QUATRO DÉCADAS: tradicional loja de vime será fechada

Moradores de União da Vitória foram surpreendidos com a notícia da queima de estoque do artesanato; proprietário do estabelecimento Alzi Sérgio Carbonar não está bem de saúde

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Atualizado há 4 anos

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Queima de estoque dos produtos da tradicional loja de vime em União da Vitória.

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(Fotos: Wannessa Stenzel, em reportagem realizada em 2017)

A notícia deixou os moradores boquiabertos.

Líviti Cerri Carbonar foi quem divulgou a informação. Ela é filha do proprietário do estabelecimento Alzi Sérgio. Há 41 anos, ele ficou conhecido por comercializar artesanato de vime, chapéus e vassouras de palha. A empresa está desde a sua fundação no mesmo lugar; na rua Carlos Cavalcanti.

Porém, a tradicional loja de vime será fechada em 2020.

Alzi Sérgio não está bem de saúde. Em razão disso, o espaço será colocado para locação.


Uma loja um tanto quanto histórica

Em meio ao avanço da linha do tempo, com prédios modernos, movimento de carros e pedestres, o local passa quase despercebido.

A fachada é a mesma de anos atrás. A pintura borrada pela passagem do tempo demonstra a tradição de Alzi em expandir o comércio deixado pelo seu pai Sérgio.

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No local, tudo começou com um armazém. Depois, foram incluídos artesanatos confeccionados pela família de Alzi e de artesãos do Rio Grande do Sul.

“Eu cresci atrás desde balcão e vou morrer com um vime na mão”, contou Alzi, em entrevista realizada em 2017.

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Alzi está com 69 anos.

A loja leva o seu nome.

De acordo com ele, mesmo diante da modernidade dos utensílios domésticos, o vime ainda está entre os itens decorativos mais procurados pela população.

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Promoção

Todos os produtos ofertados na loja estarão com descontos. Os valores variam de R$ 2 a R$ 500 reais. O atendimento acontece aos sábados, das 9h às 12h, na rua Carlos Cavalcanti, n°420, em União da Vitória, próximo da agência da Copel.

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Vime

Na Antiguidade alguns escudos chegaram a utilizar este material, como no batalhão persa dos Imortais. Referências documentais dão conta de sua existência no Antigo Egito e seu uso é sugerido como tendo se expandido na Idade do Ferro, com grande influência no desenvolvimento da arte Céltica.

O vime esteve presente nos primeiros protótipos de balões e aviões, por seu baixo peso e resistência; nos balões, até em tempos atuais, é um dos materiais com os quais são confeccionados os cestos em que seguem os passageiros.


Nota da redação

Nem o tempo é capaz de apagar o momento exato da entrevista realizada com o senhor Alzi. O carro da reportagem parou em frente do seu estabelecimento comercial, bem na esquina da Rua Carlos Cavalcanti.

Era uma tarde ensolarada do dia 21 de março de 2017. Ele olhou desconfiado, e parado na porta de entrada, logo topou uma entrevista – na época para o Programa Sem Medo da Verdade, em sua 2ª edição, apresentado por Brittes Antonio Brittes.

Embora tímido e de poucas palavras, Alzi falou ao vivo na emissora. Do outro lado do rádio, Brittes fazia a interação.

– Eu conheço o Alzi, grande comerciante! Tem muita gente que compra o vime daqui e leva para outras cidades”, disse com seu alto tom de voz e empatia com o entrevistado.

Enquanto se ouvia o Brittes no retorno do rádio, Alzi balança a cabeça de um lado para o outro, concordando e cheio de empolgação com o assunto.

A reportagem ecoou na frequência da extinta 1070 AM, e repercutiu na internet, através do Portal Vvale.

Foi ali, por meios de vários comentários dos moradores, que Alzi constatou o quão conhecido é na cidade.

Nós, da redação, estamos na torcida pela sua recuperação!