Governo espera chegar a acordo sobre greve nas universidades na sexta-feira, 19

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Atualizado há 2 semanas

Representantes do governo federal esperam chegar a um acordo com professores e servidores de universidades e institutos federais de educação, ciência e tecnologia na sexta-feira, 19, quando deverá haver uma reunião para tratar das demandas da categoria. Os servidores estão em greve e reivindicam, principalmente, reestruturação de carreira e recomposição salarial e orçamentária.

Os servidores do campus do Instituto Federal de União da Vitória enviaram uma carta aberta a comunidade sobre a greve. 

Confira na íntegra o documento:

União da Vitória – PR, 8 de abril de 2024.

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA IFPR – CAMPUS UNIÃO DA VITÓRIA

 Nós, servidores(as) (docentes e técnicos) do IFPR, juntamente com os servidores(as) dos Institutos e Universidades Públicas Federais de todo o Brasil, esclarecemos e reforçamos as razões da adesão à greve nacional, iniciada no dia 25 de março deste ano. Atravessamos um momento de grandes dificuldades: nossos salários perderam mais de um terço de seu poder de compra (o último reajuste ocorreu em 2015); nossas condições de trabalho estão gravemente afetadas por cortes orçamentários (de R$ 8 milhões em 2018 para R$ 1,1 milhão, em 20241) que precarizam as instituições em que atuamos, fragilizando ainda mais as bases em que se apoiam a educação federal: o ensino, a pesquisa e a extensão2.

Ao longo do ano de 2023, os servidores federais da educação buscaram exaustivamente um acordo com o governo federal para a reposição salarial e reestruturação da carreira3. Contudo, no início deste ano, a proposta recebida foi de 0% de reajuste em 2024, 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026, totalizando 9%, o que está bem abaixo do aumento da inflação do período, que foi de 42,42%. É importante ressaltar que outras categorias, como Polícia Federal, Banco Central e Receita Federal obtiveram reajustes significativos durante as negociações4, sem a necessidade de greve. Para os servidores de Minas e Energia, por exemplo, os ajustes chegaram a 100%5.

Sabemos dos efeitos imediatos dos prejuízos que a paralisação das atividades gera à comunidade acadêmica, contudo, a desvalorização salarial e a precarização das carreiras dos nossos profissionais têm consequências muito negativas a curto e a longo prazo. Os impactos da defasagem salarial docente, por exemplo, já podem ser sentidos no esvaziamento dos cursos de licenciatura6 (curso de formação de professores), na dificuldade em atrair profissionais para lecionar em áreas técnicas (como a de Informática). Desafios parecidos enfrentam os técnicos em educação (secretaria, laboratórios, biblioteca, pedagógico e administrativo), uma vez que a deterioração dos salários e a estagnação do plano de carreira desmotiva os profissionais a permanecerem em seus cargos. Ou seja, a desvalorização do trabalhador afeta gravemente toda a educação: estudantes, professores, técnicos e comunidade em geral.

A greve é nosso último recurso7, porém maior instrumento de luta pela manutenção de um ensino de qualidade, porque consideramos inaceitável o descaso com a educação em qualquer circunstância ou governo.

Se você, estudante, pai, mãe ou responsável deseja que os institutos federais continuem apresentando altos índices de qualidade nos exames nacionais e internacionais, excelência no ensino e amplie os projetos de pesquisa e extensão: apoie o movimento.

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