Quem trabalha com moto pode ganhar até 30% a mais

Lei reconhece os riscos e assegura adicional. Atividade foi considerada perigosa

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Atualizado há 10 anos

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Motocicletas disputam espaço no trânsito: nas Cidades Irmãs, mais de oito mil estão em circulação. (Foto: Mariana Honesko).

Há uma semana, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que reconhece os riscos e assegura um adicional de perigo no salário de quem trabalha com moto. Todo profissional que usa o transporte para garantir o “pão de cada dia” terá direito ao incremento no final do mês. A medida vale para quem trabalha com carteira assinada mas não para quem atua na informalidade.

A motociclista Marinéia Terezinha Marques, de 44 anos, se encaixa neste perfil. Ela é autônoma há sete anos e não vê, para si, vantagem na nova legislação. “Mas para quem é registrado será muito bom”, sorri. Marinéia garante que o trabalho não é perigoso e se diz confiante para encarar uma jornada de até dez horas à bordo das duas rodas. Ainda assim, não deixa de cumprir seu próprio ritual diário de proteção. “Dobro meu joelho em casa, agradeço à Deus e sei que Ele já me livrou de muitos acidentes”, diz ela que jamais sofreu incidentes sérios.

O reconhecimento da periculosidade da profissão admite os riscos mas não os diminui. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Porto União, em média até dois acidentes envolvendo moto são registrados todos os dias nas Cidades Irmãs. Velocidade alta, flexibilidade no trânsito e uma frota considerável, contribuem para o índice. Dados do Departamento de Trânsito do Paraná e de Santa Catarina confirmam a procura cada vez mais pontual pelo transporte em União da Vitória e Porto União. No lado paranaense, até abril deste ano, a cidade registrava 4.904 motos. No lado catarinense, o número é um pouco menor: até maio, rodavam no município 3.295 motos. O aumento, em média, é de cinco novas motocicletas por mês em cada cidade.

No país, outras reivindicações da categoria devem ser debatidas. A profissão passa por um processo de crédito. Ela foi regulamentada em 2012, quando exigiu dos motociclistas o cumprimento de uma série de regras. Entre elas, idade mínima, a posse de habilitação para carros e presença em cursos de capacitação.

Acidente com moto é problema para segurança de trânsito

Dados levantados pelo Vias Seguras garantem que por ano, cerca de 13 mil mortos e 50 mil feridos fecham a conta dos acidentes envolvendo motocicletas. O Ministério da Saúde endossa a pesquisa e mostra que o número de mortes em acidentes com motos aumentou 263,5% entre os anos 2001 e 2011.

Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), foram 11.268 mortes no país em 2011 e 3.100 em 2001.