Sonho de irmãos é passear mais

Adolescentes com paralisia acreditam que novas cadeiras de rodas trarão mais mobilidade. Lions Clube Cidade Amiga organiza campanha

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Família se mantém unida pela causa e campanha é pelo conforto das crianças
Família se mantém unida pela causa e campanha é pelo conforto das crianças

Ele tem 14 anos. Ela, 12. São irmãos e assim, compartilham muito mais do que o gosto parecido ou a cumplicidade nas brincadeiras. Wagner Gustavo nasceu com paralisia cerebral. Por conta disso, não anda, não fala. Mas sorri, de tudo acha graça. Maria Eduarda tem mais facilidade. Fala bem, é dona de um vocabulário rico e de uma dicção impecável. Não tropeça em verbos e emociona sua família quando revela seu sonho profissional. “Vou estudar e ser juíza”, diz a aluna do quinto ano da escola Nilo Peçanha, do bairro Vice King, em Porto União.

A história dos irmãos poderia ser mais fácil e a certeza que eles têm é que essa transformação depende apenas de um par de cadeiras de rodas. Conforme a família, as que os adolescentes usam são antigas, doadas há anos e já não atendem mais as necessidades deles. Ambas são menores que os adolescentes e o conforto cada vez menos presente. Além disso, as rodinhas pequenas dificultam a locação. Para ir à escola, Maria depende da ajuda do pai, Eduardo Wagner, o chapeador que ajuda no sustento da família. “O Wagner vai para a Apae e fica mais fácil porque o ônibus pega ele em casa mesmo, todo dia. A Maria precisa ir de carro”, explica a mãe, Maria Estela Pereira, de 34 anos.

A família mora no bairro Rio d’Areia, em uma rua de divisa de municípios. Estreita, de chão batido, a via inviabiliza a locomoção das crianças. Por isso, mesmo estudando há duas quadras de casa, Maria precisa ir de carro. Não raro, é a avó que empurra a menina “ladeira acima”. Nos finais de semana, não há passeios, nem visita à casa dos amigos. “Eu queria passear mais, sair”, sorri a adolescente. O endereço exigiu mudanças. Estela e o marido tem sua própria casa mas, para atender melhor as crianças, migraram para a casa de dona Dirce, avó materna dos adolescentes e de seus outros dois irmãos, Gabriel, de 16, e Júlia, de 5 anos. “Então, moramos em nove aqui”, sorri Estela, somando seus pais à conta e à vida bem unida. É uma bagunça organizada: o imóvel tem sala ampla, é arejado, limpo e cheio de amor. “As crianças são tudo para gente”, diz Estela.

Sonho de Maria Eduarda é simples: ela quer passear mais e ter liberdade com sua nova cadeira de rodas
Sonho de Maria Eduarda é simples: ela quer passear mais e ter liberdade com sua nova cadeira de rodas

O sonho dos irmãos pode estar perto da realização. O Lions Clube Cidade Amiga, de Porto União, conheceu a história deles através de duas professoras de Maria. Logo, se sensibilizou e abraçou a causa. “A Maria Eduarda está com esta cadeira há sete anos. Mas é um equipamento que já está velho, um pouco estragado. Não tem mais condições. As crianças estão crescendo e fica mais difícil para se locomover”, comenta Regina Ana Vozniak Ferreira, professora da adolescente desde o primeiro ano. Ela tentou outros contatos antes de chegar ao Lions. Mas, a demora para a entrega da cadeira e a limitação de sua estrutura a fez desanimar e recuar do pedido. Logo, o clube local foi lembrado.

Conforme o Lions, a campanha social promove a aquisição de uma cadeira especial para Maria, já que ela frequenta a escola e depende de transporte particular. A cadeira é feita sob medida e garante mais segurança e autonomia às manobras. Estima-se que a ideal para as necessidades da garota custem cerca de R$ 5 mil.

Irene Weber, membro do Lions, auxilia na organização da ação social em prol dos netos de dona Dirce. Conforme ela, parceria com o Clube Náutico pode garantir a arrecadação dos recursos. “Foi uma harmonização das vontades”, sorri Irene. Ainda não tem data marcada mas um jantar beneficente, em prol de Maria Eduarda, será realizado. A expectativa é boa e a aposta pela realização de um sonho, motiva a organização do evento.

Cadeira de Rodas - CAPAPara ajudar

O telefone de dona Dirce é o 3523-2987. Ele pode ser acessado para mais informações sobre o caso de Maria Eduarda e do que, de fato, ela precisa. O Lions Clube Cidade Amiga também está disponível para esclarecer dúvidas.