha que o povo brasileiro é mais vaidoso?

ME – Sim, as mulheres são mais vaidosas. Na Europa, por exemplo, as mulheres são mais discretas, que fumam muito, que não se cuidam muito. A parte cirúrgica tem grandes centros de treinamento e isso tudo encoraja a procura.

JOC – Qual a diferença entre a cirurgia estética e a reparadora?

ME – A estética visa a melhoria do corpo do paciente, em virtude do tempo, da idade, da gestação. A reparadora, melhora a função. Ela se aplica em pacientes queimados, fissuras labiais, má formação corporal. Sempre é uma cirurgia plástica que vai tratar. Tanto a estética quanto a reparadora têm muita demanda no Brasil.

JOC – E as mulheres são maioria?

ME – A vaidade vem crescendo entre os homens, mas as mulheres ocupam o topo. Os homens procuram muito tratamento facial. Faço procedimentos de pálpebras, rinoplastia, também. Mas percebo que o implante capilar é algo que se busca muito, embora não seja minha área.

JOC – Todo processo demanda de anestesia e de uma internação?

ME – Dependendo do caso, a gente vai direcionar para um determinado tipo de tratamento.

JOC – As crianças também são tratadas com cirurgia plástica?

ME – Sim, especialmente na questão de reparar, como é o caso de alguma má formação, do lábio leporino. Mas as estéticas também aparecem, como a correção das orelhas de abano, por exemplo. Agora, o campeão mesmo, é o tratamento para queimadura. É muito a questão da funcionalidade. Uma criança que queima a mão, por exemplo, pode ter problemas na escrita, no desenvolvimento, porque a pele muda enquanto a criança vai crescendo. A estética age não só no que se pode ver.

JOC – Por que tantos casos de queimaduras?

ME – As crianças são imprevisíveis. A maior parte é incidente. Os bebês podem queimar o bumbum na água da banheira, por exemplo. As mães nunca querem isso. O principal é restringir cuidados, ficar alertas, é cuidar em casa. Temos casos mais sérios, complexos, com risco de vida.

JOC – E as cicatrizes?

ME – Elas podem ser suavizadas e a cirurgia devolve a função.

Entrevista

Todo o conteúdo em áudio da entrevista está disponível na página da CBN Vale do Iguaçu, a partir do Portal VVale. O acesso é gratuito. O endereço eletrônico é o https://www.vvale.com.br/cbnvaledoiguacu.