A Avenida João Pessoa é o coração do bairro São Pedro, em Porto União. Ela é extensa e liga o endereço às comunidades mais ao Sul da cidade, bem como ao centro. A via, que homenageia o ex-presidente da Paraíba (quando isso era possível) e o vice na chapa que elegeu Getúlio Vargas no comando do País, leva e traz o desenvolvimento, o tempo todo.
Acontece que o bairro cresceu tanto que embora o convívio com a frota que passa diariamente pela rodovia seja pacífica, causa desconforto. Para os lojistas, especialmente os da avenida, o movimento pouco agrega também. “Antes paravam mais, mas agora, por ser a maioria caminhões e não ter nem onde parar, nem param. Na verdade, isso acontece mais no final do dia, mas o pessoal para e vai ao mercado e na padaria. Nós vimos como realmente tem movimento quando acontece a greve dos caminhoneiros, quando ficou tudo tranquilo”, conta Luiza Moraz, da loja de comércio popular que leva seu nome. O empreendimento tem 20 anos e fica na João Pessoa, ao lado de outros 40 pontos comerciais, na extensão que vai dos trilhos (na Perimetral), até a parte alta da avenida, na altura da igreja São Pedro e São Paulo.
O movimento é realmente grande. Além dos veículos de passeio, de quem mora no bairro ou de quem usa o endereço para chegar a outros locais, a frota de caminhões impressiona, pelo fluxo e pelo efeito que isso causa. Em alguns horários, o barulho chega a ser ensurdecedor. São ‘cegonhas’, frotas inteiras cruzando o coração do bairro São Pedro. O movimento é intenso, em praticamente todos os horários e dias da semana. “E o comércio do bairro se solidifica na avenida mesmo”, lembra Luiza. “Para nós, o bairro é nossa fonte de vida, vivemos em função dele”, completa.
A Polícia Militar de Porto União não tem uma estimativa do trânsito que passa pela avenida João Pessoa. Contudo, de maneira informal, a corporação entende que o fluxo é realmente grande, especialmente o de carga pesada. Mas, há uma razão para isso. A João Pessoa une as rodovias 153, no Paraná, e a 280, em Santa Catarina. É também alternativa para se alcançar a Argentina e o Paraguai. O Poder Público entende a importância da rota, mas considera interessante a criação de um caminho alternativo, que desvie o trânsito pesado de dentro do bairro São Pedro. Por ser uma região que une dois estados, lideranças do Paraná também já se manifestaram sobre o assunto. Recentemente, por exemplo, o deputado federal, Fernando Giacobo (PR) indicou que apoia a construção de um contorno rodoviário, ligando a BR 476, em União da Vitória, à 280, em Porto União. “Vamos usar de verbas das economias que estamos fazendo na Câmara Federal”, destacou Giacobo em sua visita na cidade. O parlamentar, na ocasião, acabou até batizando o endereço como ‘Contorno Iguaçu’.
Conforme o prefeito de União da Vitória, Santin Roveda, esse contorno consiste em um novo entroncamento de 10,2 quilômetros na altura da entrada para a Clínica HJ. O projeto aproveitaria uma nova ponte sobre o rio Iguaçu – não a José Richa, mas outras, na área industrial – conectando esta área de Porto União e saindo na BR 280. Santin destacou que a obra facilitará o escoamento das produções e criará um novo espaço de desenvolvimento urbano e industrial. “Temos um pré-projeto estimado em R$ 97 milhões. É um projeto do deputado em parceria com a prefeitura e viabilizado pelo Dnit”, ressalta o prefeito.
Sobre o projeto, o vice-prefeito de Porto União, Percy Storck, disse que se trata de um grande desafio. “Temos que aguardar esse tempo eleitoral passar. Sobre o contorno, tão desejado e sonhado, estamos trabalhando. No que conclua as eleições, vamos voltar com o assunto. Apostamos em um projeto audacioso, dos dois lados (União e Porto União)”, comenta. Deve impulsionar o andamento do projeto, a necessidade que a Companhia de Energia de Santa Catarina (Celesc) tem em ampliar sua cobertura na região. A transmissão da energia ficaria facilitada a partir do contorno alternativo. O projeto seria interessante também como rota de fuga das enchentes e para Porto União, como mapa da expansão do Plano Diretor. “Mas até lá teremos os caminhões que não desejam entrar na cidade, mas precisam passar por dentro dela”, completa o vice-prefeito.
Você leu no JOC
Em fevereiro de 2017, O Comércio destacou o que pensa a comunidade que mora no São Pedro sobre o trânsito pesado. Mostrou, ainda, a proposta do contorno alternativo para o desvio de tanto fluxo.