Trevo de Paulo Frontin: outra jabuticaba brasileira

Má sinalização, orientação de acesso, mureta no meio da pista e riscos de acidente são apontados por usuários da rodovia

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Atualizado há 3 anos

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(Ricardo Silveira)

O que chegou para agilizar, com o passar do tempo gerou transtornos e até prejuízos. O Trevo de acesso à cidade de Paulo Frontin, na intercessão das rodovias BRs – 476 e 153, readequado em 2018, de lá para cá, registrou acidentes e dificuldades de entendimento dos usuários na sinalização da via. Isso fica mais evidente quando motoristas de outras regiões são pegos de surpresa.

Até então, a passagem na intercessão se deva por uma rotatória. Com a readequação, foi implantada uma espécie de mureta no meio da via, indicando a possibilidade de acesso à Paulo Frontin ou sentido São Mateus do Sul e União da Vitória.


Paro ou sigo?

No caso, quem avança de União da Vitória a São Mateus do Sul é necessário acessar uma segunda pista à direita para seguir viagem. Por outro lado, os condutores que precisam deslocar para Paulo Frontin seguem pela pista principal da BR – 476.

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(Ricardo Silveira)

É aí que surge o transtorno; pois é necessária uma parada no meio da pista, para que os veículos que fazem o sentido contrário (São Mateus do Sul / União da Vitória) possam passar. Enquanto aguarda essa passagem, o trânsito que está vindo atrás, fica travado.

Já para os usuários que desejam seguir para Paulo Frontin e, involuntariamente utilizam a via lateral, não conseguem corrigir a conversão, por conta da mureta, necessitando seguir pela rodovia até encontrar um ponto de retorno.


Acidentes

Após a readequação, outro aspecto que chama a atenção foram os registros de acidentes no trecho. Usuários e moradores da região apontaram a sinalização como fator determinante para os casos, que até então, resultaram em danos materiais, sem vítimas fatais.

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Foto: Reprodução

Exemplos como o registrado na noite de 24 de julho de 2020, quando uma carreta Scania tombou no trevo. O motorista foi encaminhado para o hospital São João Batista, em Paulo Frontin, com ferimentos leves. Na época, informações apuradas pela reportagem, apontaram que o motorista perdeu o controle da direção ao tentar desviar a mureta que divide as pistas do trevo. Naquela ocasião, a sinalização foi apontada como deficitária por usuários que presenciaram o acidente.

Outra situação aconteceu em 17 de setembro de 2020, quando uma carreta Mercedes Benz subiu na mureta. Apesar do susto, o motorista não teve ferimentos.

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Foto: Portal ClickSul News

“A noite fica difícil visualizar a mureta no meio do asfalto”

A professora Lindamir Freyhardt, que mora em frente do Trevo de Paulo Frontin, reforça a preocupação de usuários e moradores. Alerta para o intenso movimento de veículos, falta de uma clara sinalização no local e iluminação noturna.

“A noite fica difícil visualizar a mureta no meio do asfalto”, define.

Lindamir aponta ainda que o desconhecimento do trecho confunde os motoristas.

“Esbarrões acontecem no local porque muitos não conhecem o trajeto e se perdem por causa da mureta; não sabem para qual lado seguir, se param ou seguem”, diz.

A falta de um acostamento dificulta também o acesso de veículos de grande porte à uma empresa de produtos agrícolas de Paulo Frontin, gerando até congestionamento.

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(Dnit)

A escrevente de Cartório, Débora Chilanti, de 33 anos, natural da região, compartilha da opinião sobre os riscos de trafegar no trecho. Seu local de trabalho fica próximo ao Trevo.

“Sei que derrubar tudo é inviável, mas acredito que o mínimo de sinalização e iluminação serão adequados. Durante a noite e com a chegada do frio e da neblina, acessar o trevo é complicado”, afirma.

Segundo ela, quando não ocorrem os acidentes, o susto é grande. “Buzinas e manobras indevidas são recorrentes”.


Obra

A readequação do trevo iniciou em abril de 2018. Para autoridades da época, em abordagens da imprensa regional, a obra era vista como importante para toda região em termos de infraestrutura e agilidade no tráfego.

O valor orçado naquele ano foi de R$ 1,1 milhão, com recursos federais, através do então deputado Sandro Alex (PSD) e apoio do deputado estadual Hussein Bakri (PSD).

O trecho contava com uma rotatória que direcionava os usuários com acesso a Paulo Frontin e passagem para União da Vitória ou São Mateus do Sul. Além da sinalização com a mureta, o local dispõe de Fiscalização Eletrônica, com limite de velocidade de 60 quilômetros por hora.


O que dizem as autoridades

O atual prefeito de Paulo Frontin, Jamil Pech (MDB), após reinvindicações da comunidade em seu gabinete, encaminhou no 23 de fevereiro deste ano, o ofício nº 053/2021, direcionado ao deputado estadual e líder do Governo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Hussein Bakri, solicitando uma solução para amenizar os problemas apontados no trecho.

