ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE: “Perdi a visão, mas não a vida”

João Godoi é membro da Adevivi de União da Vitória. Há três anos deixou de ver o mundo, mas não deixou de viver. Atualmente participa do projeto de Orientação e Mobilidade

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Atualizado há 2 anos

Não me abalei.
Eu perdi a visão, mas não a vida.
Eu saio pelas ruas, porque ainda lembro muito bem delas. Daquelas ruas que mudaram, o projeto de Orientação e Mobilidade tem me ajudado a ser independente.

(Ronaldo Mochnacz)

Há três anos, João Godoi perdeu completamente a visão. Aos 57 anos, o morador do bairro Vice-King, de Porto União, teve complicações da diabetes. João entrou para a estatística nacional, na qual cerca de metade dos diabéticos no Brasil corre risco de perder a visão, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A doença se caracteriza pela degeneração da retina, provocada pela ação da glicemia descontrolada no sangue do paciente diabético.

De acordo com João, o que tem lhe ajudado a seguir em frente e não desabar diante dos desafios diários, é a sua recorrente participação no projeto de Orientação e Mobilidade oferecido pela Associação de Deficientes Visuais do Vale do Iguaçu (Adevivi) de Porto União e União da Vitória.

Segundo a presidente da entidade, Sônia Regina da Silva Spezzatto, a intenção é proporcionar ao deficiente visual autonomia na locomoção, auto-confiança, aumento da auto-estima e independência, elementos estes, facilitadores na sua integração social.

“Eu sou natural do Vale do Iguaçu, porém já morei no interior de São Paulo, onde participei de associações de deficientes visuais de lá e, com isso, aprendi a técnica de uso da bengala. O assunto envolve toda uma técnica e com profissionais especialistas no assunto, assim como acontece aqui na Adevivi. Na pandemia a entidade necessitou de uma pausa nas atividades, mas que já estão retomando gradualmente. É uma satisfação ajudá-los na locomoção aqui nas cidades; aprendo com eles”, afirma.

(Ronaldo Mochnacz)

Sônia tem baixa visão e sua força de vontade ajuda a dar suporte para os 20 membros da Adevivi.

Declarada como Utilidade Pública pelas administrações de União da Vitória e Porto União, a entidade fica localizada na rua Marechal Floriano Peixoto, próximo ao Corpo de Bombeiros de União da Vitória.

Vale lembrar que a bengala longa é um símbolo universal da deficiência visual e identifica seu usuário como portador de cegueira ou visão subnormal, podendo ser considerada um auxílio e sinalizador efetivo e eficiente de locomoção independente.

Para João, a cidade de Porto União está melhor preparada em acessibilidade ao se comparar com a vizinha União da Vitória.

“Eu que me locomovo em ambas as cidades, tenho mais facilidade em deslocar em Porto União por conta da acessibilidade oferecidas nas calçadas e prédios públicos”, conta.

(Ronaldo Mochnacz)