Apesar de ainda estar associado ao luxo e ser considerada um excesso de vaidade, a cirurgia plástica vive dias mais ‘pés no chão’. É que a intervenção ficou mais barata e seu conceito vem mudando. Obviamente, a cirurgia plástica continua sendo procurada por quem quer dar um up no visual, melhorar o que não agrada tanto.
Contudo, a intervenção também vem sendo muito procurada para reparar, especialmente quando a estética está prejudicada por conta de uma doença, de um trauma, de um acidente, por exemplo. Só para se ter ideia, uma das cirurgias mais realizadas atualmente é a que repara a pele de crianças queimadas. A cirurgiã plástica, Maria Elise Rocha Sanches, que atende em Guarapuava e em União da Vitória, a cirurgia estética tem um campo muito grande de atuação, mas, a vaidade ainda motiva a procura pelo procedimento. “A mulher brasileira é muito vaidosa”, afirma a cirurgiã plástica.
ENTREVISTA
Jornal O Comércio (JOC) – Cirurgia estética ainda é algo muito caro?
Maria Elise (ME) – Antes era mesmo, onde apenas a elite tinha acesso. Há muito tempo isso mudou, o País mudou. O Brasil é o segundo maior em cirurgias plásticas e não é o segundo mais rico do mundo. No Brasil, a cirurgia plástica está muito democratizada. Opero muitos pacientes estrangeiros, porque aqui, a cirurgia tem custo mais reduzido. Ela é popularizada e forte em técnicas aqui no País.
JOC – Acha que o povo brasileiro é mais vaidoso?
ME – Sim, as mulheres são mais vaidosas. Na Europa, por exemplo, as mulheres são mais discretas, que fumam muito, que não se cuidam muito. A parte cirúrgica tem grandes centros de treinamento e isso tudo encoraja a procura.
JOC – Qual a diferença entre a cirurgia estética e a reparadora?
ME – A estética visa a melhoria do corpo do paciente, em virtude do tempo, da idade, da gestação. A reparadora, melhora a função. Ela se aplica em pacientes queimados, fissuras labiais, má formação corporal. Sempre é uma cirurgia plástica que vai tratar. Tanto a estética quanto a reparadora têm muita demanda no Brasil.
JOC – E as mulheres são maioria?
ME – A vaidade vem crescendo entre os homens, mas as mulheres ocupam o topo. Os homens procuram muito tratamento facial. Faço procedimentos de pálpebras, rinoplastia, também. Mas percebo que o implante capilar é algo que se busca muito, embora não seja minha área.
JOC – Todo processo demanda de anestesia e de uma internação?
ME – Dependendo do caso, a gente vai direcionar para um determinado tipo de tratamento.
JOC – As crianças também são tratadas com cirurgia plástica?
ME – Sim, especialmente na questão de reparar, como é o caso de alguma má formação, do lábio leporino. Mas as estéticas também aparecem, como a correção das orelhas de abano, por exemplo. Agora, o campeão mesmo, é o tratamento para queimadura. É muito a questão da funcionalidade. Uma criança que queima a mão, por exemplo, pode ter problemas na escrita, no desenvolvimento, porque a pele muda enquanto a criança vai crescendo. A estética age não só no que se pode ver.
JOC – Por que tantos casos de queimaduras?
ME – As crianças são imprevisíveis. A maior parte é incidente. Os bebês podem queimar o bumbum na água da banheira, por exemplo. As mães nunca querem isso. O principal é restringir cuidados, ficar alertas, é cuidar em casa. Temos casos mais sérios, complexos, com risco de vida.
JOC – E as cicatrizes?
ME – Elas podem ser suavizadas e a cirurgia devolve a função.
Entrevista
Todo o conteúdo em áudio da entrevista está disponível na página da CBN Vale do Iguaçu, a partir do Portal VVale. O acesso é gratuito. O endereço eletrônico é o https://www.vvale.com.br/cbnvaledoiguacu.