“ME RESPEITA EIN”: Mais que Amélias completa 7 anos de atuação

Iniciativa feminista cria uma rede de pesquisadoras e profissionais que atuam na prevenção e combate das violências contra as mulheres no Vale do Iguaçu e região

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Atualizado há 4 anos

À musa estuprada

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(Reprodução: O rapto das Sabinas, pintura de Nicolas Poussin)

Na favela, ou presidenta,

No congresso, ou no lar…

Há uma ferida nojenta

Há uma mulher a sangrar!

A mulher torturada,

Depois impedida.

A mulher estuprada,

Depois esquecida.

A mulher excluída,

Se não for recatada.

A mulher ofendida,

Se não for calada.

 A mulher minha mãe,

A mulher minha irmã,

A mulher é culpada

Porque ela se expõe.

 A mulher sufocada

De vestido na igreja,

De saia comprida,

Na burca escondida.

É sempre a culpada,

É sempre a acusada,

É sempre a julgada,

É sempre a safada!


Trechos de ‘À musa estuprada’, escrito em 2016, por Dora Incontri, apresenta indignações tão profundas, que expressas em poesia, questionam:

Onde estamos? Retrocedemos séculos? Ou essas camadas obscuras, nauseantes da sociedade não estavam tão visíveis?

Questionamentos como esses percorrem o País todo e no Vale do Iguaçu não é diferente.

Em 21 de março de 2013, o Coletivo Feminista Mais que Amélias criou uma rede de pesquisadoras e profissionais que atuam na prevenção e combate das violências contra as mulheres. O coletivo completou – em 2020, seus sete anos região Sul do Paraná.

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(Fotos: Arquivo Pessoal)

De acordo com a historiadora, professora e educadora social do coletivo, Thais Bieberbach, o projeto contempla diferentes ações, tanto na área urbana, quanto na rural.

“Experiências, diálogos, pensamentos, sonhos e esperança alimentaram a criação do projeto. A preocupação foi com o debate sobre o mapa da violência no Paraná em 2012 e, que colocava União da Vitória entre as cinco cidades mais violentas do Estado para as mulheres viverem”, conta.

 

Ouça

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Instituto Rosas do Contestado

A historiadora comenta que o Coletivo Mais que Amélias se dedicou também a criação do Instituto Rosas do Contestado (INROC).

Conta que é uma Organização sem fins lucrativos comprometida com enfrentamento das violências praticadas contra populações vulneráveis, especialmente mulheres e crianças, bem como contra a natureza.

Thais explica que o projeto contempla palestras e oficinas de formação, em parceria com as escolas atendidas pelo Núcleo Regional de Educação (NRE) de União da Vitória, também em Porto União e região.

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“No Instituto Rosas do Contestado nos dedicamos a estudar e aprofundar os conhecimentos sobre o machismo em nossa sociedade, o qual se reflete nas violências praticadas contra mulheres, crianças e a natureza”.

O projeto busca também o diálogo com agentes e instituições públicas a fim de unir esforços no enfrentamento da violência e propor políticas públicas e ações relevantes.

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No Brasil

Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que houve aumento de feminicídio no mês de março de 2020. O lugar mais perigoso é dentro de casa. Faz três anos que o número de registros de assassinatos de mulheres pelos parceiros cresce no Brasil.

É por isso que os especialistas em segurança pública estão certos de que o isolamento domiciliar não é a causa dessa violência. Nesse momento, as mulheres que já sofrem com relacionamentos abusivos correm mais perigo porque não estão conseguindo escapar do agressor.