O debate sobre a violência contra mulher teve início nas Cidades Irmãs na noite de sexta-feira, 18, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (Fafiuv). A discussão foi marcada pelo II Seminário Regional de Combate à Violência contra as Mulheres.
O Seminário foi uma promoção do grupo feminista “Mais que Amélias”, da Fafiuv e também APP Sindicato. O objetivo foi debater sobre o tema e também, em conjunto, encontrar alguma forma para que a violência contra a mulher seja diminuída no Brasil, em especial na região.
De acordo com a acadêmica de Biologia da Fafiuv, Carolina de Lima Adam, o município é o 46º no ranking nacional de assassinatos contra a mulher. Esse número pode aumentar quando é contabilizada a violência física e psicológica. “Tem mulheres que são agredidas pelo marido e ainda continuam em casa, e muita gente diz “é só ela ir embora”, mas ela não tem emprego, não tem casa, não tem estabilidade e acaba ficando presa nessa realidade. A violência não é só física, também existe a psicológica”, completa Carolina.
Para dar sequência ao debate, na tarde deste sábado, 19, a partir das 14 horas, um grupo sairá da Praça Coronel Amazonas com bandeiras, cartazes e palavras de ordem contra a violência feminina. O grupo leva um nome muito conhecido no mundo todo, a Marcha das Vadias.
Essa será a primeira edição da Marcha em União da Vitória e Porto União. A intenção é fazer todos os anos. “O grupo Mais que Amélias junto com outras meninas estão promovendo a Marcha e a ideia é continuar todos os anos”, afirma Carolina.
A estudante de 20 anos também conta que com os altos índices de estupros, mortes e violência contra a mulher nas duas cidades é o motivo, mais que necessário, para que seja realizada a Marcha. “A Marcha das Vadias tem sempre um foco. O nosso, aqui na cidade, é marchar contra a violência da mulher”, completa.
Panfletos explicativos foram entregues durante a manhã de hoje e já ao meio dia a concentração começa. “Todos podem participar, homem, criança, idoso. Queremos todos, com respeito, nessa Marcha. É um evento familiar”, comenta Carolina. O grupo de cultura africana, Ekamba, também fará apresentações artísticas durante a caminhada.
Mas, para evitar problemas as organizadoras solicitaram a presença da Polícia Militar durante a caminhada.
Cautela
Devido as Cidades Irmãs estarem ainda sob o conceito de cultura tradicionalista, o grupo Mais que Amélias, criado em abril deste ano, estudou por muitos meses a possibilidade de realizar a 1ª edição da Marcha das Vadias nos municípios. “Conversamos com delegados e promotores para conseguir mais dados sobre essa violência na região”, diz Carolina.
Mas, além da Marcha, o grupo Mais que Amélias também tem um projeto que será realizado em escolas municipais. A ideia do projeto é levar a discussão da violência contra a mulher para dentro das salas de aula.
Marcha das Vadias
Teve início em 2011 em Toronto, no Canadá. Após um surto de estupros naquela cidade a Força Policial local resolveu, então, realizar uma palestra sobre o assunto. Durante a fala do chefe da Força, ele comentou que os estupros só haviam ocorrido devido à maneira como as meninas estavam se comportando e as chamou de “vadias”.
O discurso causou revolta entre as mulheres canadenses que logo saíram às ruas pedindo por mais segurança, independente do comprimento de sua saia. “Toda mulher merece respeito e merece ser protegida pela Polícia não importa a forma que ela se veste”, argumenta Carolina.