Tecnologia a favor da produção de peixes

Novos projetos já impulsionam atividades no Centro de Piscicultura de União da Vitória

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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Centro mantém 35 tanques para criação e reprodução dos peixes

Os especialistas ainda não conseguem dizer em quanto tempo o retorno do investimento será palpável. Sabem, por outro lado, que a criação e reprodução de peixes vivem um novo momento. Na prática, a proposta deve beneficiar os piscicultores de União da Vitória e dos municípios vizinhos com peixes de qualidade, de espécies de boa adaptação e resistência. O cenário é inovador e apoiado pelos governos Municipal e Estadual, bem como com entidades especializadas.

A transformação já é assistida. Ela ocorre no Centro de Piscicultura, às margens da BR-153, em União da Vitória. Criado há mais de duas décadas, ele nasceu para facilitar o acesso de matéria-prima aos criadores de peixe. Estabilizado desde então, o centro mudou e, há dois anos, é mais do que um ponto de venda para os produtores. “Temos agora um Centro de Estudo, Pesquisa e Extensão em Aquicultura”, indica o técnico da Emater de União da Vitória, José Carlos Schipitoski. A transformação é fruto de novas parcerias que, dessa vez, envolvem institutos de piscicultura de outras cidades e universidades. A gestão do novo modelo é do Instituto de Ensino, Pesquisa e Prestação de Serviços da Unespar. “A proposta é educativa e todas as pesquisas feitas são direcionadas para os produtores da região”, enfatiza.

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Marlos, acadêmico de Veterinária, assiste a gestão e venda das espécies

Na estrutura, pouco mudou. O Centro de Piscicultura mantém em funcionamento seus 35 tanques mas deu ritmo novo ao laboratório de reprodução dos peixes. Por lá, quatro “tamanhos” de peixes – os alevinos, ainda em desenvolvimento – e quatro espécies, são oferecidas. O técnico agrícola Marlos de Bastiani, acadêmico de Veterinária da Uniguaçu, recebe os visitantes e assina a manutenção do espaço. Conforme ele, em média, por mês, cerca de 50 mil alevinos são produzidos. “E já vendemos cerca de 260 mil desde outubro do ano passado até agora”, conta. Além de União da Vitória, o município de Cruz Machado se destaca na compra e produção.

Mas, seja qual for o destino dos peixes, a nova gestão sinaliza vocação para auxiliar quem realmente precisa. Para demonstrar com mais realidade os limites do ramo, duas unidades experimentais foram montadas. Uma delas fica no próprio Centro de Piscicultura. A outra, na propriedade de Carlos Fersch, na colônia Rio Vermelho. Em ambas, os técnicos da Emater testam o potencial dos tanques, rações e desenvolvimento das espécies. A meta é aumentar a quantidade de peixes criados na bacia local. “Hoje temos cerca de 200 gramas por metro quadrado de lamina da água. Queremos chegar as 500 gramas”, sorri Schipitoski. “Queremos divulgar o rendimento, custo e mostrar que é viável produzir mais”, indica. Como exemplo, o técnico aponta o que já conseguiu o município de Maripá (PR), cuja produção é de dez quilos por metro quadrado.

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Entidade dispõe de quatro tamanhos e três variedades de peixe

A transformação, que deve aproveitar os recursos naturais e a vocação de poucos, mas bons produtores de peixe, envolve ainda a revitalização dos viveiros, as áreas desabilitadas em União da Vitória. Para isso, a prefeitura já comprou maquinário especial, próprio para o conserto de tanques e terrenos. A criação de uma câmara setorial, para discutir ações para o setor e cuja direção será dos piscicultores, também já foi colocada na lista de projetos. Endossa a pauta, ainda, a permanência do peixe produzido na região no prato das crianças. No ano passado, o produto entrou na merenda escolar da rede municipal. “E para este ano a segunda compra foi acertada”, anuncia Schipistoki. “Assim, a gente vai fechando a cadeia produtiva no município”, sorri.

Jantar com peixe à mesa

Na tentativa de incentivar ainda mais o consumo do peixe, entidades agrícolas, prefeitura de União da Vitória e a Unespar, promovem no sábado um jantar especial. O cardápio tem o peixe como prato principal e inova ao oferecer, entre outras iguarias, a lasanha e o pirão feitos com o produto. O evento é um incentivo ao consumo e compõe o calendário de atividades para o aniversário de União da Vitória. Os cartões já estão à venda. Eles custam R$ 20. O jantar será no salão paroquial da igreja São Basílio Magno. Outras informações no IEPS, da Unespar, secretaria da Agricultura e Emater.

Fotos: Mariana Honesko/Jornal O Comércio