Carros usados têm venda aquecida

Mercado automobilístico registra queda na venda dos novos no primeiro semestre. Nas Cidades Irmãs, enchente altera comportamento

·
Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

veiculos-vendas-comercio
(Foto: Mariana Honesko).

O mercado automobilístico vai bem em boa parte do país. Recente levantamento mostra que é a venda dos carros usados o que mais impulsiona o giro da economia no setor. A venda dos novos teve uma queda de mais de 7% no primeiro semestre deste ano e pode ser resultado de uma série de motivos, entre eles, a Copa do Mundo, o endividamento e o panorama econômico, que sugere cautela. Com o quadro, a tendência é que nos próximos meses aumentem as promoções para a saída dos “zeros” mas, ao mesmo tempo, as revendas comemoram a procura por veículos bons e já rodados.

veiculos-vendas-comercio2Nas Cidades Irmãs, contudo, o ritmo dinâmico de vendas foi freado pela enchente. Ela é apontada como pivô no recuo das negociações. O mês de junho, por exemplo, começou como um dos melhores dos últimos anos mas terminou com o pior saldo já registrado. Izan Scheid, dono da Izan Veículos, em União da Vitória, amarga prejuízos de R$ 40 mil. Além das baixas nas vendas, ele contabiliza as perdas deixadas pela chuva. Sua empresa, em frente à Praça dos Expedicionários, foi tomada pela água. “Fiquei três semanas sem trabalhar. Comecei o mês bem mas depois travou”, conta. Ainda assim, Scheid segue otimista e acredita na recuperação do déficit até o final do ano. Em sua loja, especialmente os seminovos tem maior saída. “O novo, você tira da concessionária e já desvaloriza R$ 5 mil. Você compra o seminovo e ele não tem tanta depreciação assim”, avalia.

veiculos-vendas-comercio3Celso Lazarini, da Lazarini Veículos, também em União da Vitória, confirma o comportamento das vendas. Desde as cheias, elas caíram em 50%. “Foi bom em fevereiro, março e abril. Em junho, caiu muito”, revela. O empresário acredita que quem sacar o benefício do FGTS, vai investir em carro novo. “A impressão que dá é esta, de que julho seja bem melhor”, avalia. Nesta mesma expectativa trabalha a equipe da D’Marco. O recurso deve ser usado na compra, ou pelo menos na troca, de carro. “O que mais tem saída são os seminovos, de 2010 para cá”, comenta o funcionário Jair Honesko Junior. Segundo ele, as vendas não estão aquecidas, mas a recuperação pode acontecer a partir de setembro. “Para o porte da cidade, tem muitas revendas e gente trabalhado com carro de leilão. Fica complicado para competir”, diz.

Oportunidade

veiculos-vendas-comercio4Mesmo com saldos nem tão positivos, as revendas de automóveis trabalham com a venda de diferentes modelos e preços. É possível encontrar carros usados a partir de R$ 2 mil. Endossam a oferta, ainda, a quitação dos documentos e a garantia de que o carro teve apenas um dono. Ainda assim, a recomendação dos órgãos de proteção ao consumidor sugere pesquisa de preços.

Opinião

Para o educador financeiro e autor do livro, Terapia Financeira, Reinaldo Domingos, mesmo com a freada nas vendas dos usados e o incentivo governamental – o IPI reduzido, por exemplo – a compra do carro novo exige cautela. Quem está decidido, por outro lado, acaba esquecendo que um carro na garagem também é sinônimo de despesa. “Em média, o custo mensal equivale a 3% do valor do carro. Assim, a manutenção de um veículo de R$ 20 mil, por exemplo, tem um custo de aproximadamente R$ 600 mensais”, pontua.

O cálculo é recomendado, inclusive, para quem poupa. “Tendo que refletir se é realmente necessário um novo veículo. Se for e tiver dinheiro para compra a vista, essa é uma boa hora. Se faltar alguma quantia que terá que financiar, pode até fazer, mas, cuidado para que a parcela caiba em seu orçamento mensal e que também tenha dinheiro para os gastos de manutenção”, orienta o educador.

Para quem quer adquirir mais um carro, o peso das vantagens em cima das despesas precisa ser considerado. “Sempre reforço que um veículo não é investimento, em função de sua rápida desvalorização. O consumo de bens deve sempre estar associado a reais necessidades e não a impulsos consumistas do momento”, ressalta.

Frota

Dados do Departamento Nacional do Trânsito (Detran) do Paraná e de Santa Catarina revelam o perfil de compra dos motoristas. Em União da Vitória, o mês de abril registrava 17.429 carros. De março para abril, o salto é de 70 veículos e desde janeiro, 232.

Em Porto União, o perfil é parecido. Os dados do órgão são mais recentes e mostram que em junho, circulavam na cidade 10.406 veículos. Na comparação de um mês com o outro, o acréscimo é de 12 novos carros. Apenas no primeiro semestre, Porto União recebeu um incremento de 248 veículos em sua frota.