Daniel Cargnin ganha bronze e judô brasileiro mantém tradição de 37 anos

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Atualizado há 3 anos

O judoca Daniel Cargnin conquistou, neste domingo, a medalha de bronze na categoria meio-leve (até 66 kg) dos Jogos Olímpicos de Tóquio, ao vencer o israelense Baruch Shmailov por wazari. Com este resultado, o judô brasileiro mantém a tradição de subir ao pódio em todas as edições olímpicas desde Los Angeles/1984. São 23 no total.

A luta foi intensa, com o israelense aparentemente mais forte fisicamente, mas o brasileiro foi rápido demais e conseguiu um wazari a 2min29 do final. A 1min31 o combate foi paralisado por causa de um sangramento no nariz de Cargnin. Daí em diante, Shmailov foi ao ataque, mas não teve sucesso.

Natural de Porto Alegre, Daniel Cargnin teve grandes resultados no ciclo olímpico, marcado por sua transição das equipes de base ao time principal. Em 2017, ele conquistou o ouro no Mundial Júnior, e firmou-se como o principal nome da categoria no Brasil. Arrematou dois títulos pan-americanos (2017 e 2020) e teve seu melhor resultado no Grand Slam de Brasília, em 2019, quando foi campeão batendo o italiano Manuel Lombardo. No Pan de Lima, ficou com a prata.

Daniel Cargnin revelou que por pouco não abandono o judô por causa dos rígidos treinamentos, mas continuou firme por causa do apoio incondicional de sua mãe, Ana Rita. “Acho que a gente sonhou junto isso, e vou ser bem sincero que queria era pegar, ligar para ela e falar que valeu a pena. Quando uma vez estava em um treino, pequeno, voltei chorando porque tinha apanhado muito. Ela falou: ‘Não, Dani, vamos comer alguma coisa e amanhã é um novo dia'”, disse o atleta, em entrevista ao lado do tatame para o SporTV.

O judoca gaúcho, de 23 anos, também relembrou das dificuldades enfrentadas durante o ciclo olímpico. “Desde a pandemia, machuquei duas ou três vezes, não fui para o Mundial porque peguei covid-19, e pensei que não estava dando certo. Eu me esforcei bastante, fiquei na casa da minha mãe, que me deu todo o suporte. Não bateu a ficha”, disse Cargnin, bastante emocionado.

Ele também destacou o apoio dado pela comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô. “Lembro de estar falando com a sensei Yuko… Uma vez a gente estava em um treinamento na Itália, em 2018, e eu estava muito cansado, apanhando muito, e ela me levantava e dizia: ‘Vamos lá, vamos lá’. Eu me peguei chorando no banheiro e pensando: ‘Por que ela não desiste de mim? Às vezes eu mesmo penso em desistir!’. Encontrar ela foi especial, eu acreditei nisso. Preciso agradecer ao meu ídolo João Derly, meus amigos… Todos me deram muito suporte. Estou muito feliz.”

No feminino, Uta Abe, que eliminou a brasileira Larissa Pimenta na segunda luta, ficou com o ouro, ao derrotar a francesa Amandine Buchard no golden score.

Lista de pódios do judô brasileiro em Jogos Olímpicos:

Munique 1972 – Chiaki Ishii (meio-pesado) – Bronze

Los Angeles 1984 – Douglas Vieira (meio-pesado) – Prata; Luís Onmura (leve) – Bronze; Walter Carmona (médio) – Bronze

Seul 1988 – Aurélio Miguel (meio-pesado) – Ouro

Barcelona 1992 – Rogério Sampaio (meio-leve) – Ouro

Atleta 1996 – Henrique Guimarães (meio-leve) – Bronze; Aurélio Miguel (meio-pesado) – Bronze

Sydney 2000 – Tiago Camilo (leve) – Prata; Carlos Honorato (médio) – Prata

Atenas 2004 – Leandro Guilheiro (leve) – Bronze; Flávio Canto (meio-médio) – Bronze

Pequim 2008 – Leandro Guilheiro (leve) – Bronze; Ketleyn Quadros (leve) – Bronze; Tiago Camilo (meio-médio) – Bronze

Londres 2012 – Sarah Menezes (ligeiro) – Ouro; Felipe Kitadai (ligeiro) – Bronze; Mayra Aguiar (meio-pesado) – Bronze; Rafael Silva (pesado) – Bronze

Rio 2016 – Rafaela Silva(leve) – Ouro; Mayra Aguiar (meio-pesado) – Bronze; Rafael Silva (pesado) – Bronze.

Tóquio 2020 – Daniel Cargnin (meio-leve)