Casos de dano em escola e em novo parque repercutem em União da Vitória

Na semana passada, duas situações ganharam as redes sociais. Vandalismo é crime e pode terminar até em prisão

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Atualizado há 6 anos

Do Cemei do Panorama, nada levaram: apenas depredação
Do Cemei do Panorama, nada levaram: apenas depredação

Na semana passada, a Administração Pública de União da Vitória viveu momentos de grande euforia e, quase ao mesmo tempo, de revolta. No final de semana passado, a inauguração do novo parque das praças Coronel Amazonas e Expedicionários, conquistou a comunidade que há algum tempo esperava pela novidade. Em ambos os parquinhos, um grande movimento foi registrado na inauguração e, no domingo, dia seguinte a formalidade oficial.

Já na quinta-feira, 28, um vídeo amador, publicado na rede social, causava indignação. Nas imagens, adolescentes foram vistos no parquinho da Coronel Amazonas, usando os brinquedos de maneira errada. Na verdade, nem tamanho para usufruir da estrutura o grupo tinha. Pulando nas peças e se pendurando em outras, os jovens protagonizaram um momento indelicado, que revoltou a comunidade. Sobre o episódio, a prefeitura não se manifestou, mas a assessoria de comunicação garantiu que está estudando medidas de prevenção do mau uso dos brinquedos. Uma delas é simples, mas, espera-se que dê resultado. Trata-se da colocação de plaquinhas que avisam sobre o limite de idade permitida para o uso do espaço. Como adiantou a equipe, ela será de 12 anos.

Os parquinhos novos, de fato, vêm mobilizando a comunidade que, por compreender a necessidade deles, se “arma” contra o vandalismo. O empresário Isan Scheid, dono de uma revenda de carros que fica bem em frente da Praça dos Expedicionários, decidiu, por conta própria, fazer alguma coisa. Desde a colocação das peças, ele alterou a direção da câmara de segurança de sua empresa. Agora, as filmagens captam especialmente os brinquedos. A ideia, segundo ele, é pelo menos, inibir os eventuais vândalos. “A praça fica na frente do meu comércio. Tenho a loja desde 2009, tenho filhos pequenos, gosto da praça movimentada, até porque a loja vira vitrine. Vale a pena a gente fazer alguma coisa. A cidade ficou linda”, justifica.

vandalismo-cemei-saocristovao (1)O vandalismo que sofreu o Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Eneida Fagundes, também deixou a comunidade, especialmente do bairro Panorama, revoltada. Por lá, vândalos, que nada levaram, depredaram algumas salas, virando caixas, o material e, finalmente, jogando tinta nas paredes dos espaços usados pelas crianças. O prefeito Santin Roveda esteve na unidade e, de lá, gravou e publicou um vídeo na rede social. “Pessoas sem educação, não vieram roubar nada. Vieram causar depredação de uma escola, de uma creche, trazer o medo e o caos. Vieram só destruir as coisas de crianças. Vamos trabalhar e tentar mudar a nossa cultura. A cidade não merece esse tipo de coisa”, postou em sua conta no Facebook.

Casos

A Polícia Militar de União da Vitória garante que 90% dos casos de vandalismo são identificados. É que, conforme os militares, o perfil dos vândalos não muda muito. “E como a cidade é pequena e é pequena também a parcela de pessoas que praticam isso, o trabalho fica mais fácil”, explica o tenente Inham. Há exceções, segundo o policial, quando, por exemplo, pessoas que normalmente praticaram a infração o fazem por estarem sob efeito de droga.

Em União da Vitória, conforme informações do Batalhão da Polícia, as infrações de vandalismo envolvem especialmente a depredação e a pichação. Escolas, praças e áreas de lazer são os endereços mais procurados. O batalhão tem, há pouco tempo, um cartório dentro da própria unidade, que trata de situações qualificadas como de ‘menor potencial ofensivo’. Na lista dos atendimentos está o vandalismo. “Quem é pego, já é levado para lá, onde é feito um boletim, onde recolhemos o material usado para a depredação, se existir. A pessoa já sai dali com audiência marcada”, ressalta o tenente.

Vandalismo, em todo lugar

vandalismo-cemei-saocristovao (3)Impossível rotular os vândalos. Engana-se que a prática está apenas entre os jovens, entre quem tem menos condições, entre quem não tem nível de educação. Em União da Vitória, as portas de um banheiro de uma instituição de ensino superior é “decorada” por palavras de baixo calão, por mensagens agressivas, por opiniões particulares, por julgamentos. Tudo isso, escrito com caneta, com corretivo, com esmalte. Em um banheiro feminino, de um supermercado, também em União da Vitória, há um aviso bem claro na parede: “proibido urinar na parede”, o que sugere que esta seja uma prática comum. Outro sanitário, de outro restaurante, também no Vale do Iguaçu, ainda tem lembranças de pichações feitas com letra de mão em suas paredes. Paradoxal, o gesto percorre as mais variadas classes sociais e são assinados pelos mais diferentes motivos.

Vandalismo é uma infração

Conforme o artigo 163 do Código Penal, ‘destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia’ é infração, passível de ‘detenção, de um a seis meses, ou multa’. De acordo com a Polícia Militar, por se tratar de uma ação com pena menor de dois anos, a pena não é a prisão. Contudo, existe um elenco de possibilidade de “pagamento”, entre elas, o conserto do que foi depredado e a prestação de uma atividade social, por exemplo. Veja o que mais diz o artigo:

Parágrafo único – Se o crime é cometido:

I – com violência à pessoa ou grave ameaça;

II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)

IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.