Há 80 anos chegava a Porto União um representante da Igreja Metodista, o Reverendo Daniel Landers Bett.
Bett veio dos Estados Unidos da América no Natal de 1932 e trouxe em sua bagagem o amor pelo Escotismo. Lá na América do Norte a prática já estava bem fundamentada, mas aqui no Brasil ainda não.
E tomado pelo amor aos métodos do escotismo é que o reverendo Bett deu uma função ao seu colega também reverendo Walter Herbert Gorsuch, para formar um grupo de escoteiros na região.
E logo em fevereiro de 1933, mais exatamente em 5 de fevereiro daquele ano, Walter Herbert criou o primeiro grupo em Porto União, o Grupo Escoteiro do Iguaçu.
Formado por Gorsuch, Landers Bett e seus dois filhos João Nelson e Billy, o grupo passou os primeiros meses apresentando suas práticas e métodos para a comunidade. E logo começaram a surgir integrantes novos. Até que o grupo tomou forma com 16 meninos, que divididos em duas equipes realizavam trabalhos manuais e em madeira além da prática do escotismo.
“Os reverendos davam aulas de natação no Rio Iguaçu, em um lugar chamado Pedreira, e aquilo aumentava ainda mais a curiosidade das crianças, e assim o grupo foi aumentando”, completou o diretor-presidente do Grupo Celso Moreira de Castilho.
Entre maio e junho de 1394 a primeira sede do Grupo foi construída. Localizada atrás da Igreja Metodista de Porto União.
De acordo com Castilho hoje o Grupo é um dos mais antigos do Estado de Santa Catarina e também do Brasil. “Desde os primórdios dos Escoteiros que existe o Grupo Iguaçu”, disse.
O Grupo Escoteiro Iguaçu é o mais antigo em atividade no estado de Santa Catarina e um dos mais antigos do Brasil. O Grupo não trabalha apenas em Porto União ou União da Vitória, vários de seus integrantes são de outras cidades, como General Carneiro, Bituruna e São Mateus do Sul.
Hoje, segundo Castilho, 30 milhões de pessoas fazem parte do Escotismo. No Brasil cerca de 70 mil pessoas seguem o Movimento. “É uma boa fatia da humanidade, mas no Brasil ainda somos um grupo pequeno, infelizmente.”
Escotismo
O Escotismo foi criado por Lorde Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, em 1907, é um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidário, sem fins lucrativos. A sua proposta é o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornar-se um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina.
Todos que entram para os Escoteiros devem fazer uma promessa, que consiste no embasamento moral do Movimento Escoteiro. Durante a promessa os integrantes comprometem-se voluntariamente a conduzirem-se de acordo com a orientação moral do Movimento, reconhecendo a existência de deveres que têm de ser cumpridos. Ao total são sete, que vão desde o dever para com Deus independente da crença ou vivencia com a Fé; dever com a comunidade; educação pela ação, contato com a natureza até a concepção de objetivos e enquadramento imaginário das atividades jovens.
No Brasil as práticas chegaram em 1909 com a ajuda de uma revista de circulação nacional a qual trazia em três páginas e com sete fotos o que era ser um Escoteiro. Na época o grupo chamava-se “Scouting for Boys”. Quem escreveu o conteúdo foi o próprio Baden-Powell direto da Inglaterra. País onde surgiu o Movimento.
Festa de Comemoração
Neste sábado, 11, no CTG Fronteira da Amizade será realizado um jantar em comemoração ao octogenário do Grupo. “Será um reencontro para muitos, está vindo gente de Curitiba, São Mateus do Sul, Florianópolis, Joinville, só para prestigiar. Vai ser emocionante, único”, contou Celso.
Segundo o diretor-chefe do Movimento em Porto União, cerca de 700 pessoas irão comparecer ao jantar. Ele confessa que por conta do Dia das Mães alguns não poderão prestigiar mas “não podemos conciliar com todos.”
O evento terá início às 20h, e a data 11 de maio, você deve estar se perguntando, não era em fevereiro? Pois bem, Celso Castilho disse que a escolha da data é devido as festas que ocorrem em fevereiro. “Em fevereiro nós concorremos com Carnaval e férias, em maio não temos tanto problema. Então escolhemos esta data como comemorativa, apenas.”
Livro
Durante o resgate de imagens para produzir um documento sobre os 100 anos de escotismo em Santa Catarina e 80 anos do Grupo Iguaçu, Celso descobriu várias histórias que aconteceram em acampamentos dos Escoteiros. Também conheceu ex-membros do Grupo que hoje levam seus netos para participar do Movimento. E em virtude disto Celso decidiu que vai criar um livro sobre a história dos Escoteiros em Porto União. “Não sabíamos quem participou há 40 anos do Grupo, e quando eu fui buscar mais sobre a nossa história descobri personagens incríveis, acho que isso merece um livro. O nosso Grupo precisa registrar a trajetória desde 1933 e temos subsídio suficiente para isso”, finalizou.
A produção do livro deve iniciar ano que vem, mas antes o Grupo Escoteiro Iguaçu estará nas páginas do livro do centenário do Movimento em Santa Catarina. A obra “Centenário do Escotismo em Santa Catarina” foi escrita por um amigo de Celso, Nilson Thomé.
