Mudanças climáticas podem afetar a economia do País

Avaliação é do climatologista e pesquisador, Carlos Nobre, que alerta para a importância do desenvolvimento sustentável

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Atualizado há 5 anos

Para profissional, impacto do aquecimento na agricultura, desencadearia uma sequência de prejuízos  (Foto: Arquivo/JOC).
Para profissional, impacto do aquecimento na agricultura, desencadearia uma sequência de prejuízos
(Foto: Arquivo/JOC).

As mudanças climáticas podem trazer prejuízos na agricultura, pecuária, geração de energia, e também para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os valores e bens e serviços produzidos no Brasil. A avaliação é do climatologista Carlos Nobre, e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza. “Se a temperatura subir entre 3°C e 4°C, o Brasil não terá mais condições de manter uma expressiva produção agrícola. Talvez apenas a Região Sul tenha alguma condição. A pecuária também vai cair muito”, declarou. Nobre falou sobre essa relação, meio ambiente e economia, em uma entrevista concedida ao jornal O Comércio e à CBN Vale do Iguaçu (leia o quadro).

Na avaliação do profissional, com a diminuição nos impactos ambientais, redução de emissão de gases poluentes na atmosfera e a preservação do meio ambiente garantirá que a economia brasileira prospere nas próximas décadas. “Caso contrário o Brasil deixaria em pouco tempo de ser a potência agrícola que é hoje”, aponta.

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Entrevista

Jornal O Comércio (JOC) – Como os especialistas explicam dessa relação, meio ambiente e economia? Existe realmente prejuízos?
Carlos Nobre – Se nós não conseguirmos controlar o aquecimento global, e esse é um esforço global, o Brasil será muito prejudicado. A agricultura, que é fundamental neste aspecto. Grande parte dela está nos trópicos, que já são mais quentes. Quando as temperaturas são mais altas, a produtividade já cai muito. O descontrole vai tornar a agricultura inviável. O único lugar que ficarão livres disso, por um tempo apenas, seria a região Sul.

JOC – A comunidade está muito aquém ainda no sentido de entender o impacto do aquecimento global?
Carlos Nobre – Estamos evoluindo lentamente. A agricultura, espero que não haja um retrocesso. Vivemos em um momento cultural em que os movimentos estão crescendo, porque, por exemplo, o vetor econômico que mais percebe os riscos são os agricultores, que sentem na pele os efeitos. Quando tem uma onda de calor ou muita chuva, a produção despenca.

JOC – O PIB é afetado com isso também?
Carlos Nobre – Muito, porque somos um País que tem uma porcentagem considerável que vem da agricultura.

JOC – O senhor diria que o Brasil teria potencial para a produção de energia elétrica e solar?
Carlos Nobre – Futuramente, talvez. Se somarmos toda a energia que o País produz, sim, ele tem uma grande produção. Temos uma quantidade suficiente para abastecer a população para sempre. A nossa energia eólica, por exemplo, é a mais barata do mundo e a solar, em vários lugares, como a África do Sul, Oriente Médio, já bateu todas as outras formas de energia.