Desafio é tornar Cidades Irmãs mais amadas

Mesmo com potencial turístico, União da Vitória e Porto União são carentes de amor próprio. Codetur quer fazer a lição de casa

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Dago Woehl
Dago Woehl

As Cidades Irmãs são lindas mas nem todos sabem disso. Ou reconhecem isso. Donas de pontos turísticos que não deixam nada a desejar, União da Vitória e Porto União ainda dependem de um “empurrãozinho” para chegar mais longe.

A nova diretoria do Conselho do Desenvolvimento do Turismo de União da Vitória (Codetur) encheu-se de coragem e propôs pelo menos 20 ações estratégias para fomentar a Pasta. As metas vão desde a “ressurreição” da Maria Fumaça ao curioso “Eu amo União”, proposta que incentiva as administrações municipais para terem mais carinho com os endereços públicos. Em Porto União, o “bem querer”, como descreve o planejamento do Codetur, é mais presente. “Com o departamento de Obras cuidando das plantas e jardins da cidade”, descreve o planejamento da entidade.

Codetur sugere a iluminação permanente das três pontes de acesso à União da Vitória
Codetur sugere a iluminação permanente das três pontes de acesso à União da Vitória

Pavimentação de parte da rota das cachoeiras, consolidação da região como centro regional de comércio e serviços e a urbanização do Vau do Iguaçu – caminho por onde as tropas e o gado passavam no início da colonização local – endossam as propostas. Os projetos são ambiciosos e rápidos: todo o roteiro foi desenhado para ser executado neste e no próximo ano. As decisões foram colocadas no papel na segunda-feira, na primeira reunião promovida pelo conselho neste ano. “Vimos um panorama geral da cidade. Dada essa visibilidade que União da Vitória ganhou, fizemos um roteiro para ver o que vale a pena ser feito. Assim, trabalhamos muito e conseguimos definir estes objetivos”, explica o presidente do Codetur eleito para chefiar a entidade em outubro do ano passado, Dago Woehl.

Maria Fumaça é apontada como “ponta de lança” para o desenvolvimento (Jair Piloto Nunes/Jornal O Comércio)
Maria Fumaça é apontada como “ponta de lança” para o desenvolvimento (Jair Piloto Nunes/Jornal O Comércio)

Maria Fumaça pode puxar desenvolvimento

No planejamento do Codetur, a colocação da locomotiva 310 a serviço do turismo aparece como principal meta. O assunto, que já ganhou vários capítulos e muita discussão, inquieta o conselho. Enfático, Woehl diz que o projeto já consumiu muita energia mas que pouco foi feito até agora e o que foi, acabou sendo perdido por falta de apoio e sequência. “É uma bagunça. Há um ano calculamos que se nós conseguíssemos trazer 300 pessoas num raio de 200 quilômetros de União da Vitória, traríamos essas pessoas para o turismo rural, ferroviário, alimentação. Turismo espalha grana no bolso do pequeno, de toda a cadeira produtiva”, completa. O presidente não tem dúvidas e tem na Maria Fumaça o eixo para o desenvolvimento. “Ela é a ponta de lança para o turismo de União da Vitória”, sintetiza. A proposta para o retorno da Maria Fumaça sugere a reforma de toda a locomotiva, compra de mais vagões, troca de dormentes e reforma da Estação Engenheiro Mello.

Temos pontes belíssimas mas mal cuidadas, sem histórico, sem roteiro, afirma Dago (Foto: Aeroarte - Jaime Joly)
Temos pontes belíssimas mas mal cuidadas, sem histórico, sem roteiro, afirma Dago (Foto: Aeroarte – Jaime Joly)

Cuidado com Morro do Cruz é unanimidade

Cartão postal das Cidades Irmãs, o Morro do Cristo é por si só um grande atrativo. A imagem de Jesus, possivelmente a segunda maior do Brasil, é cenário para uma romaria anual de pelo menos 35 mil pessoas. Oficialmente, 26 mil sobem morro acima. O número fica registrado no livro de assinaturas, disponíveis na capela instalada ao pé do Cristo. A maioria dos visitantes – cerca de 70% – é turista.

A restauração do endereço foi decisão unânime na reunião do Codetur. Os participantes do conselho decidiram pelo corte de algumas árvores, para aumentar a visibilidade até de quem está nas rodovias de acesso às cidades, bem como no investimento em mobilidade. “Idoso, gente mais velha, tem mais dificuldades para se aproximar no Cristo e eles querem subir, ficar mais perto. É indispensável que se pense nisso também”, comenta Dago, referindo-se aos desafiantes 228 degraus que separam os fiéis da imagem sacra.

Codetur sugere a iluminação permanente das três pontes de acesso à União da Vitória (Foto: Marco Sokol/Acervo Adecsul)
Codetur sugere a iluminação permanente das três pontes de acesso à União da Vitória (Foto: Marco Sokol/Acervo Adecsul)

Codetur quer pontes mais iluminadas

O projeto do conselho prevê também a manutenção permanente da iluminação das pontes Machado da Costa, Domício Scaramella e Manoel Ribas. Para Woehl, as luzes são um convite para uma visita na cidade. “Temos pontes belíssimas mas mal cuidadas, sem histórico, sem roteiro”, diz.

Bússola na palma da mão

Entre as propostas do conselho estão ainda o ênfase no projeto do “city tour”. O mapa norteia os visitantes com a identificação de alguns principais roteiros, centros arquitetônicos e atrativos. A ideia é não deixar o turista “perdido” em selva urbana. “Onde paravam os vapores? Onde passava o gado? O que tem a Estação com a divisa das cidades?”, questiona Woehl, replicando as principais dúvidas dos visitantes das Cidades Irmãs.

Neste aspecto, a proposta sugere proteção ao patrimônio arquitetônico, especialmente nos desenhos feitos entre 1882 e 1928. Boa parte da arquitetura ainda é visível na rua Carlos Cavalcanti, no centro de União da Vitória. No momento, porém, não há qualquer identificação de sua história.

Patrimônio artístico na mira

Na tentativa de identificar e valorizar os artísticas locais – muitos mas um bom número ainda pouco conhecido – o Codetur visualiza algo pioneiro. Uma das propostas é a pintura de parte da estrutura dos prédios que estão em um corredor, bem na divisa das Cidades Irmãs. O tema seria único, levaria a assinatura dos profissionais e manteria “vivo” um caminho bastante popular. Este corredor começa atrás do imóvel que abrigava a extinta Telepar e terminaria apenas na Estação União.

Codetur

O conselho é formado por 33 entidades. A diretoria é composta por sete pessoas. Dago Woehl divide a presidência com Eliane Aparecida da Rocha Silveira. São secretárias, Daiane Scolaro e Dulce Andrioni Charavara. Na tesouraria estão, Raquel Inês da Silva dos Santos e Vilson José Kotviski. O diretor de Patrimônio é Francisco Borges de Lima.