Generosidade nem sempre é bem-vinda

Doações para pedintes podem incentivar permanência nas ruas. Conselho Tutelar dá orientações

·
Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Pedinte 1Difícil negar um prato de comida ou algumas moedas para quem chega no portão de casa com um sorriso carente. Até para adultos, a negação soa ruim aos mais generosos. Mas, para os órgãos de assistência social, negar é a opção mais aconselhável. Manter as doações pode incentivar a permanência nas ruas e abrir caminhos pouco confiáveis. “Ficar na rua é a entrada para outras coisas. As meninas podem achar interessante a vida mais fácil e até entrar na prostituição. Os meninos podem ser usados para o repasse de drogas e venda ilegal de produtos”, avalia a conselheira tutelar em União da Vitória, Dionéia Schier. “Eles ficam em situação de risco”, completa.

Negar o pedido é o primeiro passo para quem quer, de fato, ajudar. “Depois, a pessoa pode ligar para o Conselho Tutelar e informar a presença destes menores. Nós vamos investigar a situação deles”, orienta. No caso dos adultos, os setores de assistência social podem ser procurados. Conforme Dionéia, é preciso, ainda, ter cuidado para não cair nas armadilhas. A venda de rifas, DVDs ou até de adesivos, é proibida aos menores. “As pessoas compram porque ficam com dó”, diz a conselheira.

A doação de dinheiro também apoia a vida mais tranquila de adultos. “Em casos já tivemos pessoas que se recusaram a aceitar trabalho, mas que ficam atrás dos menores”, ressalta a conselheira. Há ainda a possibilidade de incentivo à evasão escolar. O órgão já registrou baixas na frequência escolar por conta do “trabalho” nas ruas.

Pedinte 02
Conselheira tutelar recomenda que as doações não ocorram: generosidade pode manter grupo na rua

De acordo com o Conselho Tutelar, a maioria dos que estão nas ruas pedindo ajuda, recebe ajuda por meio dos programas de auxílio, dos governos Estadual e Federal. Em Porto União, são 3.031 famílias inscritas no Cadastro Único. Deste número, 964 fazem parte do Bolsa Família. Em União da Vitória, há 2.351 famílias cadastradas no programa e outras, aproximadamente, 5.600, no Cadastro Único.

Ao mesmo tempo, os programas contribuíram para a redução do número de pessoas em situação de risco. Há alguns anos, segundo os órgãos de assistência, ele já foi bem maior.

Serviço

Conselho Tutelar de União da Vitória

(42) 3524-5553

(42) 9975-2512

Central da Cidadania, em Porto União

(42) 3522-9802