Cai número de oferta para trabalhadores

Desde a enchente, vagas estão mais raras. Entrevistas foram canceladas e ainda não há previsão para estabilidade

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

(Mariana Honesko)
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Nem todos os números dos efeitos pós-enchente foram contabilizados. Mas, os respingos de tanta água devem ter efeito duradouro e, provavelmente, atingem em cheio a economia das Cidades Irmãs. A geração de vagas de emprego, por exemplo, já está comprometida. É o que garante a Agência do Trabalhador de União da Vitória e o posto do Sine, em Porto União.

Não há números oficiais, mas a redução de oferta e procura é visível. “O Restaurante Madero, por exemplo, desmarcou a entrevista que tinha na cidade”, comenta Osni Nunes, que assumiu temporariamente a direção do órgão em União, mas que há 15 dias trabalha no “QG” de doações da cidade. O empreendimento mencionado por ele fica em Curitiba e suas lojas na capital são povoadas por trabalhadores do interior do Estado. Outras empresas “de fora”, por conta de estradas intransitáveis e pela falta de trabalhadores disponíveis – muitos tiveram suas casas atingidas pelas cheias – também mudaram suas agendas.

O efeito é semelhante em Porto União. “Está muito fraco. Tanto da parte das empresas, que não estão ofertando emprego, quanto dos trabalhadores, que não estão vindo tanto”, comenta a assessora do posto do Sine, Tatiana da Silva. Segundo ela, ainda é difícil mensurar a defasagem, mas é possível dizer que ela atinge todas as áreas. Se falta oferta no setor madeireiro, falta também na contratação de domésticas e babás, por exemplo.

Na contramão da falta de opções, sobram trabalhadores que buscam o benefício do

(Graffo)
(Graffo)

seguro-desemprego. O Sine, além de Porto União, atende desde maio os desempregados de União da Vitória e da região, então assistida pelo município. Mais recentemente, o posto absorveu a demanda dos órgãos das cidades de Bituruna e General Carneiro, ambas no Paraná. “Eles não estão fazendo mais e acabou aumentando muito o nosso trabalho”, confirma. A redação tentou contato com as equipes dos postos vizinhos mas não teve êxito.

Para liberar o benefício

Com trabalho em excesso, o Sine de Porto União não teve outra opção. A confecção do seguro-desemprego, antes limitado ao período da manhã, desdobra-se também à tarde. Por dia, cerca de 30 processos novos são feitos. O posto, que tem apenas três funcionários, emite senhas para garantir o atendimento. E é na fila que trabalhadores esperam com paciência desde 4 horas da madrugada. “Fomos obrigados a abrir à tarde, para dar conta da demanda”, justifica Tatiana.

A liberação do recurso engessa a função principal do posto. “Somos cobrados porque precisamos colocar as pessoas no mercado de trabalho”, lembra a assessora. Sem geração de emprego e com déficit na demanda, por enquanto, sobram dificuldades no giro econômico das Cidades Irmãs.

Seguro-Desemprego ainda é no Sine

Mesmo com a capacitação de mais duas funcionárias, a Agência do Trabalhador não está autorizada para operacionalizar a função. Conforme Nunes, faltam detalhes para que o órgão também atenda os trabalhadores da cidade e dos municípios da região. Um deles envolve senhas, cujos números dependem da liberação da Caixa Econômica Federal. O assunto é polêmico e estampou em maio a capa de uma das edições de O Comércio.