Investigação sobre desabamento de prédio continua em União da Vitória

O prédio de cinco andares desabou quando ainda estava em construção na madrugada do dia 17 de maio de 2017

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Atualizado há 6 anos

Prédio desabou enquanto ainda estava em construção.
Prédio desabou enquanto ainda estava em construção.

Quatorze meses depois do desabamento de um prédio de cinco andares em construção, na Rua Frei Policarpo, no bairro São Bernardo, em União da Vitória, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) continua investigando as causas do sinistro para apurar responsabilidades. O Coordenador do Crea-PR, José de Carlos de Jesus, que participou nesta segunda-feira, 09, da reunião conjunta das Câmaras Especializadas de Engenharia Civil, dos Creas do Paraná e Santa Catarina, confirmou à reportagem de O Comércio que as investigações ainda não foram concluídas.

Jesus disse que o processo investigativo tem 180 dias para a conclusão e está na fase de oitivas. Para tanto, além do engenheiro responsável pela construção, Roque Edegar Stori, estão sendo ouvidos bombeiros, representantes da prefeitura, do próprio Crea e moradores vizinhos do prédio que desabou. Confira o que disse o coordenador do Crea-PR:

Jornal O Comércio (JOC) – Como está a investigação sobre o prédio, já terminou?

José de Carlos de Jesus (JESUS) –  Não, ainda não terminou, estamos na fase de oitivas com as pessoas envolvidas, profissionais da área, então esse processo ainda está em andamento para ver de quem é a culpa por esse evento, que não é normal dentro da nossa profissão.

JOC – É comum esse tipo de situação, ou seja, o Crea já se deparou com esse tipo de situação?

JESUS – Não, no Paraná e Santa Catarina não é comum desabamentos de prédios em construção, os problemas maiores são na manutenção de prédios já construídos. Aí sim, nós [Crea] registramos vários problemas. Um exemplo é aquele viaduto em Brasília, que a falta de manutenção provoca esses desastres.

JOC – Mas existe previsão em lei para essa prevenção por meio da manutenção?

JESUS – Então, esse é um problema que estamos, através do Senado Federal, querendo aprovar uma lei para que seja exigida inspeção periódica nesses prédios, mas não é o caso deste edifício que desabou enquanto estava sendo construído. Nós estamos apurando todos os fatos, o Crea é para isso, ele é para a defesa do povo.

O coordenador do Crea-PR, José de Carlos de Jesus, que esteve em União da Vitória, diz que o processo está em investigação
O coordenador do Crea-PR, José de Carlos de Jesus, que esteve em União da Vitória, diz que o processo está em investigação

JOC – Qual o prazo para o final das investigações?

JESUS – Normalmente o prazo é de 180 dias a partir da abertura das investigações, para dar o veredito final, porque é feito todo um trabalho investigativo, para que não se puna uma pessoa inocente.

JOC – E em caso de punição administrativa?

JESUS – Em caso de punição, o profissional pode até ter sua carteira suspensa, ou perdê-la definitivamente. Tem vários procedimentos para punir eventuais responsáveis.

JOC – Daí vem esse zelo nas investigações?

JESUS – Exatamente, porque isso não é normal. Estamos tentando ouvir todas as partes para que não se cometam injustiças ou erros. Então, neste momento, não podemos apontar causas e eventualmente culpados.

Relembre o caso

Um prédio de cinco andares que estava em construção desabou na Rua Frei Policarpo, 919, no bairro São Bernardo, em União da Vitória, por volta de 3h30 da madrugada do dia 17 de maio de 2017. Segundo vizinhos, um barulho forte foi ouvido no local. Os moradores saíram na rua para ver e encontraram o prédio em ruínas. Ninguém se feriu.

Conforme o engenheiro civil Rafael Malucelli, chefe da inspetoria do Crea de União da Vitória, na época, o edifício não possuía Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) específica de fundação. O ART é documento que todo serviço de engenharia precisa apresentar e que responsabiliza o técnico sobre o serviço executado. Dias antes do desabamento, operários trabalhavam com movimentação de terra no pavimento térreo, utilizando uma máquina tipo “pá carregadeira”, o que supostamente pode ter contribuído com a deterioração da estrutura. Um dia antes do desabamento, fotos apareciam em redes sociais questionando a fragilidade dos pilares de sustentação do prédio.