Na mesma ocasião, foi encaminhado o ofício nº0105/2021, para o agora Secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex.

“Espero que o problema seja solucionado, pois foi uma obra malfeita e que aconteceu no passado”, diz Pech.

(Ricardo Silveira)
(Ricardo Silveira)

O prefeito sugere alternativas na melhoria do trecho, como retornar à sinalização anterior.

“Acredito que deveria ser retirada a mureta e retornar com uma rotatória. Também melhorar a sinalização e a iluminação”.

A reportagem, em contato com Hussein Bakri, confirmou o recebimento do ofício do prefeito de Paulo Frontin e, disse que por se tratar de um trecho de responsabilidade federal, o Estado não teve influência sobre a obra de remodelação feita em 2018.

Segundo o deputado, o projeto foi desenvolvido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

“Obra que não solucionou os problemas pelos quais a comunidade segue reclamando. Há alguns dias, o prefeito Jamil enviou um ofício ao meu gabinete alertando para a necessidade de uma nova readequação e sinalização no trevo. A medida é necessária para garantir trafegabilidade e segurança aos motoristas, diante do alto número de acidentes que continuam acontecido ali. Já encaminhamos o pedido ao Dnit por meio da Secretaria de Estado da Infraestrutura. Como envolve uma rodovia federal, as questões técnicas e a definição de como a obra será feita cabem mais uma vez ao setor de engenharia do órgão federal e à empresa responsável pela manutenção desse trecho da rodovia”, pontuou.


O que diz o Dnit

A reportagem entrou em contato com o Núcleo de Comunicação Social da Superintendência Regional do DNIT do Paraná. A reposta veio por e-mail, no fim da tarde da sexta-feira, 16.

O órgão posicionou que a “readequação no trevo de Paulo Frontin foi executada mediante o contrato SR/PR-0251/2016-00, celebrado com a Empresa Neovia Infraestrutura Rodoviária Ltda, dos Serviços de Manutenção (Conservação/recuperação) Rodoviária executados na Rodovia BR-476/PR entre São Mateus do Sul – União da Vitória, e na rodovia BR-153 entre a PR-160 (Paulo Frontin) ao entroncamento com a BR-476”.

O Dnit enfatizou por meio da nota que o local tem boa sinalização, contanto com fiscalização eletrônica. A velocidade máxima permitida para o local é de 60 km/h, nesta velocidade, segundo o órgão, é possível desviar ou observar, de longe, qualquer eventual problema na pista.

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(Dnit)

Segundo o departamento, os acidentes registrados no local são reflexos do não cumprimento da velocidade estabelecida.

“Se os motoristas conduzissem os veículos na velocidade regulamentar para o segmento, as possibilidades de acidente seriam substancialmente reduzidas. Em dias de direção de veículos em condições adversas, tais como chuvas, a velocidade precisa ser diminuída e a atenção dos motoristas redobrada. Uma vez que os motoristas reduzissem a velocidade no segmento, de acordo com a sinalização regulamentar existente, a possibilidade de acidente seria, em muito, diminuída”, diz a nota.


Mureta na pista

O projeto, conforme o Dnit, teve o objetivo de facilitar a conversão de veículos, com a implantação de uma mureta em meio a pista no entroncamento das rodovias das BR-153 e 476.

“Ideia principal foi facilitar a conversão à esquerda dos veículos de Paulo Frontin em direção a Curitiba, dividindo o fluxo, uma vez que o usuário não tinha visibilidade suficiente para realizar a conversão com segurança”.

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(Ricardo Silveira)

Mudança no trecho?

As condições de trafegabilidade na rodovia BR-476, entre União da Vitória e São Mateus do Sul, foram motivos de manifestações de usuários do trecho, devido irregularidades na pista. Autoridades políticas regionais se mobilizaram junto ao Dnit para viabilizar melhorias na via em projeto ainda a ser definido. Essas melhorias contemplam o Trevo de Acesso à Paulo Frontin, no entroncamento com a rodovia BR-153.

“Uma nova readequação do trevo já está em estudo pelo DNIT e, será proposta no novo projeto de restauração do trecho, entre São Mateus do Sul e União da Vitória, sendo que o DNIT irá reestudar o local sem a necessidade de consulta pública no momento”, finaliza a nota.


Fiscalização Eletrônica

Sobre as multas que são aplicadas nas rodovias federais, o Dnit informou que o montante gerado é direcionado para o caixa da União onde é aplicado em segurança viária, educação e serviços de engenharia. O valor restante retorna para os cofres da União.

  • BR 476, Km 325,7 – Paulo Frontin: (dados de janeiro e fevereiro/2021): média mensal: 701 multas válidas
  • BR 476 Km 325,17 – Paulo Frontin: (dados de janeiro e fevereiro/2021): média mensal: 183
  • BR 153 Km 404,08 – Paulo Frontin: (dados de janeiro e fevereiro/2021): média mensal: 161
(Dnit)
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