“O comércio poderá dar um belo exemplo”, diz presidente da FACISC

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Atualizado há 4 anos

Jonny ZulaufO anúncio de possibilidade de retorno do comércio em Santa Catarina soa como um alento para os empresários e como um sinal a mais de alerta para as autoridades de saúde do Estado. As perdas com a crise do coronavírus já são contabilizadas e os impactos, principalmente nos pequenos negócios, é sentido a cada dia que o isolamento social se faz necessário. O presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC, Jonny Zulauf, diz que o empresariado, mais que ninguém, precisa ter consciência sobre a gravidade da situação. Só assim, ele diz que o setor poderá ganhar a confiança das autoridades e conseguir dar o exemplo que toda a sociedade espera do setor. Em entrevista, Zulauf diz que o setor está preparado para retonar aos trabalhos e acredita que Santa Cantarina conseguiu construir um ambiente para esse momento.

“Todos temos que ter resposabilidade, e o comércio está preparado”

[Pelo Estado] – Há uma grande possibilidade de retomada dos serviços no comércio. Como vocês recebem essa notícia?

Jonny Zuluaf – Nada mudou em termos de contaminação nos últimos dias. Mantendo esse padrão nós vamos ter a possibilidade de flexibilização da parte comercial, o que é uma boa notícia para o setor. Mais que o comércio, existe a possibilidade de abertura também dos shoppings. Nas reuniões do comitê com o pessoal dos shoppings eles apresentaram propostas bastante responsáveis. A discussão foi em um bom nível.
O lado empresarial está consciente da sua responsabilidade e está preparado para dar um belo exemplo para Santa Catarina. Os pequenos empreendimentos, que são cerca de 60 mil, se cada um deles fizerem o seu trabalho, com uso de máscaras, luvas e etc, eles vão dar um exemplo para a população em geral. O que vemos é que mesmo com a quarentena o pessoal está saindo às ruas e não está se cuidando. Eu acredito que se for autorizada a liberação os empresários vão mostrar que têm responsabilidade.

Mesmo com a quarentena o pessoal está saindo às ruas e não está se cuidando.

[PE] – Como foi aquele dia 18 de março, quando tudo parou no Estado?

Jonny Zuluaf – Quando houve o fechamento geral não tinha mesmo que se discutir com ninguém. Foi um protocolo da Organização Mundial da Saúde. A sociedade em geral, o pequeno empresário, o dono do restaurante, todos estão jogando pedra no governador. Mas eu vou ter que sair aqui em defesa desse homem, ele não deve estar dormindo direito desde que tudo isso começou, mas ele tem que comandar o Estado cumprindo os protocolos internacionais e da sua secretaria, que é técnica. E está levando na cara o preço da medida amarga. E depois vai ter que carregar o peso dos prejuízos dessa crise, porque eles virão. Mas eu tenho frisado, ‘gente, não adianta atacar o governador’.

[PE] – Quais foram as respostas do governo?

Jonny Zuluaf – A primeira coisa que ele fez sozinho foi abrir os bancos, foi uma pressão do sistema e não deu muito certo. Os bancos não precisavam ser abertos nesse momento. Isso acabou levando um monte de gente para as agências e empilhasse de gente nos bancos. Foi um erro do governo. Após isso é foi aberta uma negociação, com os empresários, deputados estaduais e o governo. E ele ouviu todos os segmentos. Aí veio a liberação do primeiro setor, da construção civil, e com ele toda a cadeia das lojas de materiais de construção. Aí se constatou que esse tipo de serviço não tem clausura, aglomeração, e isso ativou muita gente. Foi uma prioridade bem selecionada. Mas como tudo, sempre têm os descontentes. Quem continuou fechado ficou reclamando. Mas foi um avanço. Na sequência, ele liberou o setor automotivo. Tinha ambulância quebrada, e a liberação desse setor, seguindo a mesma lógica da construção, se mostrou viável.

No nosso debate não tinha essa história que algumas pessoas estão colocando, de que mesmo que morram ‘alguns velhinhos nós vamos trabalhar’

[PE] – E vocês acompanham a estrutura de Saúde do Estado?

Jonny Zuluaf – O estado hoje tem leitos sobrando, a estrutura foi ampliada, e isso mostra um cenário positivo para o Estado continuar avançando com as liberações dos setores. Como eu disse, se continuarmos como estamos a situação é bem sensível ao sim, e reabrir o comércio. Só que aí também entra a responsabilidade da população, vai ser preciso que todos tenham essa consciência.

[PE] – E sobre o desemprego, teve uma epsquisa que apontou 148 mil demitidos?

Jonny Zuluaf – A pesquisa que foi divulgada é uma estimativa de que 148 mil pessoas perderam o emprego. Eu já vi manchete de jornal em cima disso. Mas é perigoso falarmos disso agora. Alguém chegou a fazer um discurso, uma deputada, dizendo que já há mais de 100 falências no estado. Para se ter ideia de como a coisa é. Mas isso é uma mentira, porque qualquer falência depende do judiciário e não há que se dizer em falência antes de um ou dois anos.

[PE] – E as perspectivas para o futuro?

Jonny Zuluaf – A perspectiva é de que quando a curva de contaminação começar a cair, todos nós vamos fazer campanhas de retomada, de reinvestimento, para que o povo compre mais produtos locais. E todas as associações e federações vão fazer isso. Mas isso é um movimento esperado para depois que a coisa começar a melhorar. Agora com essa expectativa de abertura do comércio você já vai ver promoções. Mas o povo vai comprar com moderação, a coisa vei ser devagar, com cautela e cuidado. O que podemos pensar é que o comerciante local vai ter um alento e isso vai recuperar parcialmente a nossa economia